Para levantar as centenas de nomes estranhos em seu original estudo ("Nomes Próprios Pouco Comuns", Livraria São José, agosto/74), o pesquisador Mário Souto Maior fez um levantamento em 79 publicações, consultou dezenas de pessoas e procurou, cuidadosamente, comprovar os nomes esdrúxulos reunidos nesta sua original obra - realmente uma [denúncia] contra a falta de critérios com que se dá nomes em nosso País, em especial por parte das pessoas mais humildes.

Com um programa panorâmico para mostrar, de fato, o que a Bahia tem - dos pratos típicos [às] mais vanguardistas manifestações de arte - a Bahiatursa e a Rede Globo de Televisão, promovem, de 21 a 29 de setembro, no Anhembi, em São Paulo, a Feira da Bahia. Espetáculos de dança, teatro (inclusive as experiências de Cordel, [desenvolvidas] por Soninha dos Humildes), folclore, música experimental, folclore, música popular e cinema, deverão levar ao Palácio das Convenções milhares de visitantes.

Poucos meses após aparecer nos EUA, chega ao Brasil o mais recente lp do guarapuavano Guimorvan Moreira: "Virgin Land", primeiro que aparece em sua própria etiqueta - Salvation, criada dentro da CTI Records, como exigência do percussionista paranaense em não deixar a gravadora de Creed Taylor - de onde saiu recentemente o pianista Eumir Deodato, agora no MCI Records.

Regina Schulmann, 12 anos, aluna da Escola Israelita Salomão Gulemann e filha caçula do engenheiro Mauricio Schulmann, presidente do BNH, recebeu uma boa notícia ontem de manhã: seu trabalho sobre a Bahia, no concurso promovido pela Bahiatursa entre crianças dos estados da Guanabara, São Paulo e Paraná, para sentir como elas "vêem" a boa terra, foi premiado em primeiro lugar e assim ganhou uma viagem, de uma semana, a Salvador, nas próximas férias.

Tratados até hoje apenas jornalisticamente - e na maioria das vezes em seus aspectos sensacionalistas, sem uma pesquisa de maior profundidade - os conflitos de terra no Oeste e Sudoeste do Paraná ganham agora sua primeira tese universitária - destinada a se transformar em livro tão logo seja defendida pela autora, perante banca examinadora da Universidade de São Paulo.

O aparecimento de um conjunto como "Achados & Perdidos" (lp RCA, 109.008, julho/74), pode ser entendido, ao lado de um natural oportunismo, querendo desviar um pouco do (imenso) público do Secos & Molhados, antes de sua desintegração, como também um reflexo das dúvidas que atacam uma parcela dos músicos-intérpretes brasileiros, de pouca formação intelectual, no capitalista desejo de fazer sucesso a qualquer preço.

Ao mesmo tempo em que aparece o seu livro "Nomes Próprios Pouco Comuns" (Livraria São José, GB, agosto/74), o escritor Mário Souto Maior, chefe do setor de intercâmbio cultural do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em Recife, está enviando a todos os deputados federais - e também se dirigindo aos prováveis futuros parlamentares - uma carta aberta, onde faz uma importante sugestão: seja apresentado um projeto de lei ou uma emenda ao Código Civil proibindo o registro civil de cidadãos brasileiros com nomes de grande homens nacionais e estrangeiros.

Apesar do projeto de lei nº 73/74, oriundo da Assembléia Legislativa que declarava de Utilidade Pública a Confederação Umbandista do Paraná, ter sido vetado pelo governador, o movimento umbandista do Estado está crescendo cada vez mais, o que inclusive animou o sr. José Maria Bittencourt, proprietário de um hervanário na cidade e de grande liderança entre as tendas da cidade, a se candidatar, novamente, a uma cadeira no Legislativo, tentando conseguir no Paraná aquilo que os umbandistas já tem há anos na Guanabara: representação parlamentar.

Nesta época de nostalgia, até os estudantes de direito da Universidade Federal do Paraná vão tentar rememorar os tempos em que as inflamadas campanhas dividiam os alunos entre os [três] partidos da Faculdade - PAR, PAP e PDU, hoje extintos. Ricardo Mac Donand Ghisi, 25 anos, membro do Conselho Universitário e representando a situação - o MAP - Movimento Acadêmico Progressista, desafiou a oposição - o PAI - Partido Acadêmico Independente, para um debate sobre os problemas do Centro [Acadêmico] Hugo Simas que sobrevive há 43 anos e principalmente, os do curso jurídico.

Uma peça como "Freud Explica! Explica" (Auditório Salvador de Ferrante, até domingo em cartaz, 21 horas) pode propor um tema para (acalorados) debates: até que ponto é válida a exploração de um problema sério, atual, como o homossexualismo, para uma diversão sem maiores [conseqüências]?

