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Aramis

"Sammy e Rose", a única estréia

Com a inteligente decisão de Aleixo Zonari em manter, por mais uma semana, em exibição, o excelente "Harry e Sally - Feitos um para o Outro" (Cine Astor) e, mesmo não tendo encontrado uma boa bilheteria, a refilmagem de "O Boca de Ouro", continuar no Cine Plaza, praticamente há apenas um lançamento nesta semana: no Cine Ritz, "Sammie & Rose", produção inglesa, 1977, direção de Stephen Frears ("Minha Querida Lavanderia", "Ligações Perigosas"), que teve seu pré-lançamento, há três anos, no FestRio e que só agora está sendo lançado no circuitão. Há muitos bons pontos comuns entre "Minha Querida Lavanderia" e "Sammie e Rose": a abordagem sincera de problemas da comunidade paquistanesa que vive em Londres, homossexualismo, sexo (quase) explícito e muita violência. No elenco há apenas um nome conhecido - a hoje envelhecida mas sempre admirável Claire Bloom revelada por Chaplim, há 38 anos em "Luzes da Cidade". Refilmagens - Os cinéfilos mais fiéis ao cinema nacional que, há 28 anos, assistiram a "Boca de Ouro", que Nelson Pereira dos Santos realizou com Jece Valadão e Odete Lara (então uma sex symbol, hoje uma senhora dedicada a causas espiritualistas) não deixarão de comparar aquela versão pobre, p&b, mas com muito vigor, a refilmagem de um milhão de dólares que Jofre Rodrigues e Fernando Silva conseguiram levantar junto a Art e Columbia, mais investidores particulares. Marca a estréia de Walter Avancini na direção cinematográfica, com este "remarke" da peça de Nelson Rodrigues (1912-1980). Para quem admira Avancini, 55 anos, 42 de vida artística, 3 de televisão, pelos seus trabalhos seguros, baseados em obras literárias ("Quincas Berro D'Água", "Morte e Vida Severina", "Anarquistas Graças a Deus", "Rabo de Saia", "Grande Sertão, Veredas", "Memórias de um Gigolô", "Chapadão do Bugre", etc.), era de se esperar mais. Afinal, a peça de Nelson Rodrigues é rica em condicionantes sociais, tem um tom de denúncia e poderia resultar num filme impacto. "Além da Eternidade" (Always) é a outra refilmagem que também pode surpreender o público. Cansado de tantos filmes de ação, Spielberg realizou um projeto emotivo que, segundo suas próprias declarações, o tentava há 10 anos: a refilmagem de "Juntos no Céu" (A Guy Named Joe, 1941, de Victor Fleming), que reuniu Spencer Tracy (1900-1967) e Irene Dunne numa história ambientada na época, durante a II Guerra Mundial, naturalmente. Agora a ação foi atualizada: ao invés da guerra contra os nazistas, os aviadores enfrentam o fogo nas reservas florestais dos Estados Unidos. Outras opções - Numa tentativa desesperada de fazer com que o distante Cine Guarani tenha ao menos algumas sessões semanais - nas últimas semanas, a frequência àquela sala mantida pelos contribuintes (via Fucucu) tem sido tão reduzida que várias sessões foram suspensas - o excelente "Sexo, Mentiras e Videotape", de Steven Solderberg - prêmio do júri e melhor ator em Cannes-89, indicado ao Oscar de melhor roteiro - está em exibição no bairro. Mesmo deslocado, "Sexo, Mentiras e Videotape" continua a ser uma das opções para quem busca filmes de primeira qualidade. Quatro outros que também ganharam muito com indicações (e premiações) do Oscar - e que valem os elogios - continuam em exibição: "Nascido a 4 de Julho", de Oliver Stone (Lido I), "A Sociedade dos Poetas Mortos", de Peter Weir (Bristol), "Conduzindo Miss Daisy", de Bruce Beresford e "Cinema Paradiso", de Giuseppe Tortare. Sobre o retorno desta obra prima no Cinema I, Aleixo Zonari garante: "Cinema Paradiso no Cinema I. Enquanto durar!". LEGENDA FOTO - Richard Dreyfus e Holly Hunter em "Além da Eternidade": uma refilmagem esperançosa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
04/05/1990

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