Artigos por data (1990 - Março)
Os spirituals de Satchmo e os blues da grande Bessie
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de março de 1990
Duas edições absolutamente históricas chegam aos colecionadores: "Louis and the Noly Book" e "The Collection" com Bessie Smith. Dois documentos sonoros, com nomes marcos do jazz tradicional e que merecem ser ouvidos, com a maior atenção.
Se Louis Armstrong (New Orleans, 04/07/1900 - Nova York, 06/07/1971), é o próprio sinônimo do jazz e não existe quem não o identifique como a própria imagem da cidade que nasceu, Bessie Smith (Chatanooga, Tenessee, 18/04/1898 - Clarksdale, Mississipi, 26/09/1937) só, hoje, passados 50 anos após a sua morte, começa a ser devidamente apreciada no Brasil.
No deserto humano, o oásis da amizade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1990
"Ambos sabemos que uma
mudança vai acontecer
e próxima está a libertação."
(Bob Telson, na letra de "Calling
You", cantada por Jovetta Steele
em "Café Bagdá").
Carmem e Ademar em biografias de luxo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1990
Dentro de um dos mais ricos filões da indústria editorial - a das biografias, que há anos é explorada exaustivamente pelas maiores editoras dos Estados Unidos e Europa - no Brasil há também um interesse especial por biografias de artistas, realizadores e mesmo produtores ligados ao cinema, música, televisão, artes plásticas etc. Paralelamente a traduções de best-sellers do gênero, editores de maior visão também estão buscando trabalhos originais.
Homenagem à estrela Dalva e a descoberta de Marilu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de março de 1990
Será, no mínimo, uma reunião de pessoas que amam a nossa melhor musica popular. Amanhã, ao entardecer, na sala Antonio Mililo da Secretaria da Cultura, o lançamento oficial de "Estrela.. Saudade", álbum duplo com Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira, Rio Claro, SP-5/5/1917-RJ, 31/8/1972) interpretando 30 belíssimas marcha-rancho, marcará a 50ª produção do selo Revivendo, que há dois anos vem proporcionando o reaparecimento de jóias de nosso cancioneiro.
Não perca pelo título esta divertida comédia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de março de 1990
Um dos aspectos mais divertidos do folclore cinematográfico é o que se refere aos títulos que os filmes estrangeiros recebem no Brasil. Desde os anos 20, quando a indústria cinematográfica americana começou a fazer seus produtores chegarem até nós têm sido cometidos verdadeiros atentados em termos de "adaptar" os títulos originais para que haja um "interesse" do público. Pérolas da imbecilidade são freqüentes e a mais recente delas é a que a United International Pictures, no Rio de Janeiro, deu a "Parenthood": O TIRO QUE NÃO SAIU PELA CULATRA.
Airto e Flora virão com Gillespie para Free Jazz
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1990
No domingo, Airto Moreira telefonou de Los Angeles, para a casa de sua mãe, dona Zelinda, 75 anos, contando que estava retornando de uma nova tournée, desta vez de três semanas na Inglaterra e mais uma em Cuba. Segunda-feira, 21, Beatriz Alessi, correspondente da "Folha de São Paulo" em Londres, relatava sobre a temporada de três semanas que Airto e Flora Purim haviam feito no Ronnie Scott's - a mais famosa casa de jazz da Capital inglesa - com lotação esgotada todas as noites.
David Niven, Olivier, Burton, Depardieu e Douglas em livros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1990
Ao lado de verdadeiros livros de arte que trouxeram biografias de Carmem Miranda (de Carlos Emmanuel Barsante) e "Gonzaga Por Ele Mesmo" (Ademar Gonzaga, 1901-1978), no ano passado a biblioteca de biografias de artistas foi valorizada pelas memórias de atriz Itala Nandi ("Teatro Oficina - Onde a arte não dormia", editora Nova Fronteira).
"Festa" ganha em vídeo e bom pacote do Herbert
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de março de 1990
Há filmes que se ajustam ao vídeo. Outros só perdem ao serem apreciados na telinha. Por exemplo, uma obra como "Pelle, o Conquistador", por sua dimensão plástica, belíssima fotografia, transforma-se num pastiche ao ser visto no vídeo. O mesmo pode-se dizer de centenas de outros títulos que as distribuidoras insistem em colocar no mercado, muitas vezes em cópias péssimas sem cores, borradas e escurecidas.
No quartel do CPOR, o lugar para o Museu David Carneiro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de março de 1990
Mais um espaço cultural para a cidade.
Aonde hoje está o 5º Batalhão Logístico e a 5ª Companhia de Material Bélico do Ministério do Exército, uma área para sediar bibliotecas, um auditório e, talvez, o Museu David Carneiro.
Uma fachada de cultura para o grande empreendimento comercial que o grupo Irmauad vai implantar na Praça Oswaldo Cruz.
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No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de março de 1990
Veteranos homens da cinematografia reuniram-se na manhã de quarta-feira no Bristol para a sessão especial de "Cinema Paradiso" em homenagem ao mais velho dos operadores de cinema do Paraná (e possivelmente do Brasil): Paquito Morilha, 87 anos, 75 de cinema - embora aposentado desde meados dos anos 60. Morilha começou com 11 anos, no cine Bijou, tendo que subir num banco para poder operar a velha máquina de exibição - tal como faz o personagem "Totó" no belíssimo filme de Giuseppe Tornatore, agora em exibição no Cinema I.
