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Aramis

Uma revisão de Tenório com aprovação familiar

Gramado, abril - Entre os 10 filmes de longa-metragem em competição nesta 14ª edição do mais famoso festival do cinema brasileiro, um dos mais polêmicos é "O Homem da Capa Preta", de Sérgio Rezende, baseado na vida de um dos mais famosos políticos brasileiros, o ex-deputado Tenório Cavalcanti. Sérgio Rezende é um cineasta que já mostrou sua energia criativa em "Até a Última Gota" (visceral denúncia dos bancos de sangue da Baixada Fluminense) e "O Sonho Acabou" (rodado em Brasília e no qual denunciava um crime cometido por filhos de altas autoridades da República nos anos de repressão). Desta vez se voltou para a figura de Tenório Cavalcanti, tendo o roteiro se baseado em grande parte no livro de Maria do Carmo Fortes, filha de Tenório Cavalcanti - casada com o general Sérgio Fortes (ex-comandante do Colégio Militar) e que reside desde 1959 em Curitiba. A estréia de "O Homem da Capa Preta" coincide com o lançamento de dois livros sobre Tenório Cavalcanti: a dissertação de mestrado que Israel Beloch apresentou em fins de 1984 no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense - e que com o título "Capa Preta e Lurdinha: Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada" a Record publicou há pouco tempo, e o livro de Do Carmo Fortes, também programado pela editora de Alfredo Machado. Maria Do Carmo Fortes na semana passada nos comunicava em carta que "antes mesmo de ver publicado meu livro, foram meus originais parar nas mãos de um diretor de cinema, que entusiasmado com o tema, apressou-se em filmá-lo. Nada foi omitido: desde os dias angustiosos da ditadura repressora de Getúlio Vargas, até sua cassação e os motivos que a causaram. Toda a trajetória de um homem que dedicou toda sua vida à defesa dos direitos humanos de pessoas carentes de recursos e atenção, o povo da Baixada Fluminense. xxx Com uma natural emoção de quem vê a figura polêmica - e tantas vezes injustamente atacada e caricaturada de seu pai, merecer agora uma respeitosa revisão num filme honesto e sincero, ao mesmo tempo que também inspira uma tese universitária, Do Carmo diz: - "Esquecendo um pouco a Do Carmo Fortes, pintora, fiz-me escritora para relatar a construção de uma fortaleza: não aquela famosa 'fortaleza' de pedra e tijolo, mas a de carne e ossos, o próprio Tenório Cavalcanti. Com minha história procurei reservar para meu pai um lugar na galeria dos heróis do sofrido povo brasileiro." No final de março, Do Carmo já falava com entusiasmo do filme de Sérgio Rezende - agora em competição no Festival de Gramado. - "O filme que assistimos em sessão privada, apesar das limitações de um orçamento pequeno, surpreenderá a muita gente, tanto pela criatividade do diretor Sérgio Rezende, como também pela magistral interpretação de José Wilker, a meu ver no seu melhor papel." LEGENDA FOTO - José Louzeiro, roteirista; Marisa Leão, produtora e Sérgio Rezende, diretor de "O Homem da Capa Preta", ao lado de Tenório e sua filha Sandra. (Foto de Ednalva Tavares)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
09/04/1986

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