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Aramis

Um toque de saudade na bossa de Colares

Uma passagem nostálgica pela cidade de um gaúcho que aqui deixou muitos amigos há duas décadas e meia. Fernando Colares. Hoje com 53 anos, pai de 6 filhos e até avó, Fernando não deixou de se emocionar quando, ciceroneado por seu amigo dos tempos do quinteto de Breno Sauer, o bom Pirata (Afonso Cid, 62 anos), voltou a percorrer o centro da cidade e viu que o velho sobrado onde Paulo Wendt manteve por tantos anos a boite Marrocos, na Praça Zacarias, ainda, está em pé. Em compensação, a tristeza de saber que nada restou da antiga construção, na rua Visconde de Nacar, onde existia o La Vie En Rose - primeiro endereço noturno que, em 1960, teve por contrato o renovador (na época) grupo instrumental do gaúcho Breno Sauer. xxx Para reunir documentação comprobatória de seu trabalho naquela época, Fernando Colares voltou a Curitiba, onde morou por alguns anos, quando era o afinado bossanovista crooner do conjunto de Breno Sauer, um dos primeiros instrumentistas brasileiros a introduzir o vibrafone em nossa MPB - com a influência do americano Art Van Dame. Ao lado de "Pirata" - e que do grupo foi o único a se radicar em Curitiba; Portinho (a exemplo de Breno, hoje morando nos EUA); Alemão (Olmir Stocker, guitarra) - radicado em São Paulo; e o baixista Gabriel, Fernando Colares viveu uma época intensa da vida noturna curitibana, quando a música da melhor qualidade espalhava-se por casas que deixaram saudades nas memórias dos boêmios acima de 40 anos - e que tiveram registros em colunas da noite, como o jornalista Enock de Lima Pereira ("A Grande Noite", "Tribuna do Paraná"); e Renato Muniz Ribas (Reinaldo Egas, "Ecos da Noite", inicialmente na "Tribuna do Paraná", depois no "Correio do Paraná") editavam naquela época. xxx Funcionário do serviço de compensação da Caixa Econômica, em Porto Alegre, afastado profissionalmente da música, nem por isso Fernando Colares deixou de cantar. A época da Bossa Nova - ele que foi o primeiro cantor a divulgar em Curitiba as canções de Sérgio Ricardo e Carlos Lyra - mudou, novos rumos levaram a MPB, mas, sempre que pode, em companhia de amigos, Fernandinho mostra que se o tempo levou muitos sonhos daquela época, não tirou, entretanto a beleza de uma música que permanecerá eternamente em nossa retina.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
11/09/1986

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