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O Beijo da Mulher Aranha

Ótimas reprises compensam a falta de novas produções

Se não há nenhuma estréia de especial significado, a semana tem, em compensação, reprises do mais alto nível. Dois dos melhores (e mais badalados) filmes do ano retornam nos cinemas da Fundação Cultural, numa tentativa do bom Chico Alves em recuperar os prejuízos que teve com a exibição de "Diacuí - A Viagem de Volta", que não chegou a render nem 20% do que "Metrópolis", de Fritz Lang, havia conseguido na semana anterior - e que, criminosamente, teve sua programação interrompida para irritação dos espectadores.

Geléia Geral

A prosperidade fonográfica está sendo tão grande neste 1986 post-Cruzado, com vendas acima do que previam os mais otimistas diretores de marketing das gravadoras, que novos produtos - como os artistas são tratados na linguagem fria dos executivos do setor - são mensalmente lançados na praça. Os que vendem tem caminho aberto para as novas produções, enquanto aqueles que empacam não chegam a abalar as finanças das gravadoras.

Passoline e Antonione estarão na Cinemateca

Apesar de estar adotando o sistema de reprises de filmes de sucesso - devido a dificuldades de conseguir lançamentos - o bom Francisco Alves dos Santos continua a segurar a peteca na programação das salas da Fundação Cultural. Assim, enquanto "A Rosa Púrpura do Cairo" de Woody Allen está agora no cine Luz, o Ritz relançou aquele que foi, para nós, um dos melhores filmes do ano passado: "Procura-se Susan Desesperadamente", de Susan Seidelman, com a cantriz Madonna (excelente atuação), Susan Baquette e Aidan Quenn. Um filme de revisão obrigatória.

Reprises indispensáveis

Na peça (e no romance) "O Beijo da Mulher Aranha", o personagem Molina passava a maior parte do tempo contando o argumento do filme "O Sangue de Pantera" (Cat People, 42, de Jacques Tourneur). Quando Hector Babenco levou a estória para a tela não pôde usar a mesma citação: além dos direitos de "Cat People" pertencerem a RKO, o mesmo já havia sido refilmado por Paul Schraeder - irmão, aliás, de Leonard, roteirista de "O Beijo...".

Geléia Geral

É cada vez maior a presença de músicos americanos no Brasil. apaixonados por nossa MPB, entusiasmados com o Rio de Janeiro (e as cariocas, tanto é que muitos aqui acabaram casando), os gringos vão ficando por aqui e, com isto, resultam também harmoniosos casamentos musicais. O mais recente exemplo é o High Life, produto do talento de quatro talentosos instrumentalistas brasileiros com o saxofonista americano Stevie Slagle, que já trabalhou com Stevie Wonder e Carlos Bley.

Prince, agora com a trilha de seu filme

Ao menos numa área o boom da música pop é benéfica: as trilhas sonoras dos filmes nesta área são lançadas no Brasil independente das cópias aqui terem ou não distribuição comercial. Há pelo menos uma dúzia de filmes-pop que apesar de superstars em seu elenco jamais tiveram exibição mas cujas sound tracks pintaram com êxito (agora, é possível encontrá-las em vídeo-tape, no Tape Clube do Paraná e qualquer dia destes faremos uma apreciação a respeito). Ultimamente, as trilhas sonoras dos filmes-pop passaram a ter lançamento no Brasil quase que simultaneamente a Europa e Estados Unidos.

Apesar da Copa, cinco estréias interessantes

Em pleno início da copa, quando o Brasil (ainda) está em campo, cinco estréias não deixa de ser um record. Normalmente, distribuidores e exibidores temem qualquer lançamento neste período em que as atenções se voltam para a televisão mas, após meses de inanição cinematográfica, os circuitos não tiveram outro remédio que renovar suas programações.

Huston, 80 anos, com humor e competência

No ano de seu 80° aniversário, John Huston era o favorito na festa do Oscar-86. Afinal, além de sua competência como diretor ao longo de 35 filmes marcantes - mesmo nos momentos mais fracos - havia o aspecto emocional: poderia repetir-se no Dorothy Chandler Pavillion, em Los Angeles, na noite de 24 de março último, indiretamente o que emocionou os espectadores na 25ª festa do Oscar, em 1948: John Huston recebendo os troféus de melhor diretor e roteirista e seu pai, Walter Huston (1884-1950) premiado como melhor coadjuvante por "O Tesouro da Sierra Madre".

Apenas uma estréia de maior interesse

Derradeiras oportunidades: hoje, em 5 sessões, no Lido II, a chance de assistir um dos mais políticos e sociais filmes do ano - o emocionante "Minha Terra, Minha Vida" (Country), de Richard Pearce, produzido e interpretado por Jessica Lange - que mereceu indicação ao Oscar como melhor atriz. Infelizmente, mais uma vez, um grande filme tem sua carreira encerrada precocemente, já que o "inteligente" público curitibano ainda continua apenas ligado aquilo que lhe é imposto promocionalmente, incapaz de valorizar obras de arte que não estejam acondicionadas em esquemas pré-estabelecidos.

No campo de batalha

Inesperadamente, Francisco Alves dos Santos programou dois clássicos na Cinemateca do Museu Guido Viaro, que mereceriam, aliás, maior tratamento promocional. Na terça e quarta-feira, "Limite", o cult-movie que Mário Peixoto realizou em 1929 e que permaneceu inédito por quase 50 anos. Hoje, sábado, temos "Sangue de Pantera" (Cat People), 1942, de Jacques Tourneur - considerado um dos mais exemplares filmes de terror da escola de Val Lewton, que marcou os anos 40.
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