Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de abril de 1973
Para quem vinha acompanhando a carreira de Sam Peckimpah, aos últimos anos, << Dez Segundos de Prigo >> (cine Vitória) poderia parecer uma surpreendente interrupção; nem a nostalgia dos velhos << gunfighers >> em << Pistoleiro ao Entardecer >>, a profundida teatral de << A Morte Não Manda Recado >> ou a notável violência crítica (e consciente) de << Meu Ódio Será Tua Herança >> ou, principalmente, << Sob o Domínio do Medo >>. Mas não há motivos de preocupação: o vigoroso cineasta, filho de índios e talvez hoje o mais crítico dos realizadores americanos, continua em plena efervescente criadora. << Júnior Bonner>. É um trabalho adulto, marcante e que a exemplo do que ocorreu em 1970 (<< The Wild Bunch >>) ou 72) << The Straw Dogs >>) garantirá sua presença entre os melhores do ano. De um argumento (de Jeb Rosebrook) relativamente simples - a volta ao lar de um "cow-boy" (Júnior Bonner-steve McQueen - foto) que acompanha os rodeios no Interior dos Estados Unidos, Peckinpah desenvolveu uma obra de grande sensibilidade, ora nostálgica, ora sentimental, mas profundamente humana. Os velhos personagens - Ace bonner (Robert Preston), sua esposa Elvira (Ida Lupino, reaparecendo após anos de ausência das telas)< Buck Roan (Bem Johnson), Red Terwiliger (Bill McKinney), tem a estrutura raramente alcançada no cinema, mesmo nos mais felizes momentos de Ford ou Hawks. Sem poder ser classificado de western (afinal o ambiente é o Arizona, 1972), mas também longe da temática urbana contemporânea, << Dez Segundos de Perigo >> é um filme que faz o espectador consciente pensar. O que em si já é um mérito, numa época de tanto escapismo cinematográfico.
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