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Aramis

Um filme cubano, entre terror e a violência, são as estréias

Cinco estréias nesta semana que os exibidores chamam de "tapa-buraco", considerando-se que será na próxima quinta-feira o início da Operação Natal com as produções de maior apelo ao grande público e que permanecerão até meados de fevereiro em cartaz: "Uma cilada para Roger Rabbit" (Astor), "O Casamento dos Trapalhões" e, possivelmente, "Willow - A terra da magia". "A última tentação de Cristo", de Martin Scorcese, mesmo com toda a polêmica e os ridículos protestos de algumas idealistas (embora fanáticas) religiosas defronte o Cine Lido I, está tendo rendas abaixo do esperado e sua carreira se encerra no próximo dia 15. Realmente, nem mesmo uma aparente heresia visual a Cristo consegue motivar o público. Uma atração especial é a produção cubana "Até certo ponto", de Tomas Gutierrez Alea - de quem o público já conhece "A última ceia" (exibido pelo Groff há mais de dois anos). Com Oscar Alvarez, Mirta Ibarra, Omar Valdez e Coralia Veloz. Em exibição no Luz. Estréias - Black Edwards, 66 anos, é sempre uma garantia. Sabendo dominar a técnica de contar uma boa história, tem sido um realizador bem sucedido nos vários gêneros que vem experimentando ao longo de três décadas de constantes realizações - mesmo com recentes deslizes na comédia ("Encontro às escuras/Blind date", 87), após o tocante "Assim é a vida" (That's life, 86). "Assassinato em Hollywood" (Sunset), com uma história ambientada em Los Angeles (aliás, Edwards tem sido um dos cineastas mais constantes em localizar seus filmes em LA, talvez até por uma questão de comodismo), usa gente jovem como Bruce Willis, Mariel Hemingway, James Garner e Kathleen Quinlan - além de sua filha, Jennifer Edwards, que já havia aparecido em "That's life". Em exibição no Astor, entre as melhores atrações desta semana. Na linha de filme-violência, mais um título: "Ação Total", de Craig R. Baxley. O argumento pouco se difere de tantos filmes que na linha polícia-violência tem chegado aos cinemas, dentro da mais comercial produção americana. Jerico Jackson (Carl Weathers) é o dedicado sargento da polícia de Detroit, mais conhecido como "Action Jackson", devido seu método duro de combater o crime. E o filme começa entre os arranha-céus de Detroit, com um grupo de assassinos liquidando um líder sindical e sua secretária. Jackson é o anti-herói convencional destes novos tempos: abandonado pela mulher, preterido na promoção a tenente e ameaçado devido seus métodos violentos. Enfim, um esquema que, nos últimos anos, tem sido explorado insistentemente pelo cinema americano - e que pelas boas bilheterias internacionais - continua a estimular novos produtos. Weathers já foi visto em "O predador", mas agora adquire um status de astro principal, longe da figura popular de Arnold Schwarznegger. Antes, já havia também aparecido na série "Rocky, o lutador". Craig T. Nelson interpreta o magnata Peter Dellaplane, comandante da organização criminosa. Vanity, no papel da cantora Sidney Ash, é outro destaque. Cantora famosa nos EUA (no Brasil ainda não aconteceu), ela interpreta duas canções. Sharon Stone, como a esposa do magnata assassino, já foi vista nas duas partes da refilmagem de "As minas do rei Salomão". O diretor, Craig Baxley, faz sua estréia - embora tenha uma grande experiência técnica: foi diretor de segunda unidade e câmara em várias produções recentes. O produtor, Joel Silver, também é um experiente fazedor de sucessos nesta linha de cinema-ação: "48 horas", "Arma mortífera" e "Predador". Enfim, um filme para consumo, de público certo. Outra produção ao grande público - e naturalmente com muita ação é "1999... O sobrevivente do fim do mundo" (Survivor), de Michael Shackleton (São João, 5 sessões). No elenco, não há nomes conhecidos: Chip Muyer, Richard Moll e Sue Kiel. Terror - Assim como a violência nas ruas das cidades americanas é um filão (de ouro) na produção cinematográfica, o terror explícito também faz escola no tilintar das bilheterias. Mais uma produção nesta linha chega às telas: "Sonhos macabros", de Andrew Fleming (Cine Astor, 5 sessões). Produzido por Gale Anne Huard ("O exterminador do futuro", "Allien, o resgate") é o longa-metragem de estréia de Andrew Fleming, formado pela New York Gruzynsk, e tem muitos efeitos especiais de maquiagem criados por Michael Burke ("A guerra do fogo"). O roteiro foi desenvolvido por Fleming com três colegas na NYU Filme School, ele alega que "Bad Dreams" não é um simples filme de terror. - Trata-se de um thriller psicológico com uma boa dose de mistério. Os momentos sangrentos do filme são usados com fins emocionais e não apenas para chocar, pois queríamos algo que fosse incômodo e assustador ao mesmo tempo. O argumento pode até lembrar o suicídio coletivo ocorrido há alguns anos, num país latino-americano: Cynthia (Jennifer Dubin) é a única sobrevivente da Unity Fields - seita mística que cometeu suicídio pelo fogo em 1974 - que desperta do estado de coma em 1988, para se dar conta de que os demais membros da seita estão mortos, mas ainda não se foram. Começa então um pesadelo com muito sangue. Outras opções - O melhor filme brasileiro do ano está de volta: "Feliz Ano Velho", de Roberto Gervitz - grande premiado em Gramado, volta a ser exibido no Condor. "Banana Split", de Paulo Sérgio Almeida, uma comédia adocicada, com toques políticos ambientada em Petrópolis e Rio de Janeiro no verão de 1964, com Myrian Rios, retorna no Lido II - para cumprir o decreto de reserva do mercado ao cinema nacional. "Sede de amar" (Duet for one), de Andrei Konchalovski, com Alan Bates, Julie Andrews e Max von Sidow, baseado em peça teatral, continua no Ritz - enquanto "Nunca te vi... sempre te amei" (84, Charing cross road), de David Jones, com Anne Bancroft e Anthony Hopkins, está sendo mantido no distante (e esvaziado) Cine Guarani. O Groff prossegue com a mostra retrospectiva do cinema brasileiro e a comédia "Os fantasmas se divertem" (Beetlejuice), de Tim Burton, também se mantém no Cinema I. Fora da programação normal, na Sala Brasílio Itiberê, hoje e domingo, às 19h, os últimos programas de "Before Hollywood", com jóias do cinema mudo, trazidos a Curitiba graças ao Museu da Imagem e do Som. No Groff, sábado, às 24h e domingo, dia 11 - às 10h30, a primeira parte de "Kaos", um dos melhores filmes italianos, realização dos irmãos Paolo e Vittório Tavianni, em 1984. Para rever com atenção! LEGENDA FOTO 1 - Jennifer Rubin, uma nova atriz, em "Sonhos Macabros", em exibição no Plaza. LEGENDA FOTO 2 - Carl Weathers, ator negro ("O Predador", "Rocky") é o herói em "Ação Total", no Bristol.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
09/12/1988

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