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Aramis

Uma festa bonita, com tudo funcionando certo

A receita da simplicidade deu certo. Assim é que os próprios diretores do FestRio - Luís Carlos Barreto e Nei Sroulevich, mais Cláudia Furiati, coordenadora dos seminários e videomaker, foram os mestres de cerimônia na festa de encerramento, a partir das 17h15 de sábado, 2, no Cine São Luiz - totalmente lotado. Com isso evitaram-se gafes e enganos que, em edições anteriores, com as apresentações dos premiados entregues a artistas de televisão, mesmo experientes, prejudicou o brilho das mesmas. Nei, Luís Carlos Barreto (presidente da Associação FestRio) e Cláudia chamaram ao palco convidados importantes para fazerem a entrega dos prêmios oficiais, paralelos e especiais (ver relação completa nesta mesma página), num clima de total descontração. Assim, o australiano David Bradbury foi buscar o seu Tucano de Prata pelo melhor vídeo jornalístoco "State of schock", levando nas mão o seu filho de quatro meses. Florinda Bulcão (ou Bolkan, internacionalmente), que como boa cearense foi uma das musas do evento, voltando à sua cidade arrancou assovios da platéia. A única gafe foi da produtora que acompanhou a cineasta martinicana Ezhan Palcy (31 anos, uma morena belíssima, que também arrancou fiu-fiu do público), diretora de "Assassinato sob custódia" (A dry white season), o filme de encerramento. A tradutora atrapalhou-se em tentar fazer a versão do francês falado por Euzhan para o inlgês e português - mas foi o único momento de risos na platéia. No mais, a noite foi esplêndida - inclusive com surpresas como uma premiação especial, o troféu "Samburá", oferecido pelos críticos cearenses, através da promoção do jornal "O Povo", a Walter Hugo Khouri, 60 anos, 68 premiações internacionais (ele é realmente o cineasta brasileiro mais premiado), e que, apenas como convidado, não esperava também sair com um troféu de Fortaleza. Após a emoção de uma dupla dose cinematográfica de filmes que denunciam o appartheid na África do Sul - o curta "Assimbonanga", produção da Organização das Nações Unidas (com vocal emocionante de Joan Benz, numa canção de protesto contra a perseguição aos negros naquele país) e a primeira exibição no Brasil de "Assassinato sob custódia", produção MGM, corajosa na denúncia do regime da África do Sul e que traz, num impressionante personagem, Marlon Brando, que não filmava há oito anos e aceitou participar deste projeto de Ezhuan Palcy (que estreou com o emocionante "Rue cases negres", inédito comercialmente no Brasil) com um salário simbólico (apenas US$ 3 mil), tal o entusiasmo que o roteiro lhe despertou (no decorrer desta semana, voltaremos a falar com mais vagar a respeito desta produção que a CIC deve lançar em breve, em circuito nacional - em Curitiba no Cine Condor). xxx Para um encerramento festivo, de confraternização, uma recepção simples e acolhedora: na ampla fábrica da Brahma, na Praia do Futuro, um ambiente de quermesse. Dezenas de barracas com pratos típicos da cozinha nordestina, bebidas da Ypioca ao melhor chope, e sobretudo um clima de amizade que durante 10 dias se estabeleceu entre os quase mil convidados do FestRio e generosos anfitriões. Tudo ao som de uma esplêndida orquestra ao estilo Tabajara, com um repertório que não deixou de incluir muitas lambadas - para que especialmente os estrangeiros caíssem na dança nordestina. LEGENDA FOTO 1 - Florinda Bulcão: assovios na platéia. LEGENDA FOTO 2 - Euzhan Palcy, diretora de "Assassinato Sob Custódia", exibido no encerramento do FestRio/Fortaleza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
05/12/1989

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