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Saul Bass em Curitiba (com seu amigo Miran)

Em sua timidez e modéstia, Miran é reservado: - Há possibilidades de Saul Bass vir a Curitiba. Por que não? Ele gosta de conhecer novos países e há anos planeja visitar o Peru. E o Peru é a metade da viagem, para motivá-lo a estender sua permanência no Brasil. Orestes Woestechoff, 45 anos, com sua visão de executivo publicitário, hoje na área de atendimento da JJ Comunicação e tentando organizar economicamente o potencial criativo de seu amigo Oswaldo Miranda, é mais enfático: -Saul Bass virá, com toda a certeza, para a inauguração de sua grande exposição. Material para a mostra retrospectiva da obra do mais famoso dos designeres americanos já se encontra no estúdio de Miran há quase um ano. Entusiasmado com os trabalhos do artista paranaense, o próprio Bass fez questão de enviar trabalhos, incluindo alguns cartazes que hoje são raridades. Miran confessa: - São peças que valem entre US$ 15 a US$ 20 mil para colecionadores. Saul enviou também três filmes em teipe - "Quest", de 30 minutos, um ficção-científica; "Notes Ont the Popular Arts", produzido pela Warner e uma reunìão das dezenas de créditos que Saul realizou para filmes famoso - os quais o tornaram um nome internacionalmente conhecido. Numa exposição que será inaugurada amanhã no mezanino do Bavarium Park, com parte dos originais que formaram os 18 números da revista "Gráfica" editados em quatro anos, estão vários trabalhos de Saul Bass. O número 15/16 da "Gráfica" - que teve uma tiragem de apenas 600 exemplares e portanto já é peça de colecionadores - foi inteiramente dedicado a Saul Bass, mostrando mais de 50 de seus maravilhosos trabalhos - não só para o cinema, mas também para capas de discos (como, por exemplo a "Trilogy", penúltimo álbum gravado por Sinatra), os símbolos que desenvolveu para a Bell System, a AT&T entre tantas outras grandes empresas atendidas pela Saul Bass/Herb Yager and Associates, que ocupa dois confortáveis prédios no coração de Los Angeles. O amplo material de Saul Bass que Miran selecionou para sua revista, justificará, dentro de algumas semanas, matéria especial no Almanaque, inclusive com reproduções a cores. Afinal, exceptuando-se Maurice Binder, outro designer que também tem desenvolvido trabalhos para o cinema, Saul Bass foi quem trouxe novos conceitos, inicialmente na publicidade e, após ser chamado por Otto Preminger (1906-1986) para fazer a abertura de "Carmen Jones" (1954), passa a ser requisitado para dar um toque especial a filmes da maior importância. Com Preminger a colaboração estendeu-se em toda sua filmografia, mas Alfred Hitchcock (1899-1980) também soube sentir a sua força criativa, trazendo-o não só para criar créditos de filmes como "Intriga Internacional" (North By Northwest, 1959), mas também lhe entregando a realização de uma das mais belas seqüências de "Um Corpo Que Cai" (Vertigo, 1958). Alguns biógrafos afirmam inclusive que a famosa seqüência em que Marion Crane Janet Leight é assassinada por Norman Bates (Anthony Perkins) no banheiro em "Psicose" (1960) foi dirigida por Bass, que também teria supervisionado as seqüências da corrida de bigas em "Ben Hur" e a abertura majestosa de "Da Terra Nascem Os Homens" (The Big Country, 1958), ambas superproduções de seu amigo William Wyller (1902-1981). A filmografia de Bass é extensa, com mais de 30 títulos nos quais colaborou. Em 1963 fez seu primeiro curta-metragem ("The Searching Eye"), aos quais se seguiriam "From Here To There" (64) e "Why Man Creates" (69), para chegar ao longa-metragem "Fase IV- Destruição" (Phase IV), com Michael Murphy, que chegou a ter lançamento comercial no Brasil (em Curitiba pouquíssimas pessoas o assistiram no Cinema I). Agora, quando tantos "descobrem" Saul Bass - forte e vigoroso aos 67 anos, mais criativo do que nunca - se busca, quem pode conseguir uma cópia, mesmo que em vídeo de "Fase IV - Destruição", um science-fiction em que formigas dominam a Terra. Aliás, a ficção científica - junto com a arqueologia - é uma das maiores paixões do mestre Bass. (Mais Miran na página 14). LEGENDA GRAVURA: Saul Bass numa auto caricatura: a grande exposição que Miran está organizando trará além de pôster, marcas e logotipos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/12/1987

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