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Aramis

Artigos por data (1987 - Agosto)

Em Fortaleza, filmes inéditos e de qualidade

Fortaleza, agosto - Com menos de Cz$ 3.000.000,00, o Ceará está realizando um festival exemplar do cinema brasileiro. Dois anos após a sua primeira edição (outubro/85), graças a um mutirão de esforços em que somaram a Universidade Federal, Secretaria da Cultura/Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, Banco do Nordeste e Federação das Indústrias, tornou-se possível viabilizar um evento que, discreto e eficiente, conseguiu trazer à turística capital cearense aquilo que mais importante há para um festival: filmes inéditos e de qualidade.

Tenentes e revoluções do Brasil

Fortaleza - João Baptista de Andrade, 47 anos, é um dos mais políticos cineastas brasileiros. Quando lhe perguntam sua idade, diz, brincando, que "em 64 eu tinha 24 anos" e o golpe de 1º de abril o marcou profundamente, tanto é que, ainda este ano, pretende publicar um livro de contos em que refletirá o que sofreu na época, cujo título é sintomático: "Perdido no Meio da Rua".

No campo de batalha

Exatamente na hora em que o excelente média-metragem "Rio de Memórias", mostrando imagens de uma Copacabana do início do século, era exibido terça-feira, 4, no Cine São Luiz - no II Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro - chegava a notícia da morte de Dick Farney (Farnésio Dutra, 66 anos), o cantor que imortalizou as imagens românticas da Copacabana dos anos 50, na canção de João de Barros / Alberto Ribeiro. xxx

Hermínio, uma autobiografia!

Ele é poeta, letrista, produtor fonográfico, diretor de shows, bom amigo e excelente copo. Tem o dom de fazer coisas bonitas em tudo que se propõe, seja uma música, um show, um livro. Seus amigos espalham-se pelo mundo e é um dos batalhadores pela cultura de raízes, valorizando tudo que é brasileiro da gema. Já houve até quem o quisesse como Ministro da Cultura ou presidente da FUNARTE - sem falar na Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro. Mas ele prefere ser apenas um agitador cultural lutando pela MPB, fazendo projetos belíssimos - como o Bello de seu nome.

Em discussão, o futuro dos festivais

Fortaleza - Uma reunião improvisada à margem da programação oficial trouxe a este II Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro, a discussão de uma questão importante: critérios, validade de organizações dos festivais de cinema que começam a se multiplicar pelo Brasil.

No campo de batalha

Uma tendência cada vez maior que se observa no cinema brasileiro desta segunda metade dos anos 80: a "Obra Aberta", deixando a cargo dos próprios espectadores interpretações mais amplas sobre as histórias, sem detalhamentos de certas personagens e situações. Em "Ele, o Boto", Walter Lima Jr. usa e abusa da liberdade de possibilitar que a lenda tenha diferentes visões de cada assistente.

Tradutores & Leiloeiros (quantos e aonde estão)

Quantos tradutores juramentados existem no Paraná? E leiloeiros oficiais? Na verdade, há menos tradutores públicos e intérpretes comerciais em exercício, com os respectivos números de matrículas e idiomas em que se acham habilitados, para efeito de validade de tradução de livro ou documentos, perante as repartições públicas, Juízo ou Tribunal, do que leiloeiros. xxx

Eny abre os olhos e encontra o nome

Há seis meses que a advogada Eny Carbonar buscava o título para o livro que escreveu sobre a experiência que teve como diretora do Presídio de Mulheres, em Piraquara. Várias sugestões foram feitas, mas nenhuma lhe agradava. Mulher sensível, poeta bissexta, Eny queria um título que transmitisse a idéia de esperança e liberdade, mas dentro da realidade das mulheres condenadas pela sociedade. O nome de um quadro elaborado por uma das internas, quando ela dirigia o presídio, é o que estava mais próximo de seu pensamento: "Da Janela de Minha Cela Vejo Pássaros".

No campo de batalha

Marco Aurélio Marcondes, ex-diretor de comercialização da EMBRAFILME e agora braço direito do poderoso Ugo Sorrentino (Art Filmes), esteve na cidade, acertando com João Aracheski, executivo da Fama, o lançamento de produções importantes que estão chegando ao Brasil. Entre outros filmes, "A Manhã Seguinte", de Sidney Lumet com Jane Fonda e "A Companhia dos Lobos", de Neil Jordan (o mesmo diretor de "Monalisa", prometido para breve no Palace Itália). xxx

Maravilhoso sax de Sadao

Não é sem razão que o Blue Note Jazz Club, em tão boa hora idealizado pelo empresário Eduardo Guy de Manoel, está dando certo, com uma afluência cada vez maior de interessados em conhecer o melhor jazz. Apesar da crise, as vendas de ingressos para a terceira edição do Free Jazz Festival (setembro, Rio/São Paulo) estão surpreendendo, ao que nos conta a organizada Yvone Kassou, divulgadora do evento, e a discografia jazzística cresce cada vez mais.

