Login do usuário

Aramis

Artigos por data (1988 - Fevereiro)

Cinema para ler - Para entender melhor o cinema de Eiseinstein

Há 5 anos, quando o seu cunhado, Luís Renato Ribas, começava a desenvolver o primeiro clube de vídeo no Paraná, o pintor Fernando Velloso, 55 anos, entusiasta por ver filmes estrangeiros em casa (detesta o cinema brasileiro e desde que o vídeo apareceu nunca mais colocou o pé num cinema comercial), conseguiu aquilo que, na época, era uma raridade: uma cópia pirata (por sua vez copiada de outra cópia), de péssima qualidade, de "O Encouraçado Potenkim", clássico do cinema mundial. Era uma raridade que pouquíssimos tinham.

Um desperdício fatal na semana do Carnaval

Parece brincadeira, mas é verdade: distribuidores insistem em "queimar" excelentes filmes na esvaziada semana de Carnaval como se fossem fogos de artifícios. Parece que falta aos (ir)responsáveis pela marcação das datas, a mínima sensibilidade em entender o óbvio: no reinado de Momo, a freqüência aos cinemas cai de forma impressionante. Quem não viaja, cai na folia e no máximo fica em casa para acompanhar, pela televisão, os desfiles das escolas-de-samba do Rio de Janeiro - que é considerado um dos maiores espetáculos do mundo.

A música de Carnaval (III) - Libertação dos escravos, o grande tema deste ano

Brasil afora, em cidades grandes ou menores nas quais existam escolas-de-samba, um tema marcará dezenas de sambas-de-enredo: o centenário da Lei Áurea. Afinal, sendo uma festa de grandes conotações com a cultura afro-raiz-mãe do samba - é natural que neste ano de 1988 a temática rememore os cem anos da libertação da escravatura. Em Curitiba, já no sábado, no desfile das escolas do grupo B, a "13 de Maio" - de raízes negras até em seu nome e tradição - estará levando na Avenida Marechal Deodoro o belo samba de Nelson Santos, 51 anos, "Nunca Mais, Outra Vez...":

Um vídeo de Gil para denunciar Caso Lâmia

No mínimo, José Gil de Almeida é um homem disposto a brigar pelas suas idéias. Embora não seja filho de árabes, abraçou de corpo e alma, a causa dos palestinos. Já esteve duas ou três vezes na Líbia, escreveu um corajoso livro sobre El Fatah e, mesmo sabendo dos riscos que corre, tem se empenhado em denunciar o que considera atos criminosos contra os refugiados palestinos.

A música de Carnaval (IV) - As homenagens que as escolas irão prestar

Ser tema para uma escola de samba é a consagração popular para qualquer pessoa - seja qual for a atividade que exerça. Assim, com toda razão, Mário Vendramel, 60 anos, veterano radialista e comunicador de televisão, tem razões de estar sorrindo bastante: domingo, a escola de samba Garotos Unidos abre o desfile na Marechal Deodoro, do grupo A, com o samba-de-enredo "Mário Vendramel, do Rádio à Televisão - 38 Anos de Comunicação", samba de Alaelson Venceslau, o Laé, presidente da escola.

Moraes, o marketing no carnaval baiano

Os baianos sabem se autopromover. Moraes Moreira, ex-Novos Baianos, que já teve sua fase de parceria com o curitibano Paulo Leminski, conseguiu espaço nacional ao brigar com seu amigo Wally Salomão, coordenador do Carnaval de Salvador - ao qual, este ano, não comparecerá - ao menos oficialmente.

Malícia nas marchinhas que o povo pouco ouviu

O afastamento de Sílvio Santos por um mês de seu programa dominical, por certo prejudicou a divulgação das duas maliciosas marchinhas que gravou em compacto na RCA - mas que, infelizmente, nem sequer foram enviadas as emissoras filiadas a TVS para terem melhor promoção. Gugu Liberato, que deixa agora o comando do "Viva a Noite" e passará para a Globo, também atacou com duas marchinhas: "Fio Dental" (Monique) e "Marcha da Bicharada", ambas de Kelly, Roberto Manzoni e o próprio Gugu - mas igualmente não teve maior rendimento promocional.

Críticas aos marajás nos sambas-de-enredo

Aparentemente uma exaltação, Acadêmicos do Salgueiro no "Em Busca do Ouro" também é mordaz no samba que tem nada menos que nove autores (afinal, muitos querem dividir o bolo dos direitos autorais). "Serra Pelada já está nua Mas minha alegria continua Nem de ouro, nem de prata O cruzado tanto fez que virou lata". xxx Em São Paulo, a E.S. Flor de Vila Dalila estará saindo com seu enredo-protesto: "Nova República me Engana que Eu Gosto", de Carlinhos de Pilares / Roberto Laranjal: "Promessa fica na promessa É hora de despertar Chega de demagogia

Délcio, melhor autor, agora bom intérprete

Foi pena que "Amar é Sofrer" não tivesse chegado aos nossos ouvidos antes de elaborarmos a listagem dos melhores da música brasileira em 1987 ("Almanaque", 03/02/1988). Pois se tivéssemos escutado a tempo este excelente elepê do compositor Délcio Carvalho (Estúdio Eldorado) por certo o incluiríamos em destaque. Mas fica registrado para 1988 e ganha nosso voto para a premiação do Prêmio Vinícius de Moraes, promoção da Sharp em andamento - e de cujo júri temos o orgulho de fazer parte.

A vanguarda de Eno que chega atrasada

A vinda de Brian Eno a 19ª Bienal de São Paulo (outubro 87) fez com que se voltasse a prestar atenção no talento deste multitalentoso compositor e músico, de quem a RCA lançou dois excelentes discos: "Before and After Science" (de 1977), e "Music for Airports" (1978). Apesar de uma década de atraso, se tratam de dois elepês dos mais interessantes, entre tantas supérfluas produções internacionais.

Geléia Geral

Quando convocou o cineasta de vanguarda, Derek Jarman, para fazer o videoclip promocional do elepê gravado em 1986 - "The Queen is Dead", o grupo inglês The Smiths ganhou notoriedade promocional. Embora o grupo tivesse nascido em 1982, do encontro de Johnny Marr com o vocalista Morrissey - e ao qual se acrescentaram o baixista Andy Rourke e o baterista Mike Joyce, muitos shows na Inglaterra e EUA, foi preciso um título agressivo no elepê, provocando a família real inglesa, para ganhar maior popularidade.

Bianchi, um "Romance" na tela com happy end

Ufa! O filme ficou pronto! Muitos, como sempre, nem acreditavam que afinal a primeira cópia chegasse, afinal, à cabine de projeção. Mas chegou.

Deboche de Caldas poderá ser sucesso também no Sul

Pelo menos durante três décadas - entre os anos 30 a 50 - raro era o Carnaval que não tinha duas centenas de marchas e sambas disputando a simpatia dos foliões. Folheando-se o referencial "O Carnaval Carioca através da Música", de Edigar de Alencar (Livraria Francisco Alves Editora / MEC, 638 páginas, já em quarta edição), observa-se que nas letras das marchas e sambas se contava a própria evolução do comportamento das populações urbanas, ao menos nos reflexos na então capital federal.

Dois atores de Babenco indicados para o Oscar

Hollywood (UPI) - A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos divulgou hoje a lista dos indicados para os prêmios Oscar deste ano, que serão entregues a 11 de abril no auditório Shrine, de Los Angeles. Os filmes "O Último Imperador" e "Broadcast News" receberam nove e sete indicações, respectivamente, e "Atração Fatal" e "Moonstruck" seis cada um. As atrizes destes dois últimos filmes, Glen Close e Cher, respectivamente, são candidatas ao Oscar de melhor atriz.

Quiproquó da Nova República (com o balanço de Martinho)

Os marajás foram merecidamente alfinetados nos sambas enredo das escolas de samba, de forma que ao menos no aspecto crítico, a música de Carnaval cumpriu sua função. Claro que faltaram marchinhas com letras mais reduzidas, capazes de cair na boca do povo, nas ruas e salões, para que os escândalos administrativos, a debacle da Nova República, a inflação e outros fatos que infernizam a vida do brasileiro tivessem a devida caricatura musical carnavalesca - como sempre acontecia no passado.

Martinho, o cantor do centenário da abolição

Escolhido para abrir as comemorações do centenário da Abolição, com o projeto Carnavalesca da Funarte - que o tem como grande homenageado - Martinho da Vila deverá percorrer, com um show especialmente montado, todos os Estados. Se o VI Encontro de Pesquisadores da Música Popular Brasileira ocorrer em Curitiba - conforme intenção já demonstrada pelo secretário René Dotti, da Cultura - tendo por tema central "a presença do negro na MPB", Martinho da Vila será, naturalmente, presença de destaque.

No campo de batalha

Circulando o número um de "Cadernos Anarquistas", editado em Curitiba, formato pequeno mas fazendo sair fogo de suas páginas. O destaque é uma entrevista com Rachid Nagib da Rocha, 20 anos, líder do grupo Ação Direta. A opinião do menino sobre o governo federal é terrível: "Mentirosos e crápulas vestidos de terno e gravata, tentando enganar o povo, sugando o sangue do povo através dos impostos para pagar os salários e mordomias dos marajás". xxx

Marilyn, viva nas telas e a sua morte nos livros

Passados 26 anos da morte de Marilyn Monroe (Norman Jean Mortenson, Los Angeles, Califórnia - 01/06/1926 - 05/08/1962), o mito continua cada vez mais forte. A prova está na exploração (até criminosa, em termos publicitários) de sua imagem, como faz uma fábrica de amortecedores que inundou o vídeo durante a cobertura do Carnaval com um comercial no qual aparece uma perfeita sósia da atriz de "O Pecado Mora ao Lado", as dezenas de livros que continuam a ser publicados sobre Marilyn e, especialmente, as reprises na televisão de seus filmes.

Videonotas

A W.M.W. Vídeo Ltda., pequena distribuidora que agora começa a se organizar promocionalmente, lançou um vídeo melancólico: "Agentes da U.N.C.L.E. 15 Anos Depois". Produção de 1983, direção de Ray Austin, reúne os heróis Napoleon Sol (Roberto Vaughan) e Illya Kuryakin (David McCallum), que nos anos 60 fizeram vários filmes, na linha 007. Só que já na época eram fraquinhos - e a década e meia que passou não melhorou a performance destes heróis. xxx

A sinceridade no livro-documento

Samuel Wainer sempre foi basicamente um repórter. Começou escrevendo na "Revista Brasileira", "uma espécie de livro editado mensalmente com mais de 300 páginas", em 1933 - do qual sairia, algum tempo depois, para fundar a "Revista Contemporânea", que teve em Caio Prado Jr. (fundador e dono da Editora Brasiliense), um dos primeiros financiadores. Seria, entretanto, "Diretrizes", cujo primeiro número circulou em março de 1938, que consagraria Samuel Wainer como editor e repórter, fazendo uma publicação ágil para a época - chegando inclusive a periodicidade semanal por algum tempo.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br