Login do usuário

Aramis

Sade, o indignado com desperdícios oficiais

Mais do que um artista de sensibilidade experiente marchand-de-tablaux, pioneiro no mercado da galerias em Curitiba nos anos 70 - Jorge Carlos Sade, 52 anos, é um observador atento das coisas da cidade. Independente, ferindo, sem papas na língua, o chamado "Marquês de Sade" tem sido um vigilante defensor das coisas & tradições, apontando aquilo que julga errado numa coragem que merece respeito, especialmente nesta época de bajulações e mentiras. xxx Impressionado com as crianças abandonadas e que perambulam pelas ruas da cidade - e revoltando-se com as campanhas promocionais que o governo do Estado tem feito, Jorge Sade gostaria de saber quanto custou a produção das peças para a campanha que a Provopar está veiculando nas televisões e rádios da cidade. Mesmo reconhecendo o alto nível das mesmas - e a colaboração dos veículos de divulgação para sua difusão - Sade levanta algumas questões que merecem serem (re)pensadas. Diz o nosso Marquês de Sade: - Fico pensando: de que adiantam as campanhas que estão veiculando nas televisões, jornais, revistas? Que resultado prático trarão? O quanto de dinheiro público se esbanja nisso? O que eu sei é que é um altíssimo negócio para as agências de publicidade e para o governo a enganação do povo. Estão querendo tapar o Sol com a peneira. Aliás, desde a Velha República se comete o engano de que administrar é fazer campanhas pelas mídias disponíveis. A seguir, Jorge Sade faz um raciocínio lógico: - Com toda essa dinheirama jogada fora, quantas crianças não seriam recolhidas e encaminhadas? De boas intenções o mundo já está cheio. O que é preciso é arregaçar as mangas (e as saias, porque o mulherio inunda as repartições) e trabalhar. É muito cômodo (e sem resultado) o que se está fazendo, veiculando campanhas desse gênero... xxx Prossegue Sade: - Quem sai nas ruas, a noite, esbarra com violência a todo instante. Porque as benemerentes & beneficentes não vão solucionar, não vão procurar essas crianças jogadas por aí? É uma vergonha se ver na esquina da Rua 13 de Maio com a Rua Trajano Reis, todos os dias, uma família de mais de 10 pessoas a pedir esmolas a cada carro que espera a mudança do semáforo. E pela Rua 13 de Maio descem os luxuosos carros oficiais com os seus empanturrados ocupantes, toda a vagabundália que vive a custa do dinheiro público. Santo Agostinho já dizia: as palavras comovem, fazem chorar, mas os exemplos é que arrastam. xxx E Sade não perdoa outras vergonhas, que em sua justa indignação são denunciadas: - A Sanepar (Rua Rosário/com Stellfeld) se remodelou faraonicamente: 2 condicionadores de ar a todo o vapor, todas as lâmpadas acesas dia e noite. Também o edifício da Telepar feericamente iluminado. Há lâmpadas na Avenida Garibaldi etc., que ficam acesas durante todo o dia. E a Copel esbanja milhões em campanhas contra o desperdício de energia. Assim não pode dar certo...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
25/10/1986

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br