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Aramis

Veteranos e novatos no mercado do rock

A prosperidade de uma novíssima geração que absorve a música pop faz com que as gravadoras continuem a manter uma intensa política de produção de LPs com grupos de rock nacionais, paralelamente à regular invasão de conjuntos novos - ou o reaproveitamento dos nomes já consagrados em décadas anteriores. A Polygram colocou nos últimos meses mais de 30 LPs de rock nas lojas, a CBS começou o ano com o pacote New Rock Collection, reunindo 12 grupos (dos quais apenas um, The Clash, já conhecido) e a WEA, que tem o marketing mais seguro na área também continua a explorar sua fatia. Aindda agora, pela WEA, temos "9012 Alive - The Solos", registrado em março de 1984 quando o grupo Yes voltou a excursionar por vários países. Formado em Birmingham, em 1968, por John Anderson (vocais) e Chris Squire (baixo), o Yes teve nestes 18 anos de estrada inúmeras substituições e evoluções. Seus integrantes passaram também por experiências-solo e no final de 1983 a banda retomou com uma nova formação, ainda com Anderson, Squire e Alan White (bateria) dos tempos históricos, mais Trevor Rabin (guitarra) e Tony Kaye (teclados). O álbum que fizeram então ("9012") ganhou o Disco de Platina e levou a música "Owner Of a Lonely Heart" ao primeiro lugar nas paradas. Agora, temos este registro de apresentações ao vivo, feitos no Canadá ("Hold On", "Changes", "Amazing Grace", "Whitefish") e Dortmund, Alemanha ("Si", "Solly's Beard", "Soon"). The Cars, banda formada em Boston, em 1977, por músicos que já haviam participado de outros grupos (entre os quais Richard and the Rabbit a Cap´n Sing), consegue manter-se com a mesma estrutura musical - um som pop com toques eletrônicos a apelos dançantes. Também a banda permanece inalterada, coisa rara no universo pop: Rick Ocasek (guitarra), David Hobinson (bateria), Benjamin Orr (baixo) Elliot Easton (guitarra) e Greg Hawkes (teclados, sax) - todos vocalistas. Em "The Cars Greatest Hits" (WEA) estão reunidos os principais sucessos de seus Lps anteriores ("The Cars", "Candy O", "Panorama", "Shak It Up" e "Heartbeat City"), todos, aliás, ganhadores de Discos de Platina nos EUA. Destaque especial para "Tonight She Gones", única inédita do LP. Ao lado de grupos conhecidos como Yes ou The Cars, a WEA traz novos artistas. É o caso do grupo pop norueguês A-Ha ("Hunting High And Low", janeiro/86), formado por Pal Waaktaar e Mage, amigos desde os 12 anos e que tocavam em várias bandas em Oslo. Aos 14 anos tentaram uma profissionalização em Londres mas não conseguiram maior aceitação. A associação com um terceiro amigo, Mort Harket, vocalista, deu novo ânimo ao grupo que há 3 anos, em Londres, voltou a buscar uma oportunidade até conseguir a boa vontade de Andy Wickmann, executivo europeu da Warner. Contratado pela multinacional, o primeiro LP do grupo (agora lançado no Brasil) vendeu 150 mill cópias na Dinamarca, valeu muitas premiações no universo pop e está dando chance ao A-Ha escalar em outros países, trrazendo uma música que mistura o dançável com um som muito potente. JAN AKKERMAN, guitarrista holandês, verdadeiro virtuose desse instrumento, ex-integrante do Focus, foi uma das boas revelações dos anos 70. Após seu trabalho com o Focus, fez magníficos discos solo e no ano passado, como flautista Thijs Van Leer, também ex-integrante do Focus, gravou um esplêndido e surpreendente LP instrumental. Naturalmente, Akkerman e Leer não ficaram nos instrumentos convencionais, mas buscaram todo o conhecimento pop-tecnológico, resultando assim um trabalhho dos mais interessantes, fazendo deste LP (Vertigo/Polygram), um dos lançamentos marcantes do semestre passado. Em algumas faixas, convocaram Gomez ("Russian Roulette", e "Indian Summer", não o clássico americano, mas composição de Akkerman), que também teve a participação na tagla do indiano Ustad Zamir Ahmad Khan. Sérgio Castillo dá um toque especial na percussão de "Le Tango", outra das faixas interessantíssimas desse LP gostoso e que se destaca na produção pop. Dos três irmãos que compõem o grupo australiano Bee Gees (Barry, Maurice), Robin foi o primeiro a tentar uma carreira solo, já em 1969, quando o grupo ainda não estava consagrado (em 1977, vendeu 50 milhões de cópias com as músicas da trilha de "Os Embalos de Sábado à Noite"). Robin Gibb é já um veterano, com quase 20 anos de estrada, com tempo, portanto, para se firmar como um vocalista seguro, independente dos suaves tempos do Bee Gees. E isto Robin busca alcançar em "Walls Have Eyes" (Polydor/Polygram), coleção de dez canções interessantes, todas de autoria familiar, incluindo momentos suaves como "Gone With the Wind" (talvez uma homenagem ao clássico filme de 1939), "Someone to believe in" e "Toys". A mesma Polygram traz, ao lado de um nome conhecido como Robin Gibb, os até agora inéditos Godley & Creme, com "The History Mix - Volume 1", já tendo um êxito disparado: "Cry". Todas as faixas são inéditas e esse duo inglês busca também seu espaço. Finalmente, aos ouvidos adolescentes dispostos a absorver o som pesado e elétrico do Kiss, temos a reedição (Casablanca/Polygram) de um de seus mais incrementados discos de 1974 - um ano após Paul Stanley e Gens Simmons ter formado este alucinante conjunto, na época com Aco Frehley (guitarra) e Paulo Criss (bateria). Há 13 anos na estrada, o Kiss apenas eletrificou-se cada vez mais, fazendo um som ensurdecedor. Mas que tem o seu público.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
27
23/02/1986

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