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João Nogueira

Mais do que modismo, é o samba de muita categoria

Há um mês, fazendo um dos melhores shows já vistos no Clube Curitibano, Beth Carvalho insistiu em falar em pagode antes de cantar algumas de suas melhores músicas. Para um público classe A, pouco habituado a modismos musicais, a palavra até poderia parecer estranha. Há dez quadras do Curitibano, na avenida Marechal Floriano, um antigo forró é agora o Carangueijão II - A Casa do Pagode, onde nos fins de semana, o pagode come solto.

Bezerra da Silva com o sambandido

A coincidência de terem sido lançados num mesmo mês (maio/86) os novos elepês do veterano Moreira da Silva, carioca de Tijuca, 84 anos completados no último dia 1° de abril ("Cheguei e Vou Dar Trabalho", Top Tape) e do pernambucano (José Bezerra da Silva, 49 anos (Älô Malandragem Maloca o Flagrante", RCA) fez com que as comparações fossem inevitáveis e os registros da imprensa aproximassem os dois intérpretes.

Aldir e Maurício, no melhor disco de 1984

Há quatro anos, Maurício Tapajós (Rio de Janeiro, 27.12.1943), dono já de uma sólida obra com ilustres parceiros - paralelamente a uma das mais lúcidas e corajosas lutas em defesa dos direitos autorais - gravou um elepê como intérprete ("Olha Aí", produção da Sociedade de Artistas e Compositores Independentes Ltda.). No primeiro semestre de 1984, Maurício voltou aos estúdios para fazer um álbum duplo, - desta vez registrando a parceria com Aldir Blanc e realizando aquele que é, em nossa opinião, o melhor disco produzido no Brasil em 1984.

João, o homem do (bom) samba

Em onze elepês lançados em 17 anos de carreira, o carioca João (Batista) Nogueira (Júnior) (RJ, 12/11/1941) firmou-se com um dos mais sólidos compositores e interpretes. Pode-se, mesmo, incluí-lo ao lado de Paulinho da Viola, como um compositor de rara inspiração , excelente voz e que numa consciência profissional que não é comum entre os artistas populares, Ter se integrado ao movimento de revalorização da MPB – idealizando, fundando e presidindo o Clube do Samba, baluarte de resistência a influência e concorrência desleal do lixo supérfluo musical internacional.

Temporada dos sambistas

A temporada dos bons sambistas está aberta. Na batalha de vendas do final do ano, enquanto a RCA lanças os novos elepês de João Nogueira, Martinho da Vila e Beth Carvalho, a Odeon ataca com Roberto Ribeiro e, em sua estréia na Copacabana, reaparece o versátil Luiz Ayrão. Jair Rodrigues, Alcione e Dicró, entre outros, já chegaram há algum tempo com novos discos - numa prova de que apesar das lamentações, o mercado continua farto.

O pau-de-sebo dos sambistas

"Pau-de-sebo" é a designação que se dá na gíria fonográfica aos elepês que reúnem novos intérpretes, dos quais os que conseguem melhor aceitação acabam ganhando seus discos-solos. A fórmula é antiga e tem dado resultados. Foi num disco pau-de-sebo ("Quem Samba Fica", Odeon, 1971), que o paranaense Adelzon Alves produziu na Odeon, que surgiram Roberto Ribeiro, Nadinho da Ilha e João Nogueira. Outros exemplos poderiam ser lembrados, mas basta este.

Documentos do Samba

Dois álbuns-documentos de compositores que já entraram na história da MPB, dois esplêndidos lps, de sambistas contemporâneos e um renovado artista baiano, constituem um pacote excelente para quem curte a melhor MPB. Na série << Evocação >> , o Estúdio Eldorado traz uma produção do competente Homero Ferreira, realizada com base na pesquisa de repertório pelo admirável Miércio Caffé, em homenagem a Geraldo Pereira (Juiz de Fora, MG, 23.4.1918-RJ, 8.5.1955), compositor da maior importância do samba urbano carioca.

De João a Wagner, os lps que valem o que custam

Desde que estreou como cantor-compositor, em duas faixas ("Mulher Valente é minha Mãe" e "Homem de Um braço Só"), no histórico"... Quem Samba Fica" (Odeon, 1971), produção do paranaense Adelzom Alves, o carioca João Nogueira, 40 anos - a serem completados no dia 12 de novembro deste ano, mostrou que veio para ficar. Compositor dos mais inspirados, com a linguagem dos grandes mestres vindos do povo, Nogueira não deixou de merecer elogios a cada um de seus novos discos com parcerias das mais importantes ou trabalhos isolados.

Artigo em 31.08.1981

Até agora, passados cinco meses deste magro (em termos fonográficos) 1981, poucos dos lançamentos feitos pelas fábricas, mereciam, numa análise mais rigorosa, a categoria de "discos do ano" - capazes de serem selecionados para a escolha dos melhores, em dezembro próximo. Felizmente agora começam a aparecer discos da melhor música brasileira, produzidos com esmero, cuidado e que, tranquilamente, justificam a nossa adjetivação.

Música II: João

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