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Aramis

Biografia definitiva de Luchino Visconti

Dentro de uma programação que sempre priorizou os lançamentos de categoria - ideal que levou o político, jornalista e escritor Carlos Lacerda a criar sua própria editora, a Nova Fronteira, hoje dirigida pelos seus filhos, Sérgio e Sebastião, tem aberto espaços para importantes obras do cinema e da música. Em 1990, além de trazer títulos dos cineastas François Truffaut (1932-1984) - "O Cinema Segundo Truffaut" (e de quem anteriormente já havia editado a tradução de "Os Filmes de Minha Vida") e Jean Vigo (1905-1934) - "Escritos sobre Cinema", a Nova Fronteira encerrou o ano com uma das mais importantes biografias: "Luchino Visconti: O Fogo da Paixão". Escrita pela historiadora de cinema Laurence Schifano, foi premiado pela Academia Francesa de Letras como a melhor biografia publicada na França em 1988. O jornalista Antônio Gonçalves Filho chamou a atenção de que o livro poderia ser premiado também em outras categorias - história de Milão, ensaio sobre brasões de família ou relatório sobre a vida sexual de mitos. Isto porque Schifano "não esquece sequer um dos nomes que passaram pela cama de Visconti, do fotógrafo alemão Horst ao ator Helmut Berger, passando por Franco Zefirelli e outros. Enfim, há sempre algo de vampiresco nas biografias e a de Laurence Schifano não constitui exceção. São os escândalos que fazem crescer a conta bancária dos escritores. Entretanto, este livro (470 páginas, Cr$ 3.980,00, à disposição no Chaim e Ypê Amarelo) não fica apenas no escandaloso, remexendo na vida pessoal (e sexual) de Luchino Visconti, um nobre comunista descendente de uma família que já era dona de Milão em 1277. Luchino Visconti (1906-1976), reconhecidamente um dos mestres do cinema europeu, já mereceu outras biografias - como as de Gianni Rindolino ("Visconti", Utet, 1981) e de Gaia Servadio ("Luchino Visconti", Madadori, 1981), mas Schifano fez uma definitiva, analisando seus filmes, a formação da nobreza do conde Luchino Visconti di Modrone, que foi ator e violonista e através de Coco Chanel conheceu Jean Renoir (1894-1979) e foi seu assistente em "Une Partie de Campagne" (1936), seis anos antes de estrear com o marcante "O sessione", adaptação do romance do americano James M. Cain. LEGENDA FOTO - Visconti: revelando o homem e o cineasta.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24/01/1991

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