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Noel Rosa

A MPB nos anos 60 (VII) - O Formigão reúne-se ao Chapéu-de-Palha

Se o Teatro do Paiol existisse há 10 anos, temos certeza, sem falsa modéstia, que espetáculos como "Rosa de Ouro" - que lançou a partideira Clementina de Jesus ao lado de jovens sambistas como Paulinho da Viola e Elton Medeiros, teriam sido vistos ao vivo pelos curitibanos. Bem como "Teleteco Teco Opus Nº1" ou "Mudando de Conversa", que marcaram a presença do notável Cyro Monteiro no teatro de Arena da Guanabara, em inspiradas produções deste poeta de rara sensibilidade que se chama Hermínio Bello de Carvalho.

Enfim, um belo disco de canções para as crianças

No momento em que a iniciação musical passa a preocupar-se (seriamente?) as autoridades ligadas a educação, um assunto volta a merecer atenção: a necessidade de haver discos próprios para despertar nas crianças o entusiasmo pela (boa) música. Reconheça-se, de princípio, que a geração 1970 é essencialmente musical. A facilidade de comunicação (rádio/tv/cinema), a criação de mitos de fácil aceitação - dos Beatles aos secos & Molhados - colaboram para fazer com que as crianças, tão logo tenham percepção do mundo, passam a se interessar pela música.

Música

Atuando dentro de uma faixa específica de consumidores - público classe "c", a Copacabana, hoje com nova direção mantém uma linha de produção destinada a concorrer com cantores tipo Agnaldo Timóteo (Odeon), Altemar Dutra (RCA Victor) ou Odair José (Phonogram), fazendo assim constantes investimentos em intérpretes de nível artístico discutível frente aos parâmetros artísticos mas de aceitação segura.

Música

Duas (excelentes) surpresas neste início de temporada fonográfica: Marcu Vinícius, em seu lp "Dedalus"(que estaremos analisando, em detalhes na edição de amanhã) e Sérgio Valério, cantor, compositor, instrumentistas. Nome desconhecido até o momento, fruto do Festival Universitário da TV Tupi em 71, Sérgio Válerio fez seu primeiro lp na Copacabana em fins do ano passado ( CLP 11,729), de forma que só agora o micro esta sendo distribuído e promovido juntos as rádios pelo esforçado Amaury Constantino.

O trabalho do Sérgio

Enquanto Elton Medeiros, Copinha, Dininho, Cristóvão e "seo" César - o pai de Paulinho da Viola - aproveitaram a folga de sexta-feira para conhecer Paranaguá, viajando de litorina o jornalista Sérgio Cabral - que apresenta o espetáculo "Sarau" (hoje, 21 horas, despedida no Paiol) permaneceu em seu apartamento no Guaíra Palace Hotel, batucando numa velha Remington que a sempre eficiente Cleyde Mara providenciou.

Música popular - O bom samba dos mestres Ismael e Elton Medeiros (e uma grata revelação)

Duas das mais agradáveis surpresas do final de 1973 foram os lançamentos dos discos de Elton Medeiros e Ismael Silva dois dos mais representativos de nossos sambistas e que há muito mereciam gravar novos lps, eles que há tantos anos - Ismael há quase 50, Elton no mínimo há 15 - tanta contribuição vem dando à nossa legítima MPB, com criações inspiradíssimas e que tem sido cantadas em todo o País.

CINEMA

Há seis ou sete anos, a mania era os filmes de praia: um grupo de jovens - moças e mini-kines, atléticos rapazes - uma trama boboca e muita música e dança. O esquema funcionou e os cinemas faturaram. Após "Sem Destino" (Easy Rider, 1969, de Dennis Hopper) os motofilmes se avolumaram: aos primeiros da série "Hell's Angels" de Roger Corman & Cia, seguiram-se várias outras experiências, sem a seriedade crítica do filme de Fonda-Hopper, buscando apenas atingir um público na faixa entre 16-25 anos, adeptos da motomania, sexo & violência-velocidade.

O tributo a Chico Viola e o álbum de amor a Estrela Dalva

Herminio Bello de Carvalho, poeta, compositor e sobretudo um defensor da melhor música popular, merece, sem dúvida, o respeito de todos aqueles que se preocupam com a nossa cultura popular.

MÚSICA

de uma coisa, ao menos o grupo Imperiais do Ritmo não pode ser acusado: falta de gosto na escolha do repertório. Pois em seu primeiro lp (Continental, SLP-10.087, janeiro-73) a seleção começa com o clássico "Cidade Maravilhosa" de André Filho, inclui temas de Herivelto Martins - Grande Otelo (Praça Onze), Wilson Batista - Haroldo Lobo (Emilia), Aldo Cabral - Benedito Lacerda (Despedida de Mangueira), Noel Rosa - Kid Pepe (O Orvalho vem caindo) e Roberto Martins (Meu consolo é você).

GENTE

Os calos fazem com que Ismael caminhe, amparado por uma bengala, com muita dificuldade. Entretanto, no palco - camisa preta e calça de linho branco - o autor de Se Você Jurar esquece os cravos e, demonstrando ao ritmo de suas musicas. Sua voz rouca, segurando o microfone bem alto - como uma taça, um jeito todo seu de dizer os belos sambas que vem criando há mais de 50 anos, desde quando ainda era um moleque de calças curtas no bairro do Estacio. Último grande sambista da velha guarda, Ismael Silva é uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci.
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