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Aramis

Um show felliniano no palco do Paiol

Como Fellini não morreu, Fellini estará amanhã à noite no Teatro Paiol, dando um banho de som-rock-samba-mpb, como ocorre há mais de quatro anos em espetáculos e em discos. "O Adeus de Fellini", "Fellini só Vive Duas Vezes" e "Três Lugares Diferentes", este último escolhido pela crítica na revista "Bizz" como melhor elepê de 87, ao lado do disco dos Titãs. O grupo chega a Curitiba com sua formação original e novas conquistas musicais: Cadão Volpato (vocal e teclado), Thomas Pappon (guitarra), Jair Vieira (guitarra) e Ricardo Salvagni (baixo). De trio, dupla e agora quarteto, o Fellini é grupo que arrebata elogios de ouvidos mais apurados. Reparem nas opiniões: "Osmar Santos trata o Fellini com humor, John Peel se amarra no som, rola um discurso retórico a respeito da arte de massa. Essas interferências aguçam ainda mais o estranhamento desta banda paulista que recusa o leito comum do rock das rádios. Já que não toca no rádio, toca o rádio no disco, terceiro de um ziguezague sempre desconcertando o clichê. Volpato e Pappon (mais Ricardo nos teclados) não se limitam a praticar a fusão de estilos/gêneros/ritmos mais disseminada que a Aids. A questão é que eles não fecham o rock do Fellini à estática cotidiana deste país pilhado. E tome samba, baião e outras bossas. Com a corda toda". Assina, Tarik de Souza. "Não bastasse ser uma das melhores bandas brasileiras, o Fellini certamente é uma das mais originais: basta dizer que já acabou duas vezes e, depois de cada fim, voltou com discos ainda mais apurados, "Três Lugares Diferentes" retoma o clima sutil do segundo elepê, "Fellini só Vive Duas Vezes", mesclado aqui e ali com toques de som mais sujo, típicos do primeiro "O Adeus a Fellini" - o inacreditável diálogo com um radialista de São Paulo é o melhor exemplo. Destaquem-se aqui as letras e a vocalização de Cadão Volpato, e registrem-se na memória pequenas jóias como "La Paz Song", "Teu Inglês" e "Zum Zum Zum Zazoeira", próximo do baião e pleno de toques filosóficos. A invenção ainda é possível". Assina Luiz Mansur. As duas opiniões acima foram publicadas no "Jornal do Brasil". Na "Folha de São Paulo", o crítico Marcos Smirkoff não resistiu às comparações ao analisar o terceiro elepê do Fellini: "O rock acaba entrando no balanço como mais uma referência, uma espécie de eixo em torno do qual giram influências de várias fases da MPB. O bom humor e a disposição para o experimental remetem ao Tropicalismo e à animada molecagem dos Mutantes. A combinação do despojamento com elaboração instrumental são herdados da Bossa Nova. Os vocais melancólicos envoltos em reverberação por vezes lembram as composições dos mineiros (Milton e companhia) no início dos anos 70". E agora, que o público faça a sua análise. O Fellini está aí para ser escutado. Única apresentação amanhã no Paiol, às 21 horas. Ingressos a 800 cruzados. LEGENDA FOTO - Ricardo, Thomas, Cadão: "Com a corda toda".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
21/10/1988

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