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Aramis

Violência, terror e comédia para melhoras as bilheterias

Em época de salas esvaziadas, com o público cada vez mais distante dos cinemas, só produções que tenham o tripé ação-violência-terror conseguem razoáveis bilheterias. Assim, depois de "Rambo III" e "Inferno Vermelho" (agora no Cinema I), duas das poucas grandes bilheterias dos últimos meses, temos cinco estréias capazes de darem uma reação: a violência em "Duro de Matar" (Plaza), "Nico, Acima da Lei" (Astor) e "Braddock III - O Resgate" (Palace Itália), o terror em "Príncipe das Sombras" (São João) e a comédia de "Um Príncipe em Nova Iorque" (Condor). Apesar de toda badalação em torno de "Pagu", com a vinda de Norma Bengell para a inauguração do Cine Guarani, o fracasso da nova sala foi total: menos de 100 espectadores na primeira semana, obrigando a suspensão de sessões e a opção por reprises de filmes já testados em sua popularidade - como "Blade Runner - O Caçador de Andróides", de Riddley Scott (apenas em duas exibições, 15 e 20h30). No Ritz, "Pagu" continua em exibição, mas também com renda reduzida. O que é uma pena, pois trata-se de um filme interessante, mesmo que dando uma visão biográfica pouco fiel da precursora do feminismo brasileiro Patrícia Galvão (1907-1962), que tanto fascina Norma. Em compensação, "Feliz Ano Velho", de Roberto Gervitz (Luz) e "A Dama do Cine Shangai", de Guilherme de Almeida Prado (Groff), dois outros (bons) filmes nacionais, premiados em Gramado, estão tendo uma média razoável de público, que justifica continuarem em cartaz. Um Novo Rambo - John McTiernan estreou com o pé direito em "O Predador" com o halterofilista Arnold Schwarzenegger numa aventura das selvas, de tão boa bilheteria (reprisada há 2 semanas no Morgenau) que a Fox lhe confiou um projeto mais audacioso: "Duro de Matar" (Die Hard), cujo roteiro de Jeb Stesart e Steven Souza parece misturar elementos de "Inferno na Torre" com as aventuras de Rambo: numa torre de super-escritórios em Los Angeles, na noite de Natal, a festa de confraternização é interrompida por um grupo de terroristas que exigem um resgate de US$ 600 milhões. Entre os reféns, a bela executiva Holly Genaro McClane (Bonnie Bodelia), ex-mulher do policial John McClane (Bruce Willis, revelado popularmente na série "A Gata e o Rato" e que Black Edwards já usou em dois filmes recentes (o medíocre "Encontro às Cegas" e o inédito "Crime em Hollywood"). McClane, um tira durão, vai a Los Angeles para rever a mulher e filhas e se depara com os terroristas. Parte para a luta individual e, contra todos e tudo, transforma a véspera de Natal num campo de batalha, com seqüências de muita ação - área em que o diretor McTiernan parece ser competente. O filme não é ruim, pois até o rigoroso Vincent Canby ("New York Times") gostou ("quase um filme perfeito para os nossos dias"). Com muita ação, agrada a adolescentes e adultos - tão massificados na escalada do cinema ação-violência, um dos poucos filões capazes ainda de arrancar os espectadores do comodismo da TV-Vídeo. A montagem é da dupla John F. Link / Frank Urioeste (indicado para o Oscar em "Robocop") e no elenco está Alan Rickman, como o líder terrorista Hans Gruber. Rickman é um novo astro que surge nos palcos de Londres e na Broadway, com a nova encenação de "Ligações Perigosas", do romance de Chanderlo De Laclos. Enfim, mesmo sendo um produto comercial, dentro de uma linha-comum, "Duro de Matar" pode merecer atenção. xxx Na linha de superpoliciais, durões - que comporta toda uma dissertação (se houvesse espaço), surge mais um: "Nico", que em sua estréia ("Nico Acima da Lei", Cine Astor), mostra que é bom de tiro