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Aramis

Teatro nos bairros

Modestamente, sem badalação e divulgação, um jovem apaixonado por teatro, Laerte Ortega, 25 anos, paranaense de Bela Vista do Paraíso, ex-aluno do Curso Permanente de Teatro da FTG, vem desenvolvendo um admirável programa de integração cultural dos mais pobres bairros da cidade, iniciado em outubro de 1975, na Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Em pouco mais de um ano, Laerte já conseguiu fundar 11 grupos em bairros, despertando e estimulando os talentos anônimos - entre os quais podem estar futuros intérpretes e mesmo escritores. xxx A primeira experiência, desenvolvida na Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e iniciada graças ao apoio do morador Eroaldo Laiter, na casa de quem houve a primeira reunião, deu seus resultados práticos, cinco meses depois, quando o grupo mostrou para 483 espectadores, apenas uma noite (16/2/76), no auditório Salvador de Ferrante, a peça "O Funeral da Rua 37", escrita e dirigida por Laerte, mas interpretada por moradores da Vila. Na ocasião, nesta coluna registramos o fato, desejando que a iniciativa tivesse seqüência e fosse imitada em outras comunidades. xxx Felizmente isso ocorreu: estimulados pelo Grupo Teatro da Vila, jovens do bairro do Pilarzinho reuniram-se em princípios de 1976 e sob orientação de Catarina de Castro Capputo criaram um grupo que, meses depois, no I Festival de Arte nos Bairros de Curitiba (Paiol, julho/76), ali mostrava a peça "Maria Minhoca", de Maria Clara Machado. Atualmente, o mesmo grupo, sob a direção de Zélia Hurmann, ensaia duas outras peças: "Um Pedido de Casamento", de Tchecov e "O Namorador", de Martins Penna. xxx Hoje, além dos grupos da Vila e do Pilarzinho, estão em atividade os grupos de teatro amador Saturno, Novo Mundo, Santa Efigênia, Sossego, Mercúrio, Vila Tingui, Vila Oficinas e São Braz. Distantes comunidades, de Habitantes humildes mas que, graças ao trabalho honesto e idealístico de Laertes Ortega despertam seu interesse pelo teatro. O grupo de teatro Tingui, fundado em dezembro/75 e que já montou dois espetáculos ("As Beterrabas do Senhor Duque", de Oscar Von Pfuhl e "Miscelânea/76") atualmente ensaia a peça "Antonio Meu Santo", de João Augusto, com direção de Laerte - incansável no atendimento a todos os grupos. O Gat Braz, foi criado há 6 anos, mas só dinamizado no ano passado, quando apresentou uma peça de criação coletiva, "A História de Leopoldo", em 4 atos, levado no Paiol e aos bairros de São Braz, Vila Tingui, Pilarzinho e Oficinas. No ano passado o mesmo grupo montou mais duas peças "Cinco Histórias Improvisadas" e "quando os Jovens se Libertam", e agora ensaia a peça "O Paranóico de Siracusa", escrita e dirigida por José Darcy. O grupo de Vila Oficinas montou no ano passado a peça "Trompette", de Aldo Calvet, levada a vários bairros e agora ensaia "Minotaura e Avestruz", com estréia prevista para abril, direção de Orega. xxx Há muito que os teóricos falam em teatro para o povo. Sem falar, mas trabalhando, Laerte Ortega está dando um exemplo dos mais dignos e merecedores de incentivo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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20/02/1977

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