Login do usuário

Aramis

Tradições parnanguaras

Paranaguá vai comemorar seu 329º aniversário com uma programação musical, a partir de quinta-feira, com dois shows diários, em praça pública dos cantores Carmem Silva, Agnaldo Thimoteo e Altemar Dutra. A idéia de substituí-los por um jogo de [um] selecionado local com a equipe do C. R. Vasco da Gama, ou outros clubes cariocas, não foi aprovada, apesar do time de futebol cobrar apenas Cr$ 70 mil - e os shows com os 3 cantores ficar em cerca de Cr$ 140 mil. xxx O advogado José Vicente Elias, prefeito da cidade, ex-diretor administrativo do Porto de Paranaguá, iniciando sua administração, deve ter optado pelos shows de Agnaldo, Carmem e Altemar Dutra raciocinando em termos da popularidade destes cantores, sem dúvida dos mais conhecidos junto [às] faixas "c" e "d" da população, campeões de vendas de discos há alguns anos num mercado específico. Político jovem e ambicioso, Elias quer agradar seu eleitorado e assim pensou em termos de "pão e circo". Entretanto, um vereador emebista, de maiores luzes e bom nível cultural, deverá levantar no próximo período legislativo uma questão: por que ao invés de gastar mais de Cr$ 100 mil em shows que, a não ser o entretenimento momentâneo nada contribuem culturalmente para o município, o Prefeito não se preocupou em estimular a produção de um espetáculo que, sem perder as características populares, pudesse ter um significado em termos de vida e tradição [parnaguara]? xxx Quando o sr. Nelson de Freitas Barbosa era ainda prefeito de Paranaguá, já havia sito feita uma sugestão oportuna: Considerando ser Paranaguá o chamado "berço da civilização paranaense", comporta, [tranqüilamente], a realização de um show musical, com características didáticas, a exemplo do que foi feito em Curitiba, há 4 anos, com ["]Cidade Sem Portas". Paranaguá, sua colonização, sua história, seus clubes literários, as revistas já editadas, a presença de nomes ilustres - depois de projeção nacional em suas ruas (Villa Lobos ali morou um ano, no início do século e chegou a fazer parte de uma orquestra local; Brasílio Itiberê nasceu e cresceu em Paranaguá), são temas que motivariam um espetáculo de grande significado, não só para ser encenado naquela cidade, mas mesmo em Curitiba e mesmo em Londrina, Cascavel, Ponta Grossa - para não falar em outros Estados. Uma idéia simples, capaz de ser executada com menos que custam os supérfluos shows de cantores como Agnaldo Thimóteo e Carmem Silva. E se este ano pode-se desculpar ao ainda inexperiente prefeito Vicente Elias, aqui fica a sugestão para 1978. xxx Para concretizar essa sugestão, o prefeito Vicente Elias poderia recorrer a outro parnanguara que hoje está no poder: o advogado (e cantor amador) José Santana Lobo Neto, presidente da Paranatur. A soma dos recursos da rica Paranatur com a Prefeitura de Paranaguá, um dos municípios com orçamento mais [tranqüilo] do Estado, poderia resultar em eventos de real significado cultural para a cidade e o Estado. Basta que exista visão e boa vontade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
24/07/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br