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Aramis

Uma alternativa para assistir a bons filmes

Quando Antônio Gil de Almeida, assessor do gabinete da deputada Maria Amélia Almeida, renunciou a presidência do Conselho Nacional de Cine Clubes - numa atitude inesperada, no melhor estilo do que Jânio Quadros fez em agosto de 1961 - o Paraná perdeu a representatividade num organismo cuja importância poderia crescer muito. Se Gil procurou conduzir o Conselho numa linha política relacionada à Líbia - da qual se tornou uma espécie de representante cultural no meio cineclubista, capitaneando várias caravanas de convidados àquele país - o seu sucessor no Conselho, o paulista Fernando Silva, decidiu inverter a posição: - Ao invés da política pró-Líbia - que afinal não tem nada em comum com o cinema - nos voltamos às atividades reais do cineclubismo: promover o bom cinema, formar público, difundir a cultura. Assim, hoje o Conselho Nacional de Cineclubes está empenhado em formar um grande circuito de salas alternativas. - "Passou a época das modestas exibições improvisadas em 16mm, com velhos projetores e qualidade precária de imagens. Hoje, o cineclube opera como uma opção para a projeção de filmes culturais, mas em igualdade de condições com os mais modernos circuitos comerciais". Paulista de Ribeirão Preto, 32 anos, Fernando Silva já dispões de um circuito de 13 cinemas equipados com aparelhos de 35mm, espalhados em vários estados. - "Com isto, dispomos de 5 mil lugares/dia, atingindo um universo de espectadores que nos permite negociar com as chamadas majors - as grandes produtoras tipo CIC, Warner, Columbia etc. - que, até há pouco desprezavam os circuitos alternativos". Por exemplo, se em Curitiba, apesar de existir um circuito de salas de exibição (mais a Cinemateca), a Fucucu não consegue filmes da CIC (Paramount/Universal), já que nunca houve uma boa negociação com o presidente da empresa no Brasil, Paulo Fucs, os cineclubistas exibem, com todas as facilidades, a produção desta multidistribuidora. Existem oficialmente 507 cineclubes no Brasil - 250 com atividade mais intensa - e destes, ao menos 20 estão tentando se estruturar como salas alternativas, com boas cabines de projeção 35mm, salas confortáveis e principalmente uma programação ágil, capaz de atrair um público - que tem se mostrado, nas grandes (e também pequenas) cidades cada vez mais arredio. Em Brasília, o Cineclube Porta Aberta, como o Cine Itapoã, é um exemplo de boa operacionalidade, integrado desde a sua inauguração no circuito idealizado por Fernando Silva. Em São Paulo, há muito que Cineclubes como Oscarito e Fundação Getúlio Vargas, oferecem a melhor programação, agrupando ciclos, fases e retrospectivas de momentos importantes do cinema mundial, num trabalho exemplar e que deveria servir de exemplo para a programação de nossa Fucucu. Embora independente do Conselho Nacional, o cineclube Estação Botafogo, no Rio de Janeiro, já consolidado em sua primeira sede (com três salas, na Rua Voluntários da Pátria), parte agora para uma segunda unidade no Centro da cidade - e extrapolando suas atividades também para produções em vídeo e edições de publicações, como "Tabu", que de modesto jornal formato tablóide se transformou agora em uma sofisticada revista mensal. xxx Em São Paulo, uma nova sala operada por cineclubistas - o "Elétrico" - começou a funcionar em dezembro, enquanto o circuito se amplia pelo Interior - Cine Barão, em Campinas, as salas Cavim e Anglo em Ribeirão Preto, Matão e o "Maria Fumaça", em Brodosqui - para só falar de alguns exemplos (mais) bem sucedidos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
04/01/1990

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