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Aramis

A venda da Editora Nacional

A quarta maior editora do Brasil - e uma das cinco maiores do mundo, ao que consta - está sendo vendida. Neste final de semana já deverá estar assinado o contrato de venda da Companhia Editora Nacional, de São Paulo para a [Livraria] José Olympio Editora, da Guanabara, num dos maiores negócios do mercado editorial brasileiro: cerca de Cr$ 150 milhões, cifra que pode chegar até Cr$ 168 milhões. Há mais de 60 dias que as cúpulas das duas empresas vem mantendo sigilosas conversações, tendo em vista o valor da venda e normal repercussão da operação. Dedicando-se quase que exclusivamente ao ramo didático, a Companhia Editora Nacional tem um volume impressionante de vendas, mantendo também uma das mais sérias coleções de [ensaios] e estudos sobre os temas nacionais - a Brasiliana. As negociações para a sua venda foram conduzidas pelo sr. Lindolfo Marcondes Ferreira, presidente da empresa desde o ano passado, quando faleceu o maior acionista, Octalles Marcondes Ferreira (1899-1972), que deixou 75% das ações [à] sua viúva, dona Yaya. Com dois únicos filhos - Caio, que não se interessou em continuar no ramo editorial e Cléo, esposa do editor Enio Silveira (principal acionista da Civilização Brasileira, na Guanabara) - a família Marcondes Ferreira decidiu vender a tradicional editora, dando prioridade nos negócios [à] José Olympio - que recentemente se associou a poderoso grupo editorial português, e que graças a financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento econômico, era um dos poucos grupos editoriais em condições de fazer o grande negócio - do maior interesse pois permitirá maior agressividade no setor didático (a José Olympio já tem duas subsidiárias, Didacta e Encine operando neste campo). No ano passado, segundo levantamento da revista "Visão" ("Quem é quem na economia brasileira ", agosto 74), a Companhia Editora Nacional, 4ª maior do País, apresentou [patrimônio] de Cr$ 58.731.000,00. A Companhia Editora Nacional foi fundada pelo escritor José Bento Monteiro Lobato (1882-1948), podendo-se dizer que suas origens estão na primeira tentativa editorial do autor de "Reinações de Narizinho": em 1918, ao lançar o seu primeiro livro de contos ("Urupês"), fundou a Companhia Gráfica Editora Monteiro Lobato, que viria a falir em 1924, quando então mudou-se para o Rio. Com a venda de uma casa de loterias em que era sócio, arrematou o espólio da massa falida de sua própria editora, fundando então a Companhia Editora Nacional, que prosperou e se tornou uma das maiores empresas do Brasil. Antes de falecer, o controle da editora passou para o editor Octalles Marcondes Ferreira. No Paraná, a representação da Editora Nacional e, há 21 anos, do livreiro e professor Ocyron Cunha - nome dos mais respeitados no magistério paranaense, onde ocupou os mais altos cargos. Um dos maiores vendedores de livros didáticos do País, por quatro anos consecutivos Ocyron manteve a liderança nacional na comercialização das publicações da CEN. LEGENDA FOTO: Ocyron
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
18/10/1974

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