Login do usuário

Aramis

A viagem fantástica com Tião e Maurício

E como se fosse uma viagem mágica e iluminada pelo mundo dos sons. Só, no palco do Sesi (hoje, 21 horas, última apresentação), Maurício Einhorn faz sua harmônica-de-boca adquire uma dimensão de uma usina sonora: << Alvorada >>, uma composição da época da Bossa Nova, fazendo jus ao próprio título, desperta para um programa de 100 minutos em que se assiste a um concerto de música instrumental, como há muito não acontece em Curitiba. Os aplausos da música inicial ainda são grandes, quando adentra no palco um jovem de espessa barba negra, alto, gordo - incrível semelhança com o compositor Maurício Tapajós. É Arismar do Espírito Santo, 27 anos, 9 de vida profissional, baixista de formação jazzistica e capaz de dar ao baixo elétrico uma dignidade que só se imaginaria nos acústicos. Juntos, apresentam uma interpretação muito pessoal de << Here, There & Everywhere>., um dos maiores êxitos dos Beatles nos anos 60. Com a entrada de Sebastião Tapajós, virtuose maior do violão, o trio se completa. e << Samba Cigana >>, << Igarapés >>, << Ebulição >> e uma nova composição - a valsa << Blandice >> (que Tião fez há 3 semanas, durante sua participação no projeto Pixinguinha pelo Norte do Brasil, ao lado do Céu da Boca) são músicas que envolvem o público. Tirmo, precisão e harmonia nestas composições perfeitas. Arismar se afasta e ouve-se << Alma >>, uma entre tantas parcerias Sebastião/Maurício. O baixista retorna e um novo se tem início - com a antológica << Wave >> (Antonino Carlos Jobim), << Pedacinhos do Céu >> (Waldir Azevedo) e outras composições próprias: << Amigos Claudionar Cruz >> (choro de Tião em homenagem ao grande compositor), << Lua Juá >> (também de Tião), << Toy >> (Maurício) e << Suíte Para Détinha >>, uma parceria Tião/Maurício, em homenagem a Claudete, esposa do Einhorn - que, na platéia, se emociona mais uma vez. Outras duas homenagens: a Tom, com << Olha Maria >> e, encerramento o programa, << Bluesete >> - a mais conhecida composição de Thootsi Thilleman. O público, entretanto, quer mais. De pé, aplaude por vários segundos e o número extra é uma estraçalhadora interpretação de << Brasileirinho >> mais uma reverência ao Grande Waldyr Azevedo (1923 - 1980). Sebastião no violão acústico, com toda uma espontaniedade e criatividade que o faz hoje um dos mais requisitados concertistas (terça-feira, recital na Sociedade de Curitiba Artística, em São Paulo); Maurício Einhorn, que consegue dar as suas harmônicas-de-boca a dimensão de uma orquestra e o baixo seguro, perfeito deste jovem talento que é Arismar. Resultado: um espetáculo perfeito, que ainda hoje tem uma última apresentação no Teatro do Sesi. Absolutamente imperdoável para quem tem bons ouvidos o sabe aplaudir os grandes momentos da criação musical.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
16/10/1983

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br