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Aramis

Uma dose das "cabeças falantes"

Simultaneamente, dois álbuns do Talking Heads, grupo considerado por alguns entusiastas do rock contemporâneo, como "fundamental": o "Wild Wild Life" (EMI-Odeon) e "Fear of Music" (WEA). Com 12 anos de estrada - formou-se em Nova Iorque, em 1974 - o Talking Heads surgiu do encontro de Chris Frantz (bateria) e do compositor David Byrne (vocais, guitarra) que, inicialmente, chamavam-se "The Artistics". Em 1977, passaram a usar o nome atual, com a formação aumentada por Tina Weymouth (baixo, sintetizador, vocais) e Jerry Harrison (teclados, guitarra, vocais). Aliás, a entrada de Harrison, ex-modern Lovers, é que fez a banda engrenar. Fonograficamente, estrearam com o elepê "Talking Heads" (77), seguido de "More Songs About Buildings and Food", que marcou o início da colaboração do músico e produtor inglês Brian Eno. Mas foi com seu terceiro álbum, "Fear of Music" (1979), que os Talking Heads conseguiram atingir as paradas de sucesso, além de serem aclamados pela crítica. Este disco, que estava inédito no Brasil, foi lançado há alguns meses pela WEA e, passados 7 anos de sua realização, prova que a música do grupo não ficou defasada. Com exceção da faixa de abertura, "I Zimbra", composta por Byrne, Eno e Boll, todas as canções são de David Byrne, o cérebro destas "cabeças falantes". Dentre os destaques está a balada "Heaven", recentemente regravada pelo grupo inglês Simply Red em seu álbum de estréia, "Picture Book" (também aqui editado pela WEA). "Fear of Music" traz também as versões originais de "I Zimbra", "Life During Wartime", "Memories Can't Wait", "Air" e "Drugs", que já eram conhecidas através de álbum duplo gravado ao vivo. "The Name of This Band Is Talking Heads". Embora qualificado de new wave e comparado por alguns críticos ao bubbelegum dos anos 60, o Talking Heads prefere não se enquadrar em nenhuma tendência. Por exemplo, a canção mais famosa do grupo é "Take Me do the River" que não se ajusta nas classificações tradicionais. Já no álbum "Remain in Light" contou com a participação de Robert Palmer e Nona Hendrix, além de utilizar ritmos africanos. Para comparar o que o grupo fazia em 1979 e produz atualmente, a EMI/Odeon antecipou em mix, a faixa "Wild Wild Life", do novo álbum do Talking Heads, gravado nos estúdios Westwood, na Califórnia, há poucos meses - cujo lançamento integral, já deve estar, nestas alturas nas lojas. xxx Outro importante grupo de rock, este inglês é formado há 19 anos - o Genesis, reaparece com seu 15º elepê: "Invisible Touch" (RCA). Até o normalmente radical Edilson Leal, da "Folha de Londrina", inimigo feroz do rock e defensor na escola de Tinhorão da MPB tradicional, fez uma concessão a este lançamento: abriu um espaço em sua coluna e foi benevolente com o grupo: "Nada de exagerado nos rocks e baladas, mas tudo feito de modo a colocar o disco nas paradas de sucesso. Os destaques ficam para a voz muito bem colocada de Collins e, evidentemente, para os teclados de Banks". Ao longo de quase 20 anos, o Genesis - formado originalmente por Peter Gabriel (vocais), Anthony Philips (guitarra), Tonny Banks (teclados) e Michael Rutherford (baixo) sofreu muitas interrupções. O grupo começou modestamente e o sucesso só pintou em 1972 (LP "Fox-trot"). A essas alturas, Philips e Mathew já haviam sido substituídos pelo baterista Phil Collins e Steve Hacket. Em 1973, o Genesis explodiu nas paradas inglesas com "I Know What I Like". Seu som caracteriza-se pelos arranjos sofisticados e pelas letras épicas. E suas apresentações ao vivo eram sempre um espetáculo a parte, pois Gabriel teatralizava com requintes as histórias que as canções contavam. Em 1975, Gabriel partiu para uma carreira individual. Muitos achavam que o grupo iria acabar, mas Phil Collins assumiu os vocais e o conjunto continuou. Em 1977 foi Steve Hacket que deixou o grupo - e, em formação de trio - Collins, Tony Banks e Michael Rutherford - o grupo até ironizou a situação com o disco "...And the there were Three", com [o qual] vendeu mais de três milhões de cópias. Agora, com seus integrantes desenvolvendo carreiras solos simultaneamente, eventualmente, o grupo volta a se reunir - como quando Steve Hacket os acompanha em excursões (em 1977, estiveram no Brasil). Collins, do grupo, é o que tem carreira mais atuante, fazendo trilhas sonoras para cinema e, no ano passado, tendo lançado o irônico "No Jacket Requerid", que lhe valeu vários discos de Ouro e Platina. Rutherford também fez seu disco solo ("Mike and the Mechanics"), provando que é possível conciliar o trabalho de equipe com projetos individuais. Reflexo ou não da viagem que fizeram ao Brasil, neste novo LP o Genesis gravou uma faixa chamada "The Brazilian". Já "Domino", outro momento interessante vem dividido em duas partes: "In The Glow of The Night" e "The Last Domino".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/12/1986

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