e briga. Nico é Steven Seagal e neste filme do desconhecido Andrew Davis não há nomes famosos (Palm Grier, Sharon Stone, Daniel Faraldo), com exceção do veterano vilão Henry Silva. Entretanto, deverá ficar entre as boas bilheterias da semana. O Preto que Agrada - Um dos astros de maior sucesso, campeão de bilheterias, Eddie Murphy é um príncipe africano que resolve deixar sua tribo e procurar uma esposa em Nova Iorque. Uma trama comum, mas que o talento de John Landis ("Um Lobisomem Americano em Londres", "Trocando as Bolas", "Os Espiões que Entraram em Fria", etc.), deve ser dado algum verniz. Eddie Murphy é um ator que funciona quando bem dirigido e nesta comédia ("Coming to America") está ao lado de outro bom ator negro, James Earl Jones, mais Arsenio Hall, John Ammos e duas belas crioulas: Allison Duan e Madge Sinclair. A verificar. Satã, Novamente - Aos 40 anos, 14 de cinema, John Carpenter tem se mostrado um diretor seguro no gênero do terror a partir do primeiro "Halloween" (Noite do Terror", 1976), seguindo-se "Christine, O Carro do Terror", "Fuga de Nova Iorque" e o lírico science fiction "Starman - O Homem das Estrelas". Portanto, este "O Príncipe das Trevas" (Prince of Darkness), rodado entre maio e junho do ano passado, pode surpreender - além de ter um público certo, que curte o terror. A história (de Martin Quaternass) tem, naturalmente, os exageros do gênero, mas a produção, a julgar pelos créditos, foi extremamente bem cuidada. O nome central do elenco é o veterano ator inglês Donald Pleasence e ao seu lado estão intérpretes como Victor Wong, que vem do teatro e televisão e o sino-americano Dennis Dun, também com muita experiência em palcos - mas que já atuou em "O Ano do Dragão" (de Michael Cimino) e "O Último Imperador" (de Bernardo Bertolucci). Anteriormente, se destacou em "Os Aventureiros do Bairro Proibido" (Big Trouble in Little China, 86), do próprio Carpenter. Como em outros filmes, Carpenter acumula também a criação da trilha sonora. A verificar pelos fãs do gênero. Sub-Rambo - Chuck Norris é um sub-Silvester Stallone, que foi inventado por Menahem Golan e Yora Globus para ficar com as sobras da linha "Rambo". E, para tanto, foi criado o personagem "Braddock", que agora chega em sua terceira aventura - "O Resgate" - direção de Aaron Norris (?). sem qualquer atrativo maior - na linha de filmes descartáveis que a Connan produz e que Alex Adamiu, da Paris Filmes, lança no Brasil - em seu circuito de cinemas e também pela América Vídeo. Outras Opções - Na Cinemateca, um ciclo de documentários pode ser uma opção a quem se interessa pelo cinema do real. No Groff, amanhã e meia noite, e domingo às 10 horas, reprise do interessante "Esposamante", de Marco Viccario. No Astor, em pré-estréia, no sábado, "Os Fantasmas se Divertem", enquanto que no Luz, domingo em matinada, "Os Fantasmas Trapalhões". "9 ½ Semanas de Amor", de Adrian Lyne - com a sensualidade de Kim Basinger e Mickey Rourke, confirma que é daqueles filmes-Midas: não esgota o público jamais. Vale a pena rever, pela bela trilha de Jack Nitzsch e caprichada fotografia de Peter Biziou. E por Kim, é claro! Na próxima semana, se tudo der certo, a estréia do filme-polêmica do ano: "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorcese. O que fará com que se veja algo há muito desaparecido no cenário curitibano: filas de espectadores defronte um cinema. LEGENDA FOTO 1 - "Um Príncipe em Nova Iorque": Eddie Murphy agrada seu público. No Condor. LEGENDA FOTO 2 - "O Príncipe das Sombras": satanismo que sempre atrai. Em exibição no São João.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
28/10/1988

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