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Beth Carvalho

Beth em Montreaux e a resistente Alcione

A chegada do Carnaval neste ano em que se comemora o centenário da Lei Áurea faz com que a música negra, o samba especialmente, deva ganhar um espaço especial. Só que até agora, o melhor que surgiu foram gravações lançadas no final de 1987 - pois a produção 88 não começou ainda a chegar nas lojas - a não ser os discos das escolas de samba do Rio de Janeiro (pela BMG/Ariola) e de São Paulo (Continental).

Herdeiros do Roxy, Wonder & Robinson

Ao lado de um atraente pacote nacional, com estrelas maiores como Beth Carvalho, Fagner e, naturalmente, Chico Buarque, a BMG/Ariola (ex-RCA), terminou 1987 com um também apetitoso suplemento internacional, que inclui o novo álbum de Stevie Wonder ("Characters"), que nos EUA foi lançado a 16 de novembro e, nove dias depois já era colocado nas lojas do Rio. A faixa "Skeletons" já começa a subir na "Hot 1000 Singles" e em seu armário/loucos para sairem/Mexendo com sua consciência/ de uma maneira que sua face não pode ocultar".

Geléia Geral

Moacir Machado é um dos mais experientes record-men da indústria fonográfica. Depois de ser o poderoso diretor artístico da Odeon durante anos passou pela Continental, estruturou a Pointer e, há 4 meses está formando uma nova etiqueta - a 3M, associada a RCA e com vários selos. Assim, com sua experiência do mercado, Machado procurou formar um elenco diversificado, capaz de apresentar bons resultados comerciais evitando o que aconteceu na Pointer, que apesar de milhões investidos por José Maurício Machline - filho do dono da Sharp, acabou sendo desativada devido aos prejuízos acumulados.

Na aba do consumo o pagode das escolas

A reciclagem do samba, no marketing do pagode que a RGE tão bem está sabendo aproveitar, com grupos como o Fundo de Quintal, os compositores-intérpretes Almir Guineto e Zeca Pagodinho - e que, como fonte de produção, já havia sido detectado há tempos por nomes famosos como Martinho da Vila, Alcione, Beth Carvalho, continua em alta.

Mercado fonográfico cresceu mas independentes foram prejudicados

A indústria fonográfica entrou num boom tão grande que aquilo que no início era motivo de comemorações começa a preocupar o tycoons do setor: nunca se vendeu tantos discos como nos últimos seis meses mas, em compensação, nunca houve tanta dificuldade para atender a demanda.

Guerrilheiros do samba, com humor e romantismo

Podemos sorrir Nada mais nos impede Não dá pra fugir desta coisa de pele Sentida por nós, desatando os nós Sabemos agora Nem tudo que é bom vem de fora ("Coisa De Pele", Jorge Aragão / Acyr Marques) Sabíamos. Muitos e muitos sabem: nem tudo que é bom vem de fora. Especialmente a música. Mas como está difícil de encontrar bons sambas, bons discos de MPB neste boom de rock brasileiro (brasileiro?), desde que os "gerentes de produtos" substituíram os diretores artísticos sensíveis de décadas passadas.

A música da pele com o talento de Aragão

Compositor de grandes méritos (que o digam as dezenas de sambas gravados por Beth Carvalho e outros(as) intérpretes do primeiro nível), o carioca Jorge Aragão também é bom cantor. Mostra isto em seu novo elepê - "Coisa De Pele", título de um dos mais bonitos sambas lançados no ano passado por Beth Carvalho e que dá título e abre seu novo elepê (RGE, março/87).

Almir, Eliane, Zeca, Pérola... (é a nova geração de vigor)

Há oito anos, Beth Carvalho já havia percebido que nem só de Cartola, Nelson Cavaquinho e outros eternos compositores populares poderia sobreviver artisticamente com elepês de primeira categoria. E assim, junto ao Cacique de Ramos descobriu coisas como o banjo de Almir Guineto, e repique de Ubirany e o tam-tam do Sereno e do Mauro, estes últimos de percussão tocados com a mão ao invés de baquetas.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Sem considerar os elepês de Beth Carvalho e Maria Bethânia - que, lançados neste finalzinho de ano, ainda não chegaram aos nossos ouvidos - pode-se dizer que 1986 foi, mais uma vez, um ano de canto das mulheres. A começar pelo retorno, há tanto ansiosamente aguardado, da Divina Elizeth Cardoso, 66 anos, que num álbum comemorativo aos seus 50 anos de carreira, foi carinhosamente produzido pelo seu mais ardoroso fã, o poeta e animador cultural Hermínio Bello de Carvalho.
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