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Aramis

Uma "Carmen" curitibana

Carlos Triencheiras se entusiasma com o personagem de Maria Bueno, uma mulher bonita, independente e alegre, que desafiando tabus e preconceitos sexuais, tinha posições liberais na provinciana Curitiba do final do século XIX e que morreu, tragicamente, assassinada por um militar. No entendimento do coreógrafo português - que vem dando ao Ballet Guaíra uma projeção internacional - a personagem de Maria Bueno tem a força de uma Carmen, lembrando a morena e sensual cigana que Prosper Merimée (Paris, 1803 - Cannes, 1870) criou no seu romance, publicado em 1845. Trinta anos depois, George Bizet (Paris, 1838 - Bougival, 1875), com libreto de Meilhac e Havélevy, levaria "Carmen" aos palcos como a mais famosa de suas óperas, estreando em Paris a 3 de março de 1875 e chegando em Viena, Londres e Nova Iorque três anos depois. No cinema, Carmen foi vivida por Rita Hayworth em 1848 sob a direção de Charles Vidor (1900-1959) e, cino anos depois, transformada numa crioula do Harlem, na versão musical de Oscar Hammerstein II, filmada por Otto Preminger, com Dorothy Dandridge na personagem-título. Há dois anos, com o final dos direitos autorais da obra, houve uma inflação de novas adaptações de Carmen: desde a demolidora visão de Jean Luc Godard ("Prenom: Carmen") até a fiel transposição operística de Francesco Rossi, passando por adaptações teatrais de Peter Brook, a do ballet de Carlos Saura e uma versão brega realizada na Colômbia, entre outras. xxx Comparar Maria Bueno a "Carmen", pode parecer heresia para muitos, mas a sensibilidade artística permite esta liberdade de aproximação de personagens fascinantes, capazes de inflamar corações e tendo a morte dramática sob o punhal frio de apaixonados. O entusiasmo de Triencheiras em ver Maria Bueno no palco, num grande balé, contagia outras pessoas. Só falta agora viabilizar o projeto e encontrar um compositor sensível, capaz de dar todo o colorido musical a esta revisão de uma personagem fantástica. Sugestões em aberto, do londrinense Arrigo Barnabé ao mineiro João Bosco, entre tantos talentos que poderão ser convocados para este fascinante balé. LEGENDA FOTO: Maria Bueno, uma santa para o povo curitibano.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
22/02/1987

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