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Aramis

A verdade de cada um

Em "A Faca de Dois Gumes", Fernando Sabino buscou o gênero policial, um tipo de literatura que ele próprio considera "subgênero". Mas, ao usar esse arcabouço, propõe discutir, desnudar a culpa e a ambiguidade encontradas na condição humana. Assim escolheu a relação interpessoal que considera mais perfeita: o casal. Nas palavras de Sabino, "o mais perfeito desencontro". Como acentuou Cesar Giobbi ("Jornal da Tarde", 9/4/85), Sabino não consegue entender porque um homem e uma mulher que se amam não só não se consigam entender, mas cheguem à traição, à mentira e mesmo ao crime. E o que mais o preocupa não são os crimes em si, que podem acontecer de verdade, ou apenas na cabeça das pessoas, mas "a transgressão da ordem moral". Assim, as três fascinantes novelas de "A faca de dois gumes" trazem essa questão, em estórias de notável encanto. A cleptomaníaca que atormenta o marido jornalista em "O Bom Ladrão", na procura da verdade - verdade também em dúvida no mencionado "Martini Seco" - e na última novela, que dá título ao livro, um crime perfeito com um final trágico. Igualmente, uma estória capaz de se transformar numa peça de teatro ou plot para um filme digno talento de Hitchcock. Analisando a obra, Sabino diz que ela tem um fio que une seus 19 livros editados e em contínuas reedições" - É a mesma tônica de todas as minhas obras, sejam elas crônicas, histórias infantis ou policiais, romances biográficos ou picarescos. Estou sempre buscando surpreender a verdade que se esconde atrás da realidade que se apresenta. E essa busca da verdade, na minha opinião, não é mais do que tentar recuperar uma inocência primitiva, um estado primitivo de origem divina.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
22/06/1985

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