Presidencialismo, guerra & dívidas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de novembro de 1984
Numa época em que mais do que nunca se discute o poder presidencial, a edição de "A Monarquia Presidencial" de Hindemburgo Pereira Diniz (Editora Nova Fronteira, 443 páginas) surge no momento certo.
O respeitadíssimo analista político Carlos Castello Branco afiança que poucas vezes um tema terá sido entre nós tão bem pesquisado, analisado e exposto quanto ao sistema presidencial de governo adotado pelas diversas constituições republicanas, como faz Pereira Diniz, neste seu livro. Dissecando, do ponto-de-vista histórico, de ciência política e de filosofia do direito, a evolução que nos conduziu a essa "monarquia presidencial" que por equívoco importamos dos EUA, o autor mostra um amplo e universal de conhecimento do problema "e ele deixa claro que a linha evolutiva do aperfeiçoamento das instituições políticas está na Inglaterra e não nos EUA, que reduziram o termo um estágio do sistema inglês, gerando, por ausência de uma dinastia, um tipo de governo monárquico no qual periodicamente se substitui o monarca". Ainda citando Castello Branco: o livro de Hindemburgo Pereira Diniz, na medida em que é pioneiro, tende a ser também um clássico do pensamento político, jurídico e historiográfico voltado para as questões institucionais. Sua oportunidade é óbvia na hora em que a nação se prepara para refazer sua Constituição, tendo o momento propício para corrigir um erro histórico.
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O mundo inteiro vive hoje em estado de emergência ditado pela velocidade da máquina-de-guerra, o que torna urgente o questionamento da ciência e da tecnologia e de sua relação com o poder militar. É isso que faz Paul Virilio em "Guerra Pura - A Militarização do Cotidiano" (Editora Brasiliense, 160 páginas, Cr$ 6.500,00).
Breve, ágil e controvertido, "Guerra Pura" é organizada em forma de entrevista feita por Sylvere Lotringer. Virilio põe em destaque justamente aquilo que estamos vivendo aqui e agora: a guerra permanente imposta pela velocidade tecnológica que já se mostra incompreensível ao homem e, portanto, incontrolável. A preocupação básica de Virilio poderia se resumir assim: precisamos parar para refletir sobre a lógica que faz a tecnologia estar acima de tudo, até das próprias decisões dos homens. "Guerra Pura" é um livro incomum, pois é assustador e desafiante. Seu autor é arquiteto e urbanista dedicado ao estudo dos fenômenos da tecnologia e da guerra. Praticamente desconhecido no Brasil, é um dos mais destacados teóricos dos movimentos ecológicos e pacifistas que vêm empolgando multidões crescentes na Europa e EUA. Sylvere Lotringer, que o entrevista, é francês, professor da Universidade de Columbia e editor da revista novaiorquina "Semio-text", que liga correntes do pensamento francês aos meios universitários "radicais" dos EUA.
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O aprofundamento da dívida externa junto ao sistema financeiro internacional constitui um acontecimento marcante na evolução recente da economia brasileira. A dívida a partir do impulso experimentado no inicio da década de 70, apresentou um crescimento explosivo que teve como conseqüência a crise que vivemos. "Dívida Externa e Política Econômica - A Experiência Brasileira nos Anos Setenta" de Paulo Davidoff Cruz (Editora Brasiliense, 196 páginas, Cr$ 8.000,00) analisa as razões do crescimento da dívida, no período que vai do "milagre brasileiro" à recessão dos anos 80, dando atenção especial ao exame das relações entre a política econômica executada pelo governo brasileiro e a evolução do endividamento externo. Paulo Cruz é economista formado pela USP e doutorado pela UNICAMP. Atualmente é professor de Macroeconomia e de Economia Brasileira do Instituto de Economia da Unicamp.
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