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Aramis

Uma sala para os filmes franceses

O prefeito Jaime Lerner recebeu um comitê encarregado de organizar nacionalmente os festejos comemorativos aos 200 anos da revolução francesa e falou sobre uma de suas paixões: o cinema. Ou melhor, a falta de bons filmes franceses em Curitiba. Se colocou inclusive, a disposição de ajudar para que se programem bons filmes franceses. Afinal, Curitiba é uma das raras cidades do Brasil na qual a Prefeitura concorre ostensivamente com a iniciativa privada e mantém nada menos que quatro salas comerciais. Jaime quer estas salas melhor programadas - o que só será possível com uma profunda incisão na área da FUCUCU, que vem administrando o setor. Se houver uma reformulação nos critérios de programação, será possível até motivar as distribuidoras que há anos não trabalham no Paraná a cederem os filmes que dispõem. Por exemplo, instituições culturais de outras cidades conseguem promover ciclos de filmes de Jean Luc Godard, com o acervo do distribuidor Valancine - e que há anos não chegam até nós. xxx A própria Aliança Francesa, que no ano passado foi extremamente agredida na programação de um festival de cinema francês, jogado às moscas nas salas da Fundação, hoje prefere espaços alternativos para exibir os filmes que dispõe. Na semana passada, trouxe filmes inéditos - e uma comédia famosa da René Clair ("Esta Noite é Minha / Les Belles de Nuit", 1952), exibidos no auditório Paul Garfunkel da Biblioteca Pública do Paraná - mas que não dispõe, infelizmente, de infra-estrutura (pessoal especializado para operar os aparelhos de 16mm, também deficientes) para movimentar o setor. xxx Esta semana, monsieur Ravel, o simpático diretor da Aliança, patrocina - na própria sede da instituição - três exibições de um excelente filme francês recente, Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1986, inédito comercial no Brasil: "O Raio Verde" (Le Rayon Vert), de Eric Rohmer, com Marie Riviére e Amira Chemakhi. Com legendas em português, será exibido hoje, terça-feira (14 horas), amanhã às 20 horas e quinta-feira, 18, às 18 horas. xxx Eric Rohmer, 69, professor e crítico do "Cahiers du Cinema", foi um dos teóricos da Novelle Vague, embora menos famoso junto ao grande público. Na década de 60, com seus chamados "Contos Morais" ("La Colectioneusse", "Minha Noite com Ele", "O Joelho de Claire", "Amor à Tarde", etc.), mereceu atenção especial - numa obra de 10 títulos diferentes (feitos fora de ordem e ainda incompletos). Uma oportunidade única de se conhecer o seu "Le Rayon Vert" - filme que poderia ser projetado numa das salas da FUCUCU, se houvesse maior preocupação em fazê-las unidades realmente culturais - e não apenas salas em busca de bilheteria. xxx No dia 6 de junho, a Aliança trará outro filme inédito nos circuitos comerciais, mas com legendas em português: "Souvenirs, Souvenirs", 1984, de Ariel Zaitoun, com Annie Girardot, Miléne Jobert e Philippe Noiret - entre os nomes mais famosos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
16/05/1989

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