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Bossa Nova

Compositores & Intérpretes

Na proporção em que uma chamada "nova crítica" em termos de apreciação [musical], no campo da criação popular, começa a se fixar no Brasil, com trabalhos da profundidade um Gilberto Vasconcelos ou um Waldenyr Caldas (1), pode-se prever que, dentro de breve, passaremos a ter uma bibliografia ampliada, com um leque de interpretações, a respeito de novas tendências/caminhos de compositores/[intérpretes] que, por mais discutíveis que sejam suas propostas, merecem o rigor de uma apreciação capaz de ver mais do que o simples sucesso.

Norma, agora cantora

Neste primeiro semestre, poucos discos de vocalistas foram tão aguardados pelo público, merecendo tamanha carga promocional, como os elepes de Norma Benguell (Phonogram/Elenco, SE-1011, junho/77) e Miucha (RCA Victor, ainda não colocado nas lojas, antecedida apenas de um compacto, não distribuído para divulgação). Desde que os discos de Norma e Miucha [foram [planejados] iniciou-se uma promoção paralela, o que, independente dos méritos (que são muitos) desta [intérpretes] bissextas, fará seus discos terem vendagens auspiciosas.

Discos do Ano

Às vésperas do vigésimo aniversário da gravação de "Canção do Amor Demais" (Discos Festa, 1958), onde a cantora Elizete Cardoso lançava, entre 12 outras músicas de Vinicius de Moraes-Antonio Carlos Jobim, a histórica "Chega de Saudade" - que, em 1959, na voz e violão de João Gilberto deflagraria o movimento da Bossa Nova - a conclusão é uma só: em termos de qualidade, de renovação nada de mais importante do que a Bossa Nova ocorreu no Brasil - em que pese todas as correntes, discussões e milhares de gravações.

Disco do Ano

Carlinhos Vergueiro pertence a uma geração de compositores que ficaram, em sua formação musical entre a Bossa Nova e o Tropicalismo, com os reflexos dos Beatles. Filho de um jornalista e radialista admirável, responsável pela programação da Rádio Eldorado, de São Paulo, ouvindo boa música desde a infância, moço que descobriu a importância das coisas simples - o botequim, os amigos, as serenatas, consolidou se tudo isso num jovem que, aos 25 anos, já tem uma razoável obra, registrada em quatro elepes. De "Brecha" (Continental, 75) a "Pelas Ruas"(Odeon, EMCB 7025. Setembro/77).

Chorô (II)

A velha lei do mercado funciona: da quantidade acaba saindo a qualidade. O que é bom permanece, o que é supérfluo é esquecido. Assim como os compositores e interpretes do samba autêntico resistem aos modismos, ao marketing do sambão-jóias, também os verdadeiros talentos do Choro vão resistir à inglação do gênero, que ao lado de seus aspectos positivos, provocam o aparecimento de muito material de melhor qualidade. E os bons registros do choro autêntico aparecendo.

O brasileiro é bonzinho

Embora a amizade com César Costa Filho continue grande e fiel, com bons frutos musicais, o poeta Heitor Gurgel do Amaral Valente, primo em segundo grau de um dos homens que marcaram a noite (e música) carioca - o turfista, boêmio e compositor Paulo Soledad (Zum Zum, Clube dos Cafajestes, "Estão voltando As Flores"), tem também trabalhado com outros compositores, de nome nacional.

Canto Negro

Sem qualquer discriminação, sempre houve uma definição musical em torno da música negra. Mesmo o liberal Sérgio Porto (o Stanislau Ponte Preta, 1923-1968), insistia em destacar as cantoras negras das brancas, sempre reconhecendo que as criolas eram insuperáveis nas interpretações dos "blues". Na música brasileira, a questão racial não deve ser colocada, embora não se possa negar que, muitas vezes, as "colored" batem facilmente as brancas, se não em quantidade, ao menos em qualidade.

Vinícius, Guarany, Carmen e Clementina, a benção!

Nosso mundo (terreno) perde seus poetas e músicos e a orquestra celestial é reforçada: na terça-feira, foi o amigo Vinícius de Moraes, que, como tão bem disse seu irmão de afeto (e poesia) Carlos Drummond de Andrade, << entra no céu, rodeado de anjos, crianças, virgens e matronas que entoam << Se Todos Fossem Iguais a Você>. Na sexta-feira, a notícia da morte de outro grande amigo - não famosos quanto Vinícius, mas igualmente bela e maravilhosa figura humana e profissional dos mais conscientes e talentosos: Guarany Fernandes, 50 anos, baterista.

Canto do Sul ainda sem vez.

Quando dois instrumentistas que residiram algum tempo em Curitiba e hoje são profissionais de alto destaque nos EUA, retornam ao Brasil, participando do Festival de jazz Rio/Monterrey/ (hoje, encerramento, no Maracanãzinho) - Airto Moreira e Raul de Souza - e que, para rever parentes, devem chegar amanhã a Curitiba, não deixa de ser oportuno se falar novamente nos nossos cantores e músicos em busca de sua vez e hora.
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