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Aramis

Artigos por data (1989)

Sílvio Santos e sua solitária marchinha

Com a morte de Chacrinha (Abelardo Barbosa, Recife, 1918 - Rio de Janeiro, 1988) só ficou mesmo Sílvio Santos na solitária tentativa de, utilizando o poder de comunicação de sua rede, fazer com que ao menos uma marchinha seja cantada no Carnaval. Este ano, astutamente, o animador-empresário usa um tema muito atual: as eleições presidenciais e a sua possível candidatura (imagine-se quantas marchas e sambas poderiam sair, em torno da política, Plano Cruzado, Sarney, etc., se houvesse estímulo para gravações).

Sambas-de-enredo ou a fórmula do faturamento

Há pelo menos duas décadas os sambas-de enredo se tornaram um dos melhores negócios carnavalescos. Não é sem razão que há brigas de foice e até assassinatos entre sambistas das escolas de samba do Rio de Janeiro para ver de quem será o samba-de-enredo no Carnaval - pois isto não é sinônimo de glória: é muita grana no bolso. Por baixo, baixo, cada compositor de um samba-de-enredo vencedor nos concursos internos das grandes escolas (e são cinco, seis, às vezes até dez os que assinam os sambas) acaba faturando mais de três milhões de cruzados novos - em direitos autorais e conexos.

O bom jazz que a Bradisc apresenta

Na expansão do mercado jazzístico registrada nos últimos anos - e estimulada por eventos como o Free Jazz Festival, promovido pelas irmãs Monique e Silvinha; filmes como "Em torno na meia-noite" (agora a dosposição em vídeo) e o aguardado "Bird" (1987, de Clint Eastwood, cinebiografia de Charlie Parker) é natural que novas etiquetas se voltem ao rico universo do jazz e do blues.

E na noite dos carangueijos o vento levou o teto do Guairão

Para uma futura história do teatro do Paraná, nos aspectos pitorescos do Guaíra: na noite de sexta-feira, 13 de janeiro (só faltava ser agosto) o auditório Bento Munhoz da Rocha Neto foi alugado por 32 OTN's para a solenidade de formatura da Faculdade De Plácido e Silva.

Independência dá o exemplo de cobertura carnavalesca

A transformação que o Carnaval sofreu nos últimos dez anos com a cobertura pela televisão da maior festa popular em todo o país - concentrando-se especialmente nos desfiles das escolas-de-samba do grupo 1-A, no Rio de Janeiro (nas noites de domingo e segunda-feira) trouxe elementos para inúmeras interpretações por parte dos que se interessam em analisar a cultura popular - em diferentes ângulos.

Mocidade azul ganhou a maioria dos estandartes

Escolhendo um enredo meio na base do samba do crioulo doido - "Viagem da Ilusão", no qual o leão sai à procura do paraíso e só encontra a beleza ou forma de vida nas constelações que lembram animais, concluindo que o verdadeiro paraíso nos foi legado por Deus em sua manifestação mais profunda - a fauna e a flora - a Mocidade Azul apresentou o espetáculo que mereceu as melhores notas do júri do "Estandarte Rádio Independência" - a premiação paralela, que graças a Euclides Cardoso foi criada neste ano.

Carnaval-89 já em vídeo para levar

O fato dos vídeos contendo o melhor do Carnaval 89 estarem à venda desde ontem, ao menos no Rio de Janeiro, é tema para se (re)pensar como o boom da comunicação reflete-se na própria cultura popular. Afinal, o Carnaval se transformou numa indústria cultural/turística de tamanho vigor que possibilita que, menos de 24 horas após o seu final, já se transforme em imagens coloridas, perpetuadas em fitas e películas, aquilo que representou o esforço de milhões de pessoas.

No campo de batalha

A atriz Delcy D'Ávila, a brava presidente da Escola de Samba Embaixadores da Alegria, comentava após a (bonita) apresentação feita na noite de segunda-feira: "apesar do golpe que sofremos por parte do nosso vice-presidente, saímos com garra total". Depois Delcy esclarecia: Washington Cercal, vice-presidente, pegou Ncz$ 500 e não comprou o que deveria, nem prestou contas do dinheiro. "Já o estou processando para colocá-lo na cadeia", diz Delcy. ***

Robot, musical e Alien nas estréias da semana

O carnaval acabou e, afinal, vamos começar a falar sério. Está na hora da programação melhorar - pois o Oscar acontece dentro de algumas semanas e as majors - as grandes distribuidoras/produtoras - aguardam apenas que no próximo dia 24, em Los Angeles, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reúna a imprensa internacional em sua magnífica sede na Wilshure Avenue, em Los Angeles, para anunciar os filmes nominados ao boneco dourado, para começar a corrida de lançamentos dos mesmos no Brasil.

"Moonwalker", um videoclip para os fãs de Mr. Jackson

O primeiro grande lançamento de 1989, em termos de público, chegou ontem em dezenas de cinemas de todo o país: "Moonwalker", um videoclip de longa-metragem que Michael Jackson produziu, escreveu e estrelou. Megalomaníaco, preocupado com a concorrência cinematográfica que Prince lhe vem fazendo, Jackson decidiu voltar num filme destinado ao seu público que pouco exige. Assim, não há muita preocupação pelo roteiro - desenvolvido a partir de um texto que ele próprio teria (teria?

