CINEMA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de fevereiro de 1973
Mais de 50% da ação de "Essa Pequena é uma Parada"(cine Rivoli, 3a semana) transcorre dentro de um hotel. E hotel tem sido o local geográfico predileto para o gênero Vaudeville - das peças de Georges Feydeau (1862-1931), as mais recentes adaptações para o cinema, com "Hotel Paradiso" (1966), de Peter Glenoville, de "L'Hotel de Libre Échange", que Feydeau escreveu em 1.900. As situações propostas no vaudeville - seja na peça "O Peru"(1896) ou "Mas então não passeies toda nua" (1912, o último trabalho de Feydeau) não se diferenciam basicamente: uma série de mal entendidos, personagens clichês e, principalmente um local - de preferencia um hotel - que se preste a uma série de estranhas (e hilariantes) situações. Mas em "What's up Doc?", Peter Bogdanovich não ficou, como já insistimos em frisar em comentários anteriores, simplesmente na situação vaudevelliana - embora esta seja a característica de toda alonga seqüência que se passa no hotel. Ele soube utilizar, com raro senso de disciplina (e muita concisão) as melhores lições que aprendeu nas comédias de Mack Sonett e Keystone, ligando o absurdo humor dos anos 20 (a seqüência de perseguição nas ladeiras de San Francisco) com a clara referência a "Bullot" de Peter yates e, numa homenagem mais atrevida, lembrando num enquadramento, uma cena clássica do mais famoso filme de Serguei Einsenstein (foto) (1898-1948): a escadaria de Odessa, de "O Encouraçado Pontekmkim" (1925), claramente referenciada na cena em que Barbra Streissand e Ryan O'Neal, fugindo, descem com um Volkswagem por uma grande escadaria.
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