Login do usuário

Aramis

ZonaZul e Aquarela, as revelações instrumentais

Na programação nacional do V Free Jazz Festival, as duas gratas revelações, em termos de grande público, foram as apresentações dos grupos Aquarela Carioca e ZonaZul. Ao convidar estes grupos para participarem do maior evento de música internacional-jazzística que vem acontecendo no Brasil, as irmãs Dauelsberg, da Dueto Produções - que organizam o Free Jazz Festival - reconheceram o talento de uma rapaziada da maior seriedade e que, já há tempos, vem fazendo música de primeira qualidade - mas que, infelizmente, dentro da ditadura da mediocridade que caracteriza as programações das rádios brasileiras, não dá chances de que trabalhos como este sejam divulgados. Assim, só mesmo quem se liga ao que há de melhor na nova música instrumental tem sabido adquirir os discos do ZonaZul e Aquarela Carioca, muitas vezes jogados nas últimas fileiras dos balcões-de-ofertas das lojas. O ZonaZul já tem um segundo elepê lançado pelo Som da Gente ("Luz a Noz"), que vem confirmar o talento de seus integrantes e, especialmente, a criatividade do líder e tecladista Michel Freidenson, autor de sete dos 10 temas incluídos. Trabalhando sozinho ou com parcerias - como o flautista Teco Cardoso ("Alles Drauf"), Freidenson desenvolve uma música nova, que ganha uma dimensão na plena identificação sonora do grupo, formado por Teco Cardoso na flauta; Jarbas Jr., na guitarra; Ac. Dal Farra na bateria e Sylvio Mazzuca Jr., no baixo elétrico. Além dos temas de Freidenson, o ZonaZul incluiu "Um Jegue em Estocolmo" (Sylvio Mazzuca Jr. / Teco Cardoso), "Na Zona do Agrião" (Jarbas Jr.) e uma homenagem a Hermeto Paschoal ("Lembrança Eterna"). Aquarela Carioca surgiu como grupo instrumental há três anos e chegou há alguns meses ao seu primeiro elepê, mostrando uma evolução musical desenvolvida ao longo de dois anos de trabalho regular. O Aquarela Carioca é formado por Marcos Suzano (percussão), Paulo Muylaert (guitarra, violão e flauta), Lui Coimbra (cello, charango e violão), Mário Seve (sax e flauta) e Papito (baixo e violão), todos na faixa dos 20/30 anos, com boa experiência musical, acompanhando nomes famosos (João Gilberto, Carmen Costa, Turíbio Santos, Radamés Gnatalli, etc.), em diferentes épocas. Também com formações diferentes, misturam formações de um cello erudito (Coimbra), da percussão (Suzano), a guitarra do rock (Muylaert), sax/flauta do choro (Seve) e jazz (o baixo de Papito). O resultado foi um disco independente (mas distribuído pela Vison) que, na definição de Marcos Suzano, "é um retrato auditivo e atual do Rio de Janeiro: vivo, bem humorado e luminoso". Assim, os temas instrumentais reunidos vão do mais legítimo samba ("Carnaval"), maracatu ("Cascavel") e choro ("Não Adianta Chorar"), a influências de afros ("African Market Place", "Top Ten / Baby"), homenagens a Piazzolla ("Deus Xangô") e até o orientalismo indiano ("Mantra"). Com ritmo e criatividade, Aquarela Carioca tem cores e encanto. Bola pra frente!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
24
17/09/1989

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br