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Zuza na direção faz um belo espetáculo com Gilberto Gil

Habitualmente crítico de espetáculos - função que exerceu por mais de 10 anos em "O Estado de São Paulo", Zuza Homem de Mello está agora no outro lado do rio: desta vez é o diretor de um espetáculo que após estrear em Curitiba (domingo, 13), tem apresentações no Rio de Janeiro (Canecão, hoje) e São Paulo (Anhembi, sexta-feira e sábado): Gilberto Gil, Dominguinhos e uma nova cantora baiana - Margareth Menezes. A julgar pela reação do público na estréia nacional deste espetáculo (patrocinado pela BASF, dentro de uma estratégia de promoção da fita Chrome Super II), Zuza saiu-se bem também nesta função. Mais de dois minutos de aplausos entusiásticos, ao final, com os artistas dando um emotivo bis: "Januário", homenagem ao grande Luiz Gonzaga, falecido há duas semanas. xxx O espetáculo foi aberto com Margareth Menezes, baiana serelepe, belíssima voz e que no ano passado fez seu primeiro elepê (agora está terminando o segundo), cantando duas músicas de autores baianos ("Elegibo" e "Alegria") e dando sua leitura pessoal ao "Brasil" de Cazuza (numa prova difícil, já que Gal Costa marcou indelevelmente esta "protest song" do final dos anos 80). Dominguinhos, com toda sua brasilidade no acordeon e voz, entrou no palco e arrasou com um repertório inteligentemente escolhido por ele e Zuza ("Canta Luís", "Gostoso", "Reboco", "Riacho", "Verão"). "Gandaideira" e "Sete Meninas" antecederam o duo com Gilberto Gil - com uma parceria que lembra um autêntico blues do agreste - "Lamento Sertanejo" e, levando o público ao entusiasmo, de pé, no clássico "Eu Só Quero um Xodó". Gil, no palco, com sua firmeza harmônica, amparado numa excelente banda - Raul Mascarenhas (flauta, sax), Celso Fonseca (guitarra), William Magalhães (teclados) e a percussão a cargo de Jorginho, Didi e George, mostrou toda sua categoria com "Palco" e "Realce" - e depois "Baticum" (letra de Chico Buarque, do seu novo elepê "O Eterno Deus Mu Dança", WEA). Um bloco nostálgico, emotivo e mostrando alguns dos melhores momentos de sua bela produção ao longo de duas décadas e meia: "Procissão", "Vim da Bahia", "Domingo", "Expresso 2001", e, finalmente, "Super-Homem", num arranjo perfeito, mostrando toda a beleza desta música. "Não Chore Mais", sua versão do reggae de Bob Marley, fez, novamente, o público, em pé, vibrar, prosseguindo na excitação com "Toda Menina". Seguro, alternando a emotividade das canções mais lentas ao crescimento do espetáculo com o público participando, Gilberto Gil mostrou uma face mais tranqüila, de um artista que aos 47 anos, completados no dia 29 de junho, está no melhor momento de sua carreira - como já demonstrou em seu último elepê, infelizmente recebido com incompreensão por parte da crítica que fica sempre a lhe cobrar novidades - como isto fosse uma necessidade de um artista de sua dimensão. xxx Ao lado da competência musical de Gilberto Gil e Dominguinhos e a revelação de Margareth Menezes, o espetáculo teve um belíssimo visual. A exemplo do que já havia feito no show anteriormente dirigido também para o projeto da BASF - e que reuniu Milton Nascimento, Paulo Moura e Clara Sandrini (e que infelizmente não veio a Curitiba), Zuza, com sua experiência de muitos anos da televisão (dos tempos áureos da Record, na segunda metade da década de 60) fez uma brilhante utilização de back-projection com imagens capturadas no palco, dos artistas, vistas em dois imensos telões. Combinada a uma precisa iluminação, o espetáculo resultou belo e perfeito. Ricardo Botelho, gerente de comunicação da BASF - e responsável pelos espetáculos artísticos patrocinados por esta multinacional - garante que em breve sairão os discos e vídeos dos espetáculos de Milton e Gil, em tiragens destinadas apenas para distribuição dirigida. LEGENDA FOTO - Gil: um espetáculo classe A que teve sua estréia nacional no Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/08/1989

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