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Aramis

Suzana, uma mulher em busca da comunicação

A professora Suzana Maria Munhoz da Rocha Guimarães é hoje uma mulher preocupada. Poderia-se até dizer, agoniada. Afinal, convidada pelo governador João Elísio, assumiu a secretaria mais inoperante no governo José Richa e, numa terra devastada, na qual praticamente nada havia sobrado devido a incompetência de seu antecessor, tenta, num curto espaço de tempo, realizar o mínimo. Encontrou um campo minado por rancores, brigas internas, artistas magoados, promoções políticas que constituíram a única preocupação da administração anterior - e pouco, ou nada, de positivo: tenta, entretanto, fazer algo, nos poucos meses que restam antes de passar o cargo ao seu sucessor - que com a eleição do senador Álvaro Dias, já é disputado pelos vereadores Mário de Moraes e Neivo Beraldin, e pelo colunista Alcy Ramalho Jr. xxx Assim, entende-se que a secretária Suzana Guimarães tenha se animado com algumas idéias - como a transferência da Rádio Estadual do Paraná (outra unidade-problema) para o âmbito da Cultura e Esportes, o que finalmente, conseguiu na semana passada. Ou então, aprovado, em princípio, projetos fantasiosos, desnecessários e inúteis como a criação de mais um museu para o Estado - quando o próprio MAC vive em permanente crise. Suzana Guimarães assumiu o cargo amordaçada administrativamente, com as unidades da secretaria já preenchidas em seus cargos de confiança. Para não criar problemas no período eleitoral, não pode fazer substituições necessárias e assim teve que engolir pessoas que haviam sido nomeadas, exclusivamente por razões políticas, para cargos aos quais não estavam absolutamente preparadas. Resultado: o pouco que Suzana Guimarães pode fazer já será muito, considerando as condições administrativas. E só mesmo a habilidade política herdada do pai, o estadista Bento Munhoz da Rocha Neto, é que a está auxiliando nesta difícil função que vem ocupando. Uma das preocupações de Suzana Guimarães é agilizar os meios de divulgação da área cultural. Assim é que se entusiasmou com a possibilidade da Secretaria da Cultura e do Esporte ter um quinzenário, patrocinado pelo Banestado e impresso em formato tablóide. O número um de "Raiz" - o nome escolhido para a publicação - circulou na semana passada, com muitas deficiências que deverão ser corrigidas nas próximas edições. Pelo menos esta publicação está circulando. Ao contrário da pretensiosa revista "Cultura - Idéias e Debates" (50 páginas, papel couchê), de custo caríssimo, lançada em princípios do ano passado, e que além de ter ficado apenas num único número, foi o exemplo da revista-Conceição: ninguém sabe, ninguém viu a revista, que teve como editora oficial a sra. Cecília de Christo Garçoni, também responsável por um jornal tablóide que era editado pelo gabinete do governador na administração José Richa. xxx "Raiz, em papel jornal, produzido na Imprensa Oficial do Estado, busca a simplicidade e pretende divulgar tudo que se relaciona à cultura e arte no Paraná. Nobres intenções, embora de difícil execução, já que a crônica de publicações pretensamente intelectuais que se tentou no Paraná é repleta de lamentáveis frustrações. Ou mesmo quando com revistas e jornais criativos, como a experiência da "Raposa", editada pelo internacionalmente premiado Oswaldo Miranda e patrocinado pela Fundação Cultural de Curitiba (na época presidida por seu amigo Sérgio Mercer), não passaram de uma circulação dirigida - e com repercussão muito aquém do pretendido. Hoje, "Raposa" é obra rara dentro de exemplos de grafismos e textos de vanguarda, mas na época poucos entenderam a intenção com que era produzida. xxx Outro projeto que vem embranquecendo os cabelos da secretária Suzana Guimarães é a produção de nada menos do que 17 programas de televisão, abordando diferentes aspectos da cultura e arte do Paraná, para veiculação em todo o Estado. Independente do custo de produção a realização de tantos programas em menos de 16 semanas, é tarefa para a mais competente (e bem paga) equipe de uma rede nacional de televisão - e não projeto para ficar em mãos amadoras. Uma experiente produtora de televisão, convidada a descascar este tremendo abacaxi, definiu a questão numa frase: - "Se em tão curto espaço de tempo e com limitações de pessoal e equipamento eu conseguisse fazer dois ou três programas de qualidade, já teria credenciais para ser contratada pela "Casa da Criação", no Rio de Janeiro!" xxx Realmente, é uma pena que a professora Suzana não tivesse assumido a Secretaria da Cultura e Esportes em março de 1983. Então, o panorama hoje seria outro. A esperança é que Álvaro Dias não venha a cometer o mesmo erro que José Richa fez e que condenou o Paraná a três anos do maior obscurantismo cultural. LEGENDA FOTO - Suzana: o que fazer com a Rádio Estadual?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
26/11/1986

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