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Aramis

Um homem, uma mulher

GOMES, O EDITOR - Roberto Gomes, 41 anos, catarinense de Blumenau, curitibano por opção - aqui chegou há 20 anos - trocou uma carreira no magistério pelo difícil desafio de se tornar editor no Paraná. Num mercado em que as tentativas formam uma crônica de frustrações, a Criar Edições, é um exemplo salutar: 29 títulos lançados em quatro anos e hoje uma distribuição nacional, que fazem seus lançamentos ocuparem cada vez mais um espaço merecido. Embora concentrando sua maior atenção na literatura infantil - segmento do mercado que possibilita um retorno mais imediato do capital investido - Roberto Gomes tem muitos projetos, inclusive de uma coleção voltado a temas paranaenses, a exemplo do que a Tchê, de Porto Alegre vem fazendo há dois anos ("Esses Gaúchos", já com 35 volumes publicados). Autor de vários títulos - que vão de obras infantis a uma respeitada "Crítica da Razão Tupiniquim" que agora chega a 8ª edição, Roberto Gomes tem uma produção marcante. No ano passado houve uma adaptação para o teatro de um de seus livros infantis de maior sucesso "O Menino que Descobriu o Sol". Marinho Gallera fez as músicas, com letras de Roberto e afora, numa diversificação da Criar - abrindo-se para o setor fonográfico - Roberto prepara-se para editar um compacto duplo com quatro canções - lançamento previsto para outubro, quando da Semana da Criança. A Criar Edições estará fazendo vários lançamentos nas próximas semanas, reestruturada agora em sua área de distribuição para atingir todos os pontos de vendas do país. Assim sairão dois novos livros infantis - "Totó Pinotela" de Dinorá do Valle e "O Lambari Comilão" de João Donha. Uma seleção de "Contos Cubanos do Século XX" foi preparada e traduzida por Jorge Lescavo e dois romances também aparecerão em breve: "Ensaio de Paixão" de Cristovão Tezza e "O Príncipe da Pedra Verde" de Luis Galdino. Roberto Gomes, com toda razão, está com um sorriso dentifrício: o último número de "Leia Livros", no imparcial levantamento que fez sobre a indústria editorial brasileira, comprovou a ótima posição que a Criar conseguiu: é a 5-ª casa publicadora entre as 100 maiores do país. ELIZETH, A CANTORA - Elizeth Cardoso não tem boas lembranças de Curitiba. Em agosto do ano passado, ao lado da Camerata Carioca, sofreu aqui a maior humilhação de sua carreira: participando do Projeto Pixinguinha, estreou perante um público de menos de 200 pessoas. No dia seguinte, milhares de convites foram distribuídos pels Secretaria da Cultura e Esportes (sic) para um público mal informado que vaiou aquela que é a maior cantora deste País. Um melancólico momento, que mostrou a falta de estrutura de nossa infeliz Secretaria da Cultura em promover espetáculos. Entretanto, Elizeth não é uma mulher de guardar ódios. E tanto é que concordou com a inclusão de Curitiba no roteiro que fará a partir do dia 18 de agosto, dentro das comemorações de seus 50 anos de carreira, que inclui o lançamento de um novo lp ("Gala", Arca) e apresentações no Scala II (Rio), São Paulo (dia 25 de agosto, Palladium), e mais Porto Alegre, Fortaleza, Recife, Brasília, Salvador e a nossa Capital. O show tem direção de Tulio Feliciano, um dos mais competentes profissionais da área e o disco reúne novamente Elizeth e Hermínio Bello de Carvalho, que com ela fez seus melhores discos: "A Enluarada", "Elizeth Sobe o Morro", "Elizeth ao Vivo no Municipal", etc. Aos 66 anos - a serem completados no próximo dia 16 de julho, 50 de carreira, Elizeth continua a cantar como nunca. Voz privilegiadíssima, uma classe única - é uma artista na mesma dimensão de Elza Fitzgerald e Sarah Vaughan, embora não tenha tido, no Brasil, o reconhecimento merecido. Voltando a fazer um elepê após 4 anos de ausência, Elizath trará um punhado de canções antológicas, entre as quais "Operário Padrão", do paulista César Brunetti, com uma letra emocionante - e em cuja gravação houve a participação do clarinetista Paulo Moura e do acordeonista Sivuca. Outro momento emocionante é "Elizeteana", poupourri de seus grandes sucessos, com a participação de Nana Caymmi, Maria Bethania e Alcione. Paulinho da Viola está em "Felicidade Segundo Eu" (Ivone Lara/Nei Lopes) e Joyce além de compor, também divide com Elizeth a interpretação de "Faixineira das Canções". Tudo isto já faz com que se aguarde "Gala" como o grande álbum da MPB para 1986. Ainda bem, já que nunca se viu um ano tão pobre em matéria da melhor música brasileira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
22/06/1986

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