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Stresser, o compositor que Curitiba esqueceu

Quando o advogado Renê Dotti assumiu a Secretaria da Cultura, uma das primeiras pessoas que lhe solicitaram uma audiência foi a professora Marisa Mendes Sampaio. Pesquisadora incansável de nossa vida cultural, a ele recorreu com a esperança de poder reaver os originais e fotografias únicas de um livro sobre o compositor Augusto Stresser, extraviado na administração anterior - no infeliz governo José Richa. Apesar das medidas administrativas tomadas por Dotti, os preciosos originais continuam desaparecidos - para desespero da autora e dos descendentes do biografado, que lhe haviam confiado únicas cópias de fotos do arquivo familiar. Só no finalzinho do governo, Álvaro Dias, não se sabe como, apareceu o pacote com o precioso material - originalmente encaminhado para avaliação e possível publicação. Já totalmente descrente de qualquer chance de ver o resultado de anos de pesquisas ser editado, a professora Marisa preferiu devolver as fotos ao Sr. Milton Stresser, 78 anos, um dos três filhos de Augusto ainda vivos (os outros são Gastão e Guiomar) e desistiu de tentar publicar o livro - ao mesmo através de órgão oficial. Afinal, sofreu por mais de cinco anos a angústia de ter confiado numa secretaria dita de Cultura - e na qual burocratas siquer respeitam trabalhos de tanta importância. Em sua primeira administração quando sofria violenta oposição pela implantação de medidas que, na época, eram pouco entendidas pela população (como o fechamento da rua XV de [Novembro]) o então jovem prefeito Jaime Lerner teve entre seus poucos aliados na imprensa os jornalistas Adherbal e Ronald Stresser. No comando do "Diário do Paraná" e TV Paraná, os Stresser apoiaram Lerner e, em certo momento de crise maior, praticamente garantiram a sua permanência na Prefeitura. Grato, na época, pela ajuda, Jaime aceitou a sugestão que fizemos quando da inauguração do teatro do Paiol e deu o nome de "Biblioteca Augusto Stresser" para uma unidade de leitura ali instalada. Com bons livros e uma atividade [intensa] beneficiando o bairro do Guabirotuba - que não dispunha (como continua não dispondo) de qualquer outra biblioteca - a mesma cumpria uma bela missão. Infelizmente, poucos meses depois de Lerner ter deixado a Prefeitura, a biblioteca foi desativada. Até a placa de bronze que registrava o nome do patrono desapareceu. O espaço que ocupava foi transformado em depósito e continua assim até hoje. (*). Apesar de Lerner ter retornado já por duas vezes a chefia do executivo Municipal, a biblioteca Augusto Stresser não foi ainda reaberta. Na atual administração - em que o setor cultura vem hostilizando amplas áreas da cidade - sugestões feitas a respeito acabaram também sendo totalmente esquecidas - para mágoa da família Stresser, conforme aqui denunciamos repetidas vezes. Nota (*) A Biblioteca Augusto Stresser foi inaugurada na manhã de um sábado, 24 de março de 1973, com a presença dos familiares do homenageado. Funcionou ativamente na primeira administração de Jaime Lerner.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
18/07/1991

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