Jornada de Cinema da Bahia
Kozak arrebentou a boca do balão nas premiações
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de novembro de 1988
Foi como se Papai Noel tivesse antecipado em 55 dias a sua chegada para Fernando Severo: na noite de terça-feira, dia 1º, na praça interna do ParkShopping, na original festa de encerramento do XXIº Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, este cineasta catarina-paranaense, teve que subir seis vezes ao improvisado palco ali montado para receber as premiações na categoria de curta-metragem, 16 milímetros.
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Constituinte adiou o Festival de Brasília
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de setembro de 1988
Até ontem, Fernando Severo ainda não havia recebido confirmação sobre se "O Mundo Perdido de Kozák" poderá ou não disputar o 21o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (5 a 11 de outubro). É que o regulamento deste evento - o mais antigo do cinema brasileiro - veta a participação, na área competitiva, dos filmes que já tenham obtido premiação principal em outros festivais.
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Também na Bahia o cinema vive crise
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de setembro de 1988
Nos anos 60, a Bahia era o terceiro pólo cinematográfico do Brasil. Era a época de Glauber Rocha, Roberto Pires, Trigueirinho Neto, entre outros realizavam filmes que marcaram o cinema novo - num ciclo cujas raízes estavam ainda na segunda metade da década anterior e que teve no Clube de Cinema da Bahia, fundado em junho de 1950 pelo crítico Walter da Silveira, figura central (e teórica) do movimento que teria em "Redenção (1959), de Roberto Pires, uma de suas primeiras experiências bem sucedidas.
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Bianchi e Severo na busca dos Candangos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 19 de outubro de 1988
Três cineastas do Paraná estarão competindo no 21º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (de hoje a 1º de novembro), adiado por duas vezes. Dois realizadores nascidos no Paraná, mas radicados em São Paulo e Rio de Janeiro - Sérgio Bianchi (de Ponta Grossa) e Joatan Vilela Berbel (de Londrina), respectivamente, competirão na categoria de longa ("Romance") e curta-metragem em 16mm ("Os Donos da Terra" e "Café Soçaite", de Joatan).
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O outro lado da violência na avenida chamada Brasil
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de setembro de 1988
No mundo inteiro a gente viu revolução
E tem país pobre, tem país rico
Guerra civil, luta armada, obsessão
Todo mundo sempre defendeu o seu menos paraíso
Do Pau-Brasil, o ouro, a cana, o carvão
A gente é doce, as mulheres são bonitas
(com exceção de uns poucos)
É que tem sempre um nó na garganta
Quando a paciência se esvai sem leite
É a média da margem
De pouco tiro e muito coice
De algum espiro e de muito "foi-se"
É a cabeça no barril
É a gang civil
Na avenida Brasil
Um filme amargo sobre a escravidão dos haitianos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de outubro de 1988
Premiado no Festival de Cinema de Havana no ano passado e o mais impressionante filme exibido durante a XVII Jornada de Cinema da Bahia (Salvador, 8 a 4 de setembro), "Açúcar Negro" tem, finalmente, projeções em Curitiba (Cinemateca do Museu Guido Viaro, hoje e amanhã, 20h30). Seu realizador, o canadense Michel Reigner, veio ao Brasil, a convite de Guido Araújo, diretor da Jornada - e estendeu sua estada a São Paulo, onde "Sucre Noir", apresentado pela Fundação Cinemateca, provocou também grande impacto.
Cinemas esvaziados apesar de alguns bons lançamentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de setembro de 1988
A situação é mais grave do que pode parecer: salas esvaziadas, sessões canceladas, poucas perspectivas de reação por parte do público. O ingresso já beirando os Cz$ 600,00 (preço da entrada do Cine Condor, a partir de ontem), o espectador em fuga, cada vez mais seleivo em sua programação. Além do custo do ingresso, a falta de motivação promocional da maioria dos programas - mesmo de filmes importantes - e o comodismo da televisão e do vídeo (cada vez maior o número de locadoras, explorando o mercado) contribuem para que dificilmente um filme resista mais do que uma semana em cartaz.
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No Groff, os filmes premiados na Jornada
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 30 de setembro de 1988
Mantendo uma tradição, Francisco Alves dos Santos, coordenador de programação da Fucucu - e membro da comissão nacional da Jornada Internacional de Cinema da Bahia, sempre promove, poucas semanas após aquele evento, a exibição dos premiados em cada Jornada. Este ano, trouxe onze filmes premiados - nove curtas e dois longas já que, pela primeira vez, a Jornada aceitou, na competição, filmes de longa-metragem.
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Um festival do real sem estrelismos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de setembro de 1988
Salvador - Não há mais estrelas globais, rostos famosos, e mesmo belas "panteras" nas sessões. Ao contrário, as sessões acontecem em salas modestas, na maioria dos filmes projetados em 16 milímetros. A cobertura jornalística e da televisão é mínima. Os jornais nacionais ignoram e até a imprensa local dá pouco espaço. Entretanto, ininterruptamente, a Jornada Internacional de Cinema da Bahia, acontece desde 1972, com um prestígio cada vez maior.
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Espaços alternativos e direitos humanos em discussão na Jornada
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de setembro de 1988
Salvador - O mais importante documentário realizado no Brasil nos últimos anos sobre a questão cultural, "Memória Viva", de Octávio Bezerra, premiado no IV FestRio, continua inédito quase um ano após ter sido aplaudido pelos que o assistiram na única exibição realizada no Hotel Nacional. Bezerra, 44 anos, mostra-se revoltado com a Embrafilme:
- "Não existe o menor plano de lançamento para este filme, nem para tantos outros projetos especiais, que ficam bloqueados devido à incompetência da empresa em sua área de comercialização".
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