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Aramis

Uma rua para o maestro Gaya

Depois de dois esplêndidos nomes da melhor MPB no último fim de semana - Johnny Alf no Teatro Paiol e Miúcha no distante Auditório Antônio Carlos Kraide (Centro Cultural do Portão), além de duas apresentações da Orquestra de Câmara de Blumenau, abrindo a temporada oficial do Auditório Maria José Andrade Vieira - novas atrações para dividir o próximo fim de semana. No Paiol, a compositora-intérprete Joyce, que só hoje, aos 40 anos - e 22 de vida artística - começa a ter um reconhecimento internacional, com temporadas e discos lançados no Japão, Itália, França e Estados Unidos. No auditório do Palácio Avenida, outra atração internacional, que também tem sua carreira calcada especialmente na Europa: Egberto Gismonti. São dois espetáculos de primeiro nível, que merecem serem vistos para que se veja / ouça o que há de melhor sendo produzido em nossa música - tão carente de talentos. xxx Miúcha (Heloísa Maria Buarque de Holanda) confirmou nesta sua quinta temporada curitibana, que é hoje uma cantora/show-woman de primeiro nível e que merece conquistar platéias internacionais. Tanto é que em maio inicia em Paris, no New Morning - uma temporada que a levará a Bélgica, Itália e Holanda, acompanhada da edição em CD, de seu excelente elepê gravado há dois anos pela Continental - um dos melhores de 1989 - e que no Brasil passou despercebido. Com a direção de Túlio Feliciano e participação de músicos excelentes - como o baixista Novelli e o tecladista Helvius Vilela, Miúcha mostrou um repertório esplêndido - de standards da MPB a novas canções, sempre com uma bossa muito especial e, sobretudo, aquela alegria ao palco que caracteriza as intérpretes de alto astral. No domingo, uma homenagem especial mostrou todo apreço que Miúcha tem com os grandes valores: dedicou o espetáculo a nossa Stelinha Egg, que, emocionada, não conteve as lágrimas, quando Miúcha lembrou o inesquecível Gaya. xxx A propósito, das mais justas a homenagem que o grande maestro, compositor, arranjador e pianista, Lindolfo Gomes Gaya (Itararé, São Paulo, 06/05/1921 - Curitiba, 19/09/1987) merecerá no final do mês, dentro das comemorações dos 298 anos de Curitiba. Uma extensa rua próxima ao Parque do Barigui perpetuará o nome de Gaya, que nos últimos anos de sua vida tanto contribuiu para a evolução dos músicos paranaenses. Contratado pelo Sir Laboratório de Som e Imagem, ali trabalhou por bastante tempo, trazendo toda sua experiência de mais de 40 anos de músico profissional, especialmente de arranjador e produtor artístico de centenas de grandes discos. É difícil alguém no meio musical que não tenha a melhor lembrança de Gaya, motivo pelo qual Stelinha vai receber uma fita, coordenada por Miúcha, com depoimentos afetivos registrados por gente como Chico Buarque, as integrantes do Quarteto em Cy, Paulinho da Viola e até o enrustido João Gilberto ("Afinal, para Gaya, ele fala", diz Miúcha, sua ex-mulher) e, se estiver no Brasil, Antônio Carlos Jobim. Esta fita, somada a outros registros já em poder de Stelinha, será apresentada durante toda a inauguração da rua - que deverá ser uma festa muito musical, coordenada pessoalmente pela eficiente Duda, braço-direito do alcaide Lerner. Stelinha está trabalhando na catalogação do acervo (partituras, discos, recortes, etc.) deixadas por Gaya, que formarão um memorial, que instalará em prédio próprio - num projeto ao qual vem se dedicando em tempo integral. LEGENDA FOTO - Lindolfo Gaya: uma rua em sua homenagem.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
13/03/1991

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