Um novo álbum do tecladista Herbie Hancock na praça é sempre motivo para ouriçar os que curtem o som deste inquieto, criativo e sempre renovador compositor-intérprete, que às vésperas de se tornar cinqüentenário continua a despejar uma notável carga de energia em suas gravações como mostra nas seis faixas de "Perfect Machine" (CBS, maio/89). Em 1983, quando chegou a banda de Miles Davis, Herbert Jeffrey Hancock já trazia uma boa bagagem (especialmente por seu trabalho com o trompetista Donald Byrd, que produziu seu primeiro elepê solo).

Na expansão do mercado jazzístico registrada nos últimos anos - e estimulada por eventos como o Free Jazz Festival, promovido pelas irmãs Monique e Silvinha; filmes como "Em torno na meia-noite" (agora a dosposição em vídeo) e o aguardado "Bird" (1987, de Clint Eastwood, cinebiografia de Charlie Parker) é natural que novas etiquetas se voltem ao rico universo do jazz e do blues.

Miles Davis seria a estrela maior do Free Jazz 88. Na última hora, cancelou sua vinda, oficialmente por razões de saúde. Aos 62 anos, completados no dia 25 de maio último, há muito tempo enfrenta problemas físicos seríssimos. Também pudera: já consumiu tudo que tinha direito.

Enquanto o último álbum do Modern Jazz Quartet, gravado ao vivo, com uma orquestra de câmera, está na praça há três meses pela Atlantic/WEA, e o primeiro álbum-solo do sax-revelação Courtney Pine (revelado originalmente em alguns solos da trilha de "Coração Satânico" (WEA) também saiu. No Brasil, a CBS, que dispõe do maior acervo histórico de jazz está se apresentando para fazer com que o fundamental da obra de Miles Davis chegue ao nosso público.