A volta do Prince dourado

Os dois criolos mais bem sucedidos da música pop americana estão novamente na pista. Prince saiu com a vantagem de algumas semanas com seu novo elepê ("Sign'O The Times"), mas o marketing em torno de Michael Jackson é poderoso e o mix com "I Just Can't Stop Loving You", nas praças há semanas, antecipa o que será o elepê, lançado mundial e simultaneamente.

O Casopeia que chega do Japão

Não há dúvida de que um padrinho famoso ajuda bastante. Se Gilberto Gil não tivesse se entusiasmado com o Grupo Casopeia, do Japão, por certo o grupo não viria ao Brasil e teria um elepê aqui editado. Mas é que o Sr. Presidente da Fundação Gregório de Mattos, de Salvador, gostou do som que o Casopeia fazia na Alemanha em 1985, que, agora, neste ano da graça de 1987, ajudou a sua excursão por várias capitais - incluindo Curitiba e, estimulou a sua gravadora, a WEA, a editar o elepê "Halle", com o selo Geleia Geral, do próprio Gil.

Jards, um coringa da MPB, em grande forma

Uma das melhores notícias deste ano de 1987 foi o retorno à cena de Jards Macalé (Jards Adet da Silva, Rio de Janeiro, 03/03/1943). Compositor, cantor, produtor musical, agitador de eventos, o bom Jards atravessava uma fase pesada, com mil problemas pessoais, o que o fez permanecer afastado dos discos e dos shows.

No Festival da Terra "Classe" é a premiada

Não foi intencional nem ideologicamente planejado mas acabou sendo o "Festival da Terra". A projeção de realizações em diferentes bitolas de obras que focalizam a questão da terra, sua ocupação e seu domínio, acabou dando um toque político ao II Festival de Fortaleza do Cinema Brasileiro, encerrado na madrugada de domingo, 9, com a projeção de "Jubiabá", de Nelson Pereira dos Santos - presente e homenageado na ocasião.

Os destaques para os melhores curtas

Não foi fácil ao júri formado pelos cineastas João Carlos Velho (Rio de Janeiro, realizador de "A Última Canção do Beco", premiado no I Festival de Fortaleza, há dois anos); Liloy Bouble (de Brasília); Maria da Graça Cenna (ex-CONCINE, agora na Globotec), documentarista; Joy Pimentel, de Fortaleza; jornalistas Nilton Venâncio, Firmino Holanda (d'"O Povo"), e Eduardo Magalhães ("Isto É"), escolher os premiados para os troféus Abrão Benjamin.

No campo de batalha

A premiação de "A Classe Roceira", de Berenice Mendes, foi significativa porque estavam em competição curta-metragens de altíssima produção. "S.O.S. Brunet", de Betse de Paula (filha do cineasta Zelito Viana), por exemplo, é uma realização sofisticada, com nomes famosos (Carlos Gregório, Antônio Pedro, a modelo Luiza Brunet) no elenco, música de David Tyguell e ótima fotografia. Nem por isto conseguiu qualquer premiação. xxx

Paulinho da Viola, a resistência da MPB

Há quatro anos que Paulinho da Viola não lança disco novo. E há quase dois que não vem à Curitiba. Sua última apresentação foi no SESC da Esquina, modestamente, quase desapercebido. Portanto, sua única apresentação, hoje à noite (21 horas, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto) tem uma especial significação: nos traz, a (rara, portanto) chance de aplaudir um dos mais importantes nomes da MPB. Qual é o melhor Paulinho? O compositor? O instrumentista? - além do violão, também o cavaquinho e mesmo o bandolim? Ou o cantor, voz afinadíssima, suave, redonda, como poucos?

Os mais belos versos da música brasileira

Há exatamente 20 anos, aqui mesmo em "O Estado do Paraná", incluímos por vários meses uma seção na qual publicamos centenas de opiniões a respeito de "quais os mais belos versos da música popular brasileira?"

Jerzy trará a boa orquestra

O violinista Jerzy Milewsky, 41 anos, polonês de Varsóvia, mas brasileiro "por dupla razão de coração" - a primeira pelo casamento com a pianista Aleida Schweitzer, catarinense de Jaraguá do Sul, "a segunda por gostar mesmo do Brasil", esteve recentemente na cidade. Assessorado pela competente Verinha Walflor, Jerzy acertou detalhes da apresentação que a Orquestra de Câmara da Rádio e TV Polonesa fará no dia 24, no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto.

No campo de batalha

Afinal, o coordenador de música da FUCUCU, João Carlos Ribeiro, dá sinal de vida e anuncia a programação do Paiol - após longa paralisação. Depois do concerto do pianista Marcelo Urias (dias 7 e 8), estão previstas apresentações do Grupo Jampi ("Ai Ó Meu") (20/21), um recital de cítara indiano com o "mestre" Alberto Marsicano (22), o "folk roots" com o Grupo Blowzabella, da Inglaterra (23) e mais música erudita: dia 25, o violinista Alessandro Borgomanero. Dias 28 e 30, o trio oboé (Fernando Thá), fagote (Jamil Bark) e piano (Ana Laura Souza Pinto). xxx
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