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Aramis

Velvet Underground, o grupo de Andy Warhol

Andy Warhol, 55, é uma das personalidades artísticas mais polêmicas dos meios badalativos de Nova Iorque. Já fez histórias em [quadrinhos] e trabalhou como decorador antes de se lançar como um artista plástico de propostas renovadoras, fundindo elementos da publicidade (o famoso quadro da sopa Campbell's), comunicação (telefone), cinema (Marilyn Monroe) e [quadrinhos] (Dick Tracy), na corrente que se chamou Pop Art - e que explodiu no final dos anos 50. Criativo, autobadalativo, buscando sempre companhias famosas (por exemplo, a viúva Jacquie Kennedy/ Onassis), se lançaria também no cinema, com filmes underground ("Eat", "Kiss Sleep", "Empire", "A Man") e chegando a longas-metragens, nos quais apesar de aparecer como diretor, tinha na verdade um diretor de fato - o também anárquico Paul Morrissey ("Flash", "Trash", "Heat", "Frankenstein", "Drácula"). Para uma personalidade tão eclética - e astuta - também não seria surpresa a fusão musical e assim Warhol criou um grupo de rock, o Velvet Underground, um conjunto tão esquisito que surgindo em 1966, com a participação de Lou Reed e John Cale, só em 1985 teria o seu quarto LP editado. Assim como nunca foi músico, mas o seu carisma é que promoveu o Velvet Underground, definido em enciclopédias de rock como o grupo que, ao lado do The Doors, exerceu uma grande influência na música dos anos 80. Só que enquanto The Doors teve uma carreira regular, o Velvet Underground sempre foi bissexto em suas atividades. Ao surgir há 19 anos, em Nova Iorque, o VU era a resposta sombria da costa leste americana ao som "paz e amor" que começava a florescer na época (1966) na Califórnia. Para se diferenciar ainda mais o VU trazia como baterista uma mulher (Maureen Tucker), e além de Reed e Cale, do mesmo faziam parte o guitarrista Sterling Morrison e [a] vocalista Nico. Os dois primeiros lps ("Velvet Underground and Nico", 66 e "White Light/ White Heat", 67) foram aclamados pela crítica mas ignorados pelo público. Em 1968, já sem Nico, Lou Reed e John Cale se desentenderam, resultando na saída do Cale, substituído pelo baixista Doug Yule. Mesmo sem sucesso e já sem o entusiasmo do padrinho Andy Warhol, o VU editou o seu terceiro lp em 1969. Entre 1966/69, o Velvet Underground influenciou muitos músicos - o que hoje sente-se em grupos up do date como Siousxie and the Banshee, Joy Division, Bauhaus, Echo and the Bunnymen e outros. Gravados em 1969, e elepê (Verve/ Polygram) que só agora, 16 anos depois, é editado no Brasil, justifica o carimbo de raridade colocado na capa. Um disco no qual se tem a medida exata da fonte de inspiração que o VU foi para muitos dos grupos que hoje se proclamam inovadores e revolucionários. Mas, como diz Maurício Valladares, "eles também sabem que quase tudo começou há 20 anos passados". Em todas as relações dos melhores de 84 dos jornais e revistas especializados em música na Inglaterra, um nome se destacou: Lloyd Cole and Commotions. Liderado pelo guitarrista, vocalista e compositor Lloyd Cole, este grupo escocês pode ser situado em um ponto equidistante de outras bandas inglesas (The Smiths e Dire Straits). A puxar para o lado de Morrissey está toda a preocupação no que se refere a poesia e a ligá-lo com Mark Knopfler encontramos a qualidade de seus instrumentistas. Tudo isso envolvido por um som bastante similar e que desemboca em três grandes guitarristas. O lp "Rattlesnakes" (Polydor/Polygram) possibilita agora ampliar a informação sobre este grupo, anteriormente testado em termos de vendas com os compactos "Perfect Skin"e "Florest Fire". xxx Outro lançamento jovem e internacional: Kenny Loggins em "Vox Humana" (CBS) procura uma posição peculiar no rock. Buscando a sofisticação harmônica, Kenny tem sido chamado de jazz-rocker, contry-rocker e pop singer. Não se trata de nenhum estreante. Há 12 anos está na estrada, metade dos quais com o guitarrista e produtor Jim Messina com quem fez dupla (4 Discos de Ouro e 2 de Platina). Um milionário grupo de bons músicos incluindo Point Sisters, Carlo Anderson, David Sanborn, Steve Lukather - o Toto) entre outros, além do brasileiro Paulinho da Costa (percussão) foram reunidos para as sessões de "Vox Humana", um disco nos quais Loggins retoma a essência do rockabilly junto ao som harmonioso do Tennesse.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
08/09/1985

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