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Aramis

Sketches da Espanha ao som de Miles Davis

Um filme que já vale(ria) pela sua trilha sonora (Marcus Miller / Miles Davis). Eis uma definição para "Marcas de Uma Paixão" (cine Bristol, até amanhã em exibição), desperdiçado neste lançamento - inclusive porque simultaneamente saiu em vídeo. Longa-metragem de estréia na direção de Mary Lambert, "Siesta" perdeu a ocasião certa para o lançamento comercial no Brasil: selecionado em 1987, ano de produção, para a mostra "Um Olhar Feminino, num dos eventos paralelos do IV FestRio, teve na ocasião apenas duas exibições mas ganhou generoso espaço na imprensa nacional: Mary Lambert e uma das atrizes do filme foram as primeiras a chegarem ao Rio de Janeiro e ganharam uma cobertura especial. Mary Lambert, e não ser pelo fato de sra. Bernardo Bertolucci - que era a grande estrela aguardada para o Festival mas que acabou não vindo (seu filme, "O Último Imperador", entretanto, veio para encerrar o evento ) - provocou poucos frissons, mas a atriz que a acompanhava, a então ainda ninfeta Jodie Foster foi muito paparicada: afinal todos a tinham na imagem da menina-prostituta de "Táxi Driver", filme que a projetou. Hoje, Jodie 27 anos é uma superstar - atriz galardeada com o Oscar há dois anos, atriz seguríssima como mostra em "O Silêncio dos Inocentes" (cine Plaza, 3a semana) e que está estreando como diretora. "Siesta" é um filme destinado a ficar na categoria cult. Desprezado agora (poucos espectadores se animaram a assistí-lo no Bristol), tem, entretanto, condições de se tornar referencial. O roteiro de Patricia Lousiana Knops baseado no romance de Patrice Chaplin fragmentou a narrativa em dois planos: o real e o imaginário - misturando a trajetória de uma bela mulher, Clarie (Ellen Barkin), que assassinada no dia 4 dia julho e o corpo jogado próximo ao aeroporto de Madrid, refaz os seus últimos dias na Espanha - para onde foi em busca do encontro com um amante do passado, Augustine (Gabriel Byrne), deixando no Vale da Morte nos EUA o seu marido, Del (Martin Sheen), que a tem como atração maior de seu show voador: acrobata, ela pularia sem paraquedas sobre a rede estendida num vulcão adormecido. O reencontro de amor termina tragicamente, pois o amante já havia casado com uma mulher ciumenta, Marie (Isabelle Rosselini), mas até que chegue ao final há um desfilar de personagens com toques surrealistas-wellesianos - como um fotógrafo amalucado, Kit (Julian Sands), sua amante Nancy (Jodie Foster), uma sensual bailarina espanhola (Grace Jones), entre outros. Denso, confuso aparentemente - mas com o calor transmitido pelos próprios cenários da Espanha em que foi rodado, "Siesta" tem seu ponto alto na trilha sonora de Marcus Miller: raras vezes uma trilha jazzistica funcionou tão bem no casamento com as imagens - mas isto tem um nome: Miles Davis executa (e cria alguns temas) desta soundtrack que há dois anos já foi lançada em elepê no Brasil pela WEA. Só pela trilha, já vale seguir as imagens!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
05/06/1991

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