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Aramis

Taiguara, enfim, de volta

Ele está voltando aos poucos, depois de 13 anos distante dos palcos e do seu público, buscando novamente o seu lugar na música brasileira. O primeiro sinal de que Taiguara estava chegando foi dado nos dias 2, 3 e 4 de outubro passado, no Palácio das Convenções do Anhembi. Apenas três apresentações, com pouco alarde, mas o suficiente para que o espaço fosse tomado por velhos e novos amigos. "Treze Outubros", título do show, deu a ele a perfeita sensação de que voltar era preciso e foi, desde então, preparando-se para encarar de frente o público e a imprensa em uma longa turnê que se inicia agora, dia 9 de abril, pelo interior de São Paulo; chega à Capital dia 14, para temporada de duas semanas no Maksoud Plaza, estendendo-se até o Rio, na segunda semana de maio, para apresentações no Canecão, e depois seguir por este Brasil afora. Só para lembrar um pouco, a vida de Taiguara começou em Montevidéu, chegando a Porto alegre ainda bebê, onde foi batizado. Aos quatro anos, conheceu o Rio e escolheu a cidade como sua. Aos quinze, foi para São Paulo e, aos dezoito, já cantava na noite, no João Sebastião Bar, sendo contratado pela Polygram e voltando para o Rio gravou o primeiro LP em 1965; em 66, estava no filme "Crônica da Cidade Amada", com Billy Blanco, Blecaute e o Grande Otelo; em 67, no "Farnheit 2000", ao lado de Eliana Pittman, Cipó, Dori Caymmi e Luís Eça, show que se transformaria em disco em 68, pela Odeon. Nesse ínterim, fez "Primeiro Tempo: 5x0", ao lado de Claudete Soares e do Jongo Trio, um show inesquecível. Em sua passagem pela Odeon, uma série de sucessos: "Modinha", "Helena", "Nada Sei de Eterno", "Universo no Teu Corpo", "Maria do Fundo", "Viagem". E, no LP de 71, a presença de "A Ilha", começando então seus primeiros problemas com a censura, os quais vieram a culminar dois anos depois com a proibição de onze canções de um LP e, no ano seguinte, com a proibição de mais 45 letras enviadas por ele de Londres. Era demais para Taiguara e o jeito foi aproveitar, ficando um tempo fora, estudando regência em Londres e gravando com o pessoal de Boulez, regido por Keith Mansfield e com letras de Peter Gosling (ex-Rolling Stones). Esta fita, enviada para o Brasil, também foi vetada, o que acontecia pela primeira vez com um artista brasileiro em disco de língua inglesa. A Odeon tanto insistiu que Taiguara acabou voltando e, no dia 1º de maio de 1976, nas ruínas das Missões Jesuíticas, no Rio Grande do Sul, num grande show ao lado de Hermeto Pascoal, Ubirajara, Toninho Horta e Novelli, lançaria "Imira, Tayra, Ipy", um novo disco. O espetáculo foi cancelado, a Sinfônica de Porto Alegre botou a viola no saco e Taiguara, mais uma vez, partiu, desapontando, para um novo exílio. O caminho foi Paris, depois, Angola. Em 82, ele voltou e fez o LP "Canções de Amor e Liberdade", pela gravadora Continental. Por uma série de razões, esse disco não aconteceu, problemas do artista com a gravadora.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
15
12/06/1987

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