Na gorda safra visual, chegou a Sociedade dos Poetas Mortos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de março de 1990
Começa a safra das vacas gordas para os exibidores!
Após algumas semanas de indigência de filmes - e em conseqüência também de público - abre-se a temporada do Oscar, trazendo filmes que com o maior marketing faz com que o acomodado espectador, cada vez mais viciado pela TV e vídeo - e também assustado com os preços dos ingressos, a falta de segurança para estacionar veículos no centro e outras razões que levam ao esvaziamento das salas de exibição - prefira cada vez mais ver os filmes na telinha do que no esplendor da tela ampla.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de março de 1990
A frustração dos videomakers curitibanos que há algumas semanas ficaram eufóricos com um projeto que parecia ser generoso por parte do Banestado: financiar quatro produções de média-metragem abordando aspectos de nossa história. Fernando Severo, Valêncio Xavier, Berenice Mendes e Fernanda Morani apresentaram roteiros e chegaram a iniciar a pré-produção mas as coisas deram para trás. O Banestado indenizou os realizadores pelas despesas feitas e tudo voltou a estaca zero.
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O valor das chanchadas na revisão de Augusto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de março de 1990
Certas obras tornam-se famosas antes mesmo de serem escritas. Desde 1979 que o jornalista Sérgio Augusto, 48 anos, prometia um livro sobre a chanchada.
No jogo de imagens, o desafio aos cinéfilos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Estimulado pela repercussão de "Cinema Paradiso" - embora a renda tenha sido fraca nos primeiros dias, agora, com a recomendação boca-a-boca, o público está crescendo no Cinema I - Levi Possato, superintendente da Vitória Cinematográfica, está agilizando junto a Warner a estréia de "Splendor", de Ettore Scolla. Afinal, como já escrevemos várias vezes, estes dois filmes são irmãos siameses: ambos abordam o declínio dos cinemas, tem linguagens fascinantes e apesar do tom nostálgico passam uma belíssima mensagem.
As lembranças do velho Paquito
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Em 19 de maio de 1989, duas pesquisadoras do Museu da Imagem e do Som-Paraná - Ana Cristina Pereira e Cláudia Becker, com assessoria de Zito Cavalcanti, entrevistaram o exibidor Francisco Morilha, para o acervo da instituição. Desta entrevista, alguns trechos mais interessantes, transcritos e adaptados.
MIS - Sr. Paquito, onde o sr. Nasceu?
Paquito - Eu nasci em Málaga, na Espanha, em dezembro de 1902. Em 1910 minha família - eu e minha irmã Encarnacion e meus pais - viemos para o Brasil. Meus outros irmãos nasceram aqui.
MIS - E no cinema, quando começou?
O "Rei Momo" americano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Quem diria, o Rei Momo acabou vindo dos Estados Unidos. Pois é? Compositor, músico, cineasta, performer, David "Talking Heads" Byrne, acabou dando no Carnaval. A WEA aproveitou a temporada pré-carnavalesca para aqui lançar "Rei Momo", terceira montagem que o cineasta de "Histórias Verdadeiras" fez com música brasileira em tempero pop.
Moraes e Pepeu no marketing carnavalesco e para a Copa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
A consagração não poderia ser maior: capa da "Veja" na semana de Carnaval e uma agenda completa para todo este verão - faz com que dois dos "Novos Baianos" - Moraes Moreira e Pepeu - fossem os campeões da temporada. Campeões de um novo comportamento musical, já que hoje a música carnavalesca tem novos critérios, alvos e, especialmente, regras de marketing - que, por várias vezes, temos registrado em nossos espaços.
"Rap" a toda velocidade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
BIZ MARKIE (Marcel Hall, Nova Iorque, 9/4/1964) estourou já com seu primeiro ("Goin'Off), transformando-se em sensação do cenário rap nova-iorquino. Mr. Dinamyte - como se tornou conhecido - encontrou na música balançante, utilizando o próprio corpo para tirar ritmos e batidas, uma forma de alcançar uma faixa jovem. Como no Brasil, a aceitação por Modelitos importados é grande, chega agora o segundo LP de Markie ("The Biz Never Sleep" - não o clássico tema romântico, mas um rap faiscante - o disco já conseguiu popularidade junto às discotheques e as FMs de programação mais colonizada.
"Volare" ao som Gipsy
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Num simpático release, Betina Dowsley, convocada por Verter Brunner para apresentar o novo lp ("Mosaique", CBS) de Gipsy Kings, diz: "Se hoje a música latina ganhou o reconhecimento do público e crítica é porque um grupo de ciganos franceses formou o Gipsy Kings e empenhou-se em divulgá-la no planeta, com muito "Bamboleo".
O teatro Barracão do Paraná para uma praça em São Paulo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de março de 1990
Anuncia-se quatro super-teatros para São Paulo mas é possível que um dos próximos espaços a serem abertos naquela capital seja de proporções mais modestas e, pasmem!, bancado pelo governo do Paraná.
Será o projeto Barracão chegando a paulicéia desvairada, com um teatro prático, simpático, construído em madeira, painéis de Poty Lazarotto e Vicente Jair Mendes e beneficiando um dos bairros de maior agito cultural - Pinheiros, onde, no início dos anos 80, o Lira Paulistano, marcou época.