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Aramis

A vanguarda do vídeo que se faz no mundo

Repetiu-se no IV RioCine Festival, o problema que sempre existiu na parte de vídeo das seis edições do FestRio: multiplicidade de opções. Assim como Hamilton Costa Pinto, coordenador nos FestRio, sempre procurou dar uma amostragem internacional do que se cria nesta nova área - somada às produções competitivas, em disputa, também o RioCine foi generoso em sua programação. O coordenador do RioCine foi Vicente Duque Estrada, videomaker, autor de projetos conceituais como "Queimada" - unindo uma mensagem ecológica à utilização de imagens projetadas em velhos receptores de televisão, que ao lado de "Instalação", de Sandra Kogut, ocupou nobre espaço no Museu de Arte Moderna. Somando os contatos de Duque Estrada com as ligações que o curador da Cinemateca-MAM, João Luiz Vieira, já tinha feito em mostras internacionais, foi possível reunir no MAM, Casa Lauro Alvim, Centro Cultural Banco do Brasil e no Magnetoscópio, mais de 100 horas de trabalhos visuais, em VHS/Umatic, mostrando o que se vem fazendo no mundo e no Brasil. O recém encerrado Vídeo-Brasil, em São Paulo, internacionalizado a partir deste ano, e dezenas de outros eventos - competitivos ou não que vem acontecendo em várias partes do Brasil, como o de Maringá, nesta semana, mostram que, se de um lado o cinema encontra-se em crise, o vídeo - mais econômico e prático - está em alta. xxx Convidada especial do RioCine, esteve durante uma semana no Rio de Janeiro a videomaker e vídeo-instaladora israelense Irit Batsky. Radicada em Nova Iorque desde 1988, onde é professora de edição, Irit integra o Experimental TV Center, um centro de vídeo que oferece residência a estudantes do mundo todo. Bonita, simpática, enfrentando bravamente a temperatura de 40º dentro de coloridas maxi-saias, Irit teve bom humor para superar o fato de seus trabalhos só terem sido apresentados no último dia no Magnetoscópio (Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana), a primeira sala comercial de vídeo do Brasil, inaugurada em maio último. Ali, Irit mostrou dois programas - "A Woman Trying to Read the Image", de 60 minutos e oito trabalhos menores, realizados em Israel entre 1982/83. A marca registrada do trabalho de Irit é a experimentação com métodos de reprocessamento de imagens, alternando materiais previamente através da colorização e da computadorização. No Magnetoscópio foram também exibidos outras programações trazidas especialmente para o RioCine, onde trabalhos levados ao festival de Montbeliard (no qual, em abril último, "As Crianças não Choram", da curitibana Pabla Elessandra teve exibição), mostraram realizações belgas, canadenses, dinamarquesas, francesas, polonesas, inglesas, alemãs e uruguaias. Luís Vieira coordenou a Mostra Japão Experimental (1960-1980) e as séries "Imagens da Synthese" e "Portraits" trazidas da França, do grupo Ex-Nihilo. Duas outras amostragens up to date foram os seis vídeos da "World Wilde Vídeo Festival", com mensagens ecológicas e os quatro trabalhos da Dinamarca, Iugoslávia e Marrocos na seção "Reencontres Medias Nord-Sud". Cada um destes trabalhos, em si, traz uma proposta, uma linha, e principalmente, no caso das produções francesas, demonstrações de múltiplos recursos que a linguagem do vídeo possibilita. Servidos num banquete pantagruélico de imagens como acontece nos festivais - com sessões contínuas, acavaladas em horários simultâneos (o que faz com que os espectadores nem saibam bem o que escolher) não chegaram a ser absorvidos em sua totalidade - mas, entretanto, valem pela comprovação da vitalidade com que o vídeo se impôs nestes últimos anos. LEGENDA FOTO - Trabalhos de vanguarda, com alta tecnologia, realizados pela videomaker israelense Irit Barsy, radicada em Nova Iorque, foram mostradas durante o RioCine. Em cena, dois performers - Nolan Baer e Beate Gschwend num momento de "A Woman Trying do Read the Image".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
01/12/1990

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