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Aramis

Tecnologia

A Indústria fonográfica evolue a cada ano e assim as gravações digital - por um processo eletrônico, que permite a máxima perfeição sonora - deixam de ser privilégios dos que dispunham de Cr$ 3 mil para adquirir os álbuns importados e chegam agora nas suas primeiras edições de prensagem nacional. Cabe a EMI/Odeon, sempre com imenso capricho, fazer as primeiras edições digital no Brasil, oferecendo registros de orquestras que realmente justificam tal sofisticação sonora. Evidentemente, que para se conseguir aproveitar o máximo a perfeição deste sistema é necessário um equipamento a altura o que faz com que o "curtidor" tenha que investir mais alguns (muito) mil cruzeiros em sua aparelhagem. Embora nada impeça que o disco digital seja ouvido no sistema tradicional. Do primeiro suplemento de disco Digital da EMI/Odeon, temos três elepes especialmente significativos. De principio, um elepe para atingir o público mais amplo, que curte especialmente a música do cinema e da Broadway: "Digital Magic/Stanley Black - his piano and orchestra". Com arranjos e regência de Hennie Bekker, o pianista inglês Stanley Black aqui executa temas dos filmes "Nosso Amor de Ontem" ("The Way We Were", Marvim Hamlisch), "O Franco-Atirador" (The Deer Hunter, de Michael Cimino), o excelente "Califórnia Suite" (Claudio Bolling), da comédia escrita por Neils Simon, alguém de "Tomorrow" (Charles Strouse/Charlin), do musical "Annie", grande sucesso na Broadway, em 1977, inspirado na personagem das histórias-em-quadrinhos. Mas temos também "Chiquita", o tema de "Billits" (Francis Lai), de um filme inédito no Brasil; "Just When I Need You Most", "Rise", "Here's That Rainy Day" (a conhecida música de Johnny Burkes/James Van Heusen) e "I Will Survive". Sem dúvida, poucos discos poderiam ser mais bem produzidos para mostrar uma nova técnica de gravação do que este "Digital Magic" com Black, ao piano e orquestra. Outro notável pianista, compositor e maestro André Previn, que em sua juventude esteve ligado à música do cinema, mas hoje é um regente de grandes orquestras internacionais, está presente no primeiro suplemento digital: regendo a Sinfônica de Londres, Previn apresenta "Imagens" e "Prélude à I'aprés midi dún faune", de Claude Debussy (1862-1918, compositor que está entre os mestres decisivos da orquestra cujas inovações têm causado um impacto duradouro na música de outros autores. No "Prélude à I'apres d'un faune", o solo de flaute ;e de Peter Lloyd. Enriquecendo este álbum, uma capa belíssima entre mais coloridas aparecidas no catalogo erudito. E com a Orquestra Filarmônica de Israel, sob regência de Zubin Mehta, maestro indiano que nesta semana veio ao Brasil, reger concertos em Sào Paulo e Rio, temos também uma gravação digital: desta vez os concertos para piano n. 1 e 2 de Beethoven, tendo como solista Rudu Lupu. Antes de encerrar este registro, é necessário explicar o que é a gravação digital: utilizando avançada tecnologia os engenheiros da London desenvolveram um gravador stéreo de fita matriz e cuja qualidade de reprodução é tão boa quanto o sinal que o alimenta diretamente do console da mixagem durante a gravação. Ele virtualmente, portanto, elimina as pequenas mas significativas distorções que ocorrem mesmo com os melhores gravadores convencionais de Stúdio e permite o fabrico de discos cuja qualidade é impossível de distinguir dos chamados discos de "corte direto", com as vantagens artísticas que resultam de uma capacidade de edição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
31/08/1980

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