Com um público imenso e fiel, a música orquestrada, [romântica], suave, é mercado seguro, justificando crescentes investimentos nesta área. De monstros-sagrados que vendem milhares de cópias de discos em poucas semanas - como Paul Mauriat - até novas tentativas, em ascendente aceitação - como o Jerry Ross Symposium - uma série de lps que tem a sua vez e hora para um público convencional e de razoável poder aquisitivo. Aqui vão os registros.

Mais do que um simples espetáculo de fim-de-semana, as duas únicas apresentações "Do Chorinho ao Samba" (Teatro do Paiol, hoje e amanhã, 21 horas) se constituem, na verdade, em didáticas récitas sobre uma das mais importantes fases de nossa música popular, produzida com tal esmero que mereceria ser incluído pelo Ministério da Educação e Cultura, em seu oneroso - nem sempre devidamente eficiente - Plano de Ação Cultural.

Ainda no campo dos projetos, mas sem qualquer possibilidade de execução nos próximos meses, uma nova idéia dos arquitetos do IPPUC: a implantação [das] "ruas de criação" em certas zonas da cidade. Assim como se tenta implantar as "ruas de recreação", através de um esforço comunitário em que os próprios moradores financiam, via URBS, a aquisição de mobiliário para a diversão da garotada, que tem [à] sua disposição largas e arborizadas calçadas, o projeto das futuras "ruas da criação" também dependerá, basicamente, do esforço comunitário. xxx

Menos de 60 dias após a edição do nostálgico "The Tra La Days Are Over" (MGM Records/Phonogram, 2315248), onde executando piano, órgão e cantando, lembrava alguns de seus grandes sucessos nos anos 60, Neil Sedaka retorna [à] praça com outro lp interessante para o seu público: "Solitaire" (RCA Victor, 104,8014, agosto/74). Nascido a 13 de março de 1939 em Nova Iorque, Sedaka foi um dos nomes de grande prestígio na música jovem tanto nos EUA como na Inglaterra nos anos 60.

Lançado no Brasil quase que simultaneamente ao seu aparecimento nos EUA, o livro-denúncia "A CIA e o Culto da Inteligência" (Editora Nova Fronteira, setembro/74, 198 páginas Cr$ 45,00) adquire algumas características especiais, que o tornam mais do que um simples best-seller. De princípio é a primeira vez que nos Estados Unidos, surge um livro censurado por decisão do Tribunal Federal os autores, Victor Marchetti e John D. Marks tiveram que submeter o manuscrito do presente livro à Cia (Central Inteligency Agency) para censura prévia.

Betty Erthal, 25 anos, formada pela [Escola] de Arte Dramática da Guanabara, participação em 3 elogiados espetáculos - "A Capital Federal" de Arthur Azevedo, "Dorotea" de Nelson Rodrigues e "A Torre em Concurso" de Joaquim Manuel de Macedo, tem agora sua prova de fogo em termos teatrais: foi escolhida para substituir a superstar Marília Pêra na remontagem de "Apareceu a Margarida" de Roberto Athayde e na opinião de quem viu a montagem anterior, está muitos pontos acima da interpretação daquela famosa atriz.

Mais alguns nomes importantes do jazz moderno - o flautista Hubert Laws, os guitarristas Gabor Szabo e Eric Gale, - em lançamentos fartos feitos no Brasil pela Top Tape, aqui representando a CTI e Kudu Records, do experiente Creed Taylor, que divide com Norman Granz (agora com nova etiqueta, a Pablo Records), a mais ativa produção jazzística nos Estados Unidos.

Os grandes problemas nacionais, representados pela persistente marginalização da grande maioria de nossa população, excluída dos benefícios do crescimento econômico, que tem apenas incrementado a concentração da riqueza, aumentando em conseqüência, as desigualdades sociais; a exacerbada dependência do Brasil diante dos países centrais, expressa pela ampliação dos índices de desnacionalização de nossa economia e pela crescente subordinação tecnológica exigem a celebração de um novo pacto social que permita ao país enfrentar, com êxito os novos desafios que lhe estão sendo lançados.

Ontem, numa das rodas políticas da cidade, se tentava uma análise do aproveitamento dos programas do TRE, nas rádios e emissoras de televisão da cidade, diariamente colocados [à] disposição dos candidatos aos cargos eletivos.

É justo que se registre também os lançamentos menores artisticamente, mas que, em termos de comercialização atingem vendas expressivas, garantindo com altos lucros, os investimentos das gravadoras. Eis alguns exemplos: