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Aramis

Beatriz e o pioneiro banco dos imigrantes

Aposentada da Universidade Federal do Paraná, radicada hoje no Rio de Janeiro - onde se casou com o empresário Aulo Lolla - a professora Beatriz Pellizetti há anos vem estudando aspectos da colonização do Vale do Itajaí, especialmente em Blumenau e Rio do Sul. Filha de um dos pioneiros daquela região, imigrante Ermembergo Pellizetti, vem se preocupando em mostrar a contribuição deste homem na formação empresarial de uma das mais ricas regiões do País. Há cinco anos publicou "Pioneirismo Italiano no Brasil Meridional", na qual focava seu estudo não só sobre Ermembergo mas sobre outros emigrantes italianos que trouxeram o vigor, novas idéias - muitas das quais não foram, na época, suficientemente entendidas. Ermembergo Pellizetti foi, inclusive, um dos grandes amigos do polêmico Giovani Rosso, responsável pela tentativa de fundar uma colônia de anarquistas italianos na região de Palmeiras, no Paraná, no final do século - cuja experiência foi contada em dois romances (de Afonso Schimidt e Newton Stadler de Souza), e motivou, inclusive, um filme francês, infelizmente nunca exibido no Brasil. Há poucos meses, Beatriz publicou novo livro - "Um Banco de Imigrantes em Santa Catarina" (Gráfica 43/Fundação Casa Dr. Blumenau, 193 páginas). Com base em profundas pesquisas e dentro de seu rigor de historiadora, Beatriz conta a história da fundação na vila de Bela Aliança, depois cidade de Rio Grande do Sul, do Banco de Crédito Popular e Agrícola de Bela Aliança. No aparecimento desse banco ressalta-se a atividade de Ermembergo Pellizetti, imigrante italiano não agricultor e que, com sensibilidade e muita visão, entendeu a importância de estruturar um sistema bancário regional nos anos 20. O desenvolvimento agrícola do distrito de Bela Aliança nos anos vinte, dava a essa unidade do município de Blumenau, a maior importância política e econômica após o distrito da sede. Sua situação a cerca de 100 quilômetros da cidade de Blumenau e maior aproximação do planalto cooperavam, juntamente com a grande área banhada pelos formadores do rio Itajaí-Açu, para que a vila apresentasse condições de iniciativas próprias, independentes da sede municipal. Nessa região nasceu o Banco de Crédito Popular e Agrícola de Bela Aliança, em 1928, instituição de crédito agrícola e cooperativo, cuja ação na comunidade é esmiuçada no trabalho de Beatriz. O Banco de Crédito Popular e Agrícola influenciou poderosamente as atividades agrícolas. visando incentivar a agricultura, agiu também na vida social. As "domingueiras agrícolas" constituíram exemplo eloquente dessa atividade, e que serviriam de base para outras iniciativas que visavam o homem do campo. Em 1936, o Banco Popular e Agrícola de Bela Aliança fundiu-se ao Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S/A - o INCO - o qual, na década de 60, viria a ser absorvido pelo Banco Brasileiro de Descontos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
06/07/1986

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