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Aramis

Poucos lembraram-se dos 50 anos de Noel

Como Hermínio Bello de Carvalho, diretor da divisão de música popular da Funarte, não pode desenvolver um projeto para marcar os 50 anos da morte de Noel (Medeiros) Rosa (Rio de Janeiro, 13.12.1910-04.05.1937), a data acabou praticamente passando com poucas comemorações. Sempre que Hermínio cuida de uma efeméride ligada a alguma personalidade da MPB resultam livros, conferências, exposições e, sobretudo, uma grande repercussão. Infelizmente, por razões que deconhecemos, os 50 anos da morte de Noel não tiveram a devida lembrança que mereciam, haja visto a importância do "Poeta da Vila" no cancioneiro brasileiro. Uma das mais simpáticas homenagens foi a do grupo MPB-4, que há dois anos sem apresentar-se, voltou no dia 15, sexta-feira (portanto dez dias após o aniversário de morte de Noel) para apresentar o espetáculo "Feitiço Carioca", no Botecoteco, justamente na Vila Izabel, onde nasceu, viveu e morreu o poeta. Rui Faria, explicou porque escolheu aquele local para estrear o show - que talvez seja levado a outras cidades (Curitiba, por enquanto, não foi ainda cogitada). - "Escolhemos a Vila Izabel porque o espírito de Noel continua em suas ruas e praças, escorado nos balcões de seus bares. Por aqui sobrevive uma característica boêmia que o carioca há muito perdeu." xxx O jornalista João Máximo, 50 anos, do "Jornal do Brasil", que em parceria com Carlos Didier (do grupo Coisas Nossas) há anos trabalha em pesquisas sobre a vida e obra de Noel Rosa (do que já resultaram dois discos com suas obras inéditas, pelo selo Eldorado) ainda não pode ser lançado o livro "Noel Rosa, uma Biografia", no qual pretende trazer novas informações à vida de Noel. O professor Alceu Schwaab, incansável pesquisador e que atualmente conclui um estudo sobre todos os artistas que passaram pelo Cassino Ahu, pretende também pesquisar melhor a passagem de Noel Rosa por Curitiba, em junho de 1932. Almirante (Henrique Foresi Domingues, 1908-1980), em seu "No Tempo de Noel Rosa" (Livraria Francisco Alves Editora, 228 páginas, segunda edição lançada em 1977) dedica apenas três linhas a passagem de Noel por Curitiba. Aliás, a temporada no Sul foi complicada: em março de 1932, Francisco Alves (1898-1952) apresentou-se no Teatro Santana de São Paulo, com o grupo chamado "Os Ases do Samba", do qual faziam parte Noel, Mario Reis (1907-1981) e Lamartine Babo (1904-1963). O sucesso animou ao "Chico Viola" a fazer uma temporada no Cine-Teatro Imperial, em Porto Alegre, onde estréia foi marcada para 8 de abril. Entretanto, houve dificuldades e somente a 29 de abril, desembarcaram do Itaquera, da Costeira, em Porto Alegre, Francisco Alves, Mario Reis, Noel, Peri Cunha e Nonô, conforme registrou o "Correio do Povo". A temporada no Teatro Imperial foi tão bem sucecida que o grupo estendeu sua permanência: fizeram mais 3 apresentações no Cine-Teatro Carlos Gomes (dias 6 a 8 de maio) e foram ainda a Caxias do Sul, São Leopoldo, Cachoeira do Sul, Pelotas e Rio Grande. Durante a temporada, Noel e Nonô moravam na Pensão Mangache, na Rua Nova, e após os espetáculos permaneciam no Clube Jocotó, espécie de dancing. Ali Noel, eterno romântico, apaixonou-se por uma bailarina e durante a viagem de volta, saudoso, compôs em sua homenagem "Até amanhã", um dos clássicos de seu repertório. Conta Almirante: "Depois apresentaram-se em Florianópolis num único dia (domingo, 05.06.1932) no Cine Glória, às 14,16,19 e 21 horas. Em seguida, no Teatro Palácio, de Curitiba, permaneceram três dias encerrando a excursão." Nenhum detalhe maior, inclusive em relação a data. Supostamente, o grupo, viajando de navio, desembarcou em Paranaguá. Para esclarecer esta passagem da vida artística de Noel - sem informações no livro de Almirante e ignorada em "O Canto da Vila", de Jacy Pacheco (Edições Minerva, 167 páginas, 1958),o professor Schwaab, promete usar suas horas de folga para pesquisar antigas coleções de jornais e, se possível, colher depoimentos com pessoas que tenham assistido Noel Rosa no palco do antigo Palácio. Qualquer pista, ele agradece em nome da memória musical! LEGENDA FOTO - Noel: lembrado em fita.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
23/05/1987

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