Zezé, a mãe de Sônia Braga, veio julgar o nosso Carnaval

Pela segunda vez - "e como sempre de surpresa" - a figurinista Zezé Braga (Maria Braga Jaci Campos) acabou participando do júri das Escolas de Samba de Curitiba. Mulher de bom gosto e muita experiência na área de figurinos, "além de carnavalesca em meus verdes anos", dona Zezé já havia julgado o item figurinos no júri oficial do Carnaval 88. Este ano integrou o júri especial do "Estandarte Rádio Independência" - no qual os cinco integrantes (ela, mais Sale Wolokita, João Carlos Lima, Júlio César Amaral de Souza e este repórter) analisaram todos os itens, para um resultado final.

No campo de batalha

Maé da Cuíca (Ismael Cordeiro), 65 anos, um dos fundadores do Colorado em 1946, embora desde 1982 não saia mais com a Escola de Samba que tinha graças a ele a melhor bateria, não deixou de circular na Avenida Marechal Deodoro nos dias de Carnaval. Com a faixa de "Cidadão Samba" - que recebeu há 3 anos, por iniciativa do ex-secretário de Turismo, Glauco Souza Lobo, Maé anunciava que ia voltar ao Colorado, hoje relegado ao segundo grupo para tentar fazê-lo retornar aos tempos de glória.

Graças ao Bamerindus, nossa música em festival nos EUA

Celso Locher - o Pirata, 43 anos, está em Nova Iorque há 3 meses, oficialmente fazendo um curso de Som & Técnicas em sonoplastia - cadeira que leciona no Curso de Artes Cênicas da Fundação Teatro Guaíra. Só deve retornar no dia 5 de março - e isto porque é funcionário da Procuradoria da Prefeitura de Curitiba e embora sonhe em viver na Big Apple, o salário excelente que tem no município o faz pensar duas vezes antes de deixar Curitiba.

Breno, da Marrocos à conquista da América

Os boêmios dos anos 60 lembram-se, com saudade, do gaúcho Breno Sauer, óculos escuros, grande concentração, extasiava o público da saudosa Boate Marrocos com o som de um instrumento meio estranho para a época: o vibrafone. Na linha do que fazia o norte-americano Art Van Dame, Sauer adaptou o instrumento à linha da Bossa Nova e com um quinteto notável foi uma sensação com seu ritmo suave e dançante.

Música Brasileira está em alta em Nova Iorque

O I Festival de Música Instrumental Brasileira no Town Hall, em Nova Iorque (dias 10 e 11 de março), com patrocínio do Bamerindus, representa uma espécie de consagração de uma bem sucedida invasão sonora que a nossa MPB está fazendo nos EUA - via Big Apple/Los Angeles.

Depois de coçar Sarney, Zé volta com Dario Fó

José Maria Santos é, em termos paranaenses, aquilo que o veteraníssimo Paulo Autran sempre diz, desde que a fala entrou em "Liberdade, Liberdade" (1964). - Sou e serei sempre um homem de teatro! Pois o nosso bom Zé Maria, 55 anos, 35 de teatro, lapiando apaixonado, também há muito tempo vive de sua arte no palco. Só lamenta que não haja condições para montagens mais audaciosas, melhores recursos de produção e uma política cultural da qual, corajosamente, sempre soube ser um leal oposicionista. Sem querer ser nostálgico, José Maria fala, de cadeira, da decadência de nosso teatro.

A volta do TCP para salvar nosso teatro

Constantino Viaro, superintendente da Fundação Teatro Guaíra, convenceu finalmente seu amigo René Dotti de que em 1989 deve ser o ano para valorizar o teatro no Paraná. Nestes dois primeiros anos, Viaro teve que colocar a casa em ordem - que assumiu no vermelho e em precaríssimas condições. Hoje, com saldo em banco, quadro de funcionários enxugado, importantes obras físicas em fase de conclusão - e, principalmente com maior liberdade de programação, Viaro parte para projetos maiores.

Público existe mas é necessário qualidade

Em termos de número e estatística, a Fundação Teatro Guaíra encerrou em 1988 com um saldo positivo: 417.494 espectadores assistiram a um total de 889 espetáculos - nos seus três auditórios ou palcos externos, aos quais deu sua ajuda. Um número expressivo que mostra um bom trabalho. Entretanto em termos artísticos, para o teatro paranaense, a situação é bem outra (ver texto na mesma página) *** O fato é que os auditórios da Fundação Teatro Guaíra têm sido bem ocupados.

Rapper, o som das ruas

No marketing fonográfico tudo que é novidade deve ser experimentado, pois o desconhecido hoje pode ser o sucesso amanhã. Isso explica porque um novo modismo, aparentemente descartável, o som marginal dos rappers, saia do circuito underground para ganhar discos. Enquanto o selo Eldorado lança o LP "Cultura de Rua", onde as gangues Thaíde e D.J. Hum, O Credo, Código 13, M.C. Jack e D.J.

Capinam e Abel ganham afinal seus discos

Poucas vezes a edição de dois álbuns de montagens com fonogramas diferentes, reunindo vários intérpretes, obteve uma acolhida tão simpática (e ampla) junto à grande imprensa. A própria SBK Songs, etiqueta que, em 1988, foi a grande revelação no meio fonográfico, deve ter se surpreendido pelo interesse que a série Songbooks, reunido obras de letristas da MPB, despertou.
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