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"Z" vai até domingo e muitas estréias ótimas

Para quem se interessa em acompanhar o cinema, teatro e outras manifestações artísticas, Curitiba começa a imitar as grandes metrópoles, em certas semanas, as opções são tantas que mesmo programando-se com antecedência, reservando-se um bom orçamento para as naturais despesas, torna-se impossível verificar tudo que pode merecer interesse, a quem tem uma visão mais ampla, sem preconceitos. Sem falar nas opções nos palcos - o Ballet [Trockadero] de Monte Carlo, hoje a domingo no grande auditório do Guaíra; o excelente show "Zumbido", com Paulinho da Viola e grupo, nos dias 28 e 29, no auditório Salvador de Ferrante, sem falar na indispensável "parceria inédita", que, segunda-feira, 28, reunirá o compositor-cantador Elomar Figueira de Mello ao jornalista e escritor Fausto Wolff, no Paiol, numa promoção que só mesmo a capacidade e inteligência da jornalista Lúcia Camargo poderia tornar possível. Mas, vamos aos filmes, sempre sujeitos a mudanças de última hora, já que os responsáveis pelas programações das casas de exibição estão cada vez com maior número de produções a espera de lançamentos, do que salas disponíveis (enquanto muitas continuam fechando: Morgenau e Avenida, em contagem regressiva, atenção alcaide Jaime Lerner!) De princípio as continuações: "Kramer x Kramer", de Robert Benton, catapultuado com 5 Oscars (filme, ator: Dustin Hoffman; atriz coadjuvante: Merryl Streep; diretor e roteiro adaptado: Robert Benton), ao qual se somou mais de 10 outras premiações internacionais, com uma história da maior contemporaneidade - a disputa de uma criança pelos pais separados, reunindo assim elementos sociológicos e, também lacrimogênicos, poderá conseguir um fato meio raro: ficar entre os 10 melhores do ano, seguramente, entre as críticas, e também entre os de maiores bilheterias. As fitas que se formam defronte o Astor, impedem que; ao menos por mais uma (ou duas), esta produção de Stanley Jaffe, distribuição da Colúmbia, seja substituída por outra. E, mesmo saindo do Astor, passará para outro cinema. "Z", de Costa Gravas, que mantém extraordinária atualidade, passados 12 anos de sua realização (e 17 do crime político ocorrido na Grécia, que motivou o romance de Vassili Vassilikos), ficará até domingo, no Plaza. Apesar do público aumentando a cada sessão, a carreira desta obra tão polêmica quanto corajosa será interrompida. Segunda-feira, ali estréia "Os Meninos do Brasil" (The Boys From Brazil), que Franklin J. Schaffner ("Vassalos da Ambição", "Patton, O Rebelde", etc.) realizou há 2 anos, rodado em Portugal (?), com base no best-seller de Ira Levin. O argumento - uma ficção - científica em termos do renascimento do nazismo, o bom elenco - Gregory Peck, Laurence Olivier, James Mason e Lili Palmer, tornam dos mais recomendáveis esta produção de Sir Lew Grade. Apesar do nome do Brasil no título, a ação tem pouco em relação ao nosso País. Para muitos, especialmente os mais jovens, "Queimada" (Queimada), de Gilo Potecorvo, tem o sabor de estréia. Rodado há 11 anos, com roteiro de Franco Salinas, é uma análise contundente sobre as relações colonizador/colonizado, com tanta seriedade que este filme, estrelado por Marlon Brando e Renato Salvatori (o assassino direitista de "Z"), não chegou a ficar mais de um ano em cartaz, na década passada, no Brasil: como "Sacco & Vanzetti" (agora também sendo relançado), "Mimi, O Metalúrgico", "A Classe Operária Vai ao Paraíso" e "Sopro no Coração", teve suas cópias recolhidas. Hoje, a meia-noite, haverá a exibição de "Queimada" no Astor, estando prevista sua programação no Bristol, a partir de segunda-feira. Já "Coração de Cristal" (Herz Aus Glas), 1975, de Werner Herzog, o mais badalado dos cineastas da nova geração da República Federal da Alemanha, fazendo filmes desde os 24 anos, terá amanhã pré-estréia na sessão da meia-noite do Astor e programação normal no Cinema 1, a partir de segunda-feira, caso "Apocalypse", de Coppola, em 2ª semana, não resista por mais alguns dias. A maioria dos filmes de Herzog são conhecidos do público curitibano graças ao Goethe Institut, pois o casal Helmut-Heid Lied (há 2 semanas no Canadá), nos 7 anos que aqui dirigiram a instituição, se esforçaram em trazer o máximo possível de filmes dos novos realizadores alemães, política que, felizmente, parece ter continuidade, haja vista a mostra que o Goethe promove neste fim de semana na Sala Arnaldo Fontana do Museu Guido Viaro. Após "Aguirre, a Cólera de Deus" (1972) e "Bruno S" (Jader fur Sich und Gott Gegen Allen), este "Coração de Cristal" também obtém distribuição da Eurobrás, chegando a uma faixa maior de público. O ator principal é Josef Biebichler, a fotografia de Jorg Schmidt-Reitwen e a música de Popolvuh. A história de Herber Achtenbusch. Nomes desconhecidos, mas que nunca devem ser anotados pelos interessados. No Avenida, tão logo a pornochanchada "Essas Deliciosas Mulheres", de Ari Fernandes, deixe o cartaz, está prevista a estréia de um filme de verificação obrigatória: "Em Louvor à Mulher Madura" (In Praise of Older Women). Produção de Robert Lentos & Claude Heroux, distribuída pela WEA, traz um novo cineasta, possivelmente húngaro, George Kaczender, que foi buscar no romance de um compatriota, Stephen Vizinczey, o argumento para este filme que define como "dedicada à mulher madura e dirigida aos homens jovens: e a ligação entre os 2 é a minha proposta". A história de um homem enamorado pelo amor, Andras Vayda (Tom Berenger), que cresce na Húngria e, enfrenta conflitos político-sociais, vai descobrindo o mundo entre experiências amorosas. Enfim, o exemplo do filme modesto, programado para um cinema impróprio e que pode surpreender, chegando a aparecer entre os melhores do ano. Por isso, olho vivo! Para o público infantil, sem muitas opções, até domingo, no Bristol (amanhã e depois, 4 sessões), "A Garotada Vai no Japão" (The Bad News Bears to Japan), de John Berrym [seqüência] de Garotos em Ponto de Bala", que Michael Ritchie dirigiu há 2 anos, rendeu tanto, que decidiu agora produzir esta [seqüência]. Desta vez o time de basquete vai ao Japão, comandado por Tony Curtis, ator que andava meio desaparecido das telas. Segunda-feira, finalmente, chega "Emanuelle, A Verdadeira" (Emmanuelle), 71, de Just Joeckin, holandês que graças a esta produção que ajudou a liberação erótica do cinema na década passada, ficou rico e transformou Silvia Krystal em superstar. A mesma Sylvia fez duas [seqüências] e, paralelamente, 11 falsas "Emmanuelles" apareceram (até a "Tropical", de J. Marreco, no Brasil, já vendida até em redução Super-8), de forma que agora, após a liberação desta produção - numa "novela" que envolveu o Conselho Superior de Censura, implicou num relatório especial do conselheiro Ricardo Cravo Albim e só foi liberado após o ministro Abi-Ackel dar o seu "hil obstati". É claro que com tanta polêmica, "Emanuelle, A Verdadeira", vai render milhões em todo o País. Também com erotismo e belas mulheres - Ana Maria Magalhães, Cristina Aché, Regina Casé, Sura Berdichevsky e Thelma Reston, "Os 7 Gatinhos", de Nivelle d'Almeida, da peça de Nelson Rodrigues - que causou polêmica há 22 anos passados - permanece no São João, adiando a estréia de "Perigosos Inocentes" (Attention Les Enfants Regadent), de Christopher Frank, de verificação obrigatória quando estrear. A Embrafilmes, lança também mais duas produções nesta semana: no Condor, "O Sol dos Amantes", de Geraldo Santos Pereira, com Francinete, Júlio Braga, Osvaldo Loureiro e Wanda Lacerda e Átila Iório. Já no Lido, "Os Noivos", de Afrânio Vital, com Neila Tavares, Reinaldo Gonzaga, Maria Llúcia Dahl, Sônia Oiticica e Norma Sueli. Um tema interessante: as indecisões de um casal ante o casamento. E frente a falência desta instituição - vide "Uma Mulher Descasada", "Dois Numa Cama...", "Kramer x Kramer", o tema não poderá ser mais atual. Haja tempo para tantos programas !
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Cinema
13
25/04/1980

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