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El Broto, aos 58 anos, ainda canta muito bem

O veterano crítico Ary Vasconcelos tem toda razão de escrever com indignação: como pode um País em que faltam bons cantores (embora sobrem compositores) dispensar tão precocemente um intérprete da dimensão de Francisco Carlos? Aos 58 anos - nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de abril de 1928 - Francisco Rodrigues Filho era, nos anos 50, "El Broto", capaz de ultrapassar até Francisco Alves na votação dos ouvintes da Rádio Nacional para a escolha do melhor cantor de 1953. Aluno da Escola Nacional de Belas Artes, ainda estudante apresentou-se no Programa Casé, na rádio Mayrink Veiga, sendo contratado como profissional em 1946, transferindo-se depois para a Globo e Nacional. Em 1950 gravava o seu primeiro sucesso, "Meu Brotinho" (Humberto Teixeira/Luís Gonzaga) e iniciava também uma carreira cinematográfica, nas chanchadas de Atlântida: "Aviso aos Navegantes" da Watson Macedo e "Não é Nada Disso", de José Carlos Burle. Simpático, boa pinta, de grande empatia junto ao público feminino, Francisco Carlos tinha a maior correspondência do elenco all star da Nacional, popularidade aumentada com sua presença em filmes como "Carnaval Atlântida" (1952, de Burle), "Colégio de Brotos" (56), os "Garotas e Samba" (57) e "Esse Milhão é Meu" (58), os três dirigidos por Carlos Manga (que, por sinal, retorna agora como diretor em "Os Trapalhões e o Rei do Futebol"). Mas os tempos mudaram, a nacional deixou de ser a grande emissora e Francisco Carlos decidiu se dedicar a pintura (embora em 1962, tenha viajado pela Europa na V Caravana da UBC). Uma ausência lamentada pelos que admiravam sua voz - bem colocada, afinada e que conserva, como mostra agora, num LP de retorno ( "O Cantor namorado do Brasil", RCA), com um repertório amplo e diversificado, no qual inclui desde belos momentos como "Alma dos Violinos" (Lamartine Babo/Alcyr Pires Vermelho"), "Flor Amorosa" (Catulo/Callado), "Promessa de Um Caboclo" (Geraldo Pereira/Arnaldo Passos), "O Sol Nasceu Pra Todos" (Lamartine Babo), até versões como "Não Quero Mais Amar" (I'll Never Fall In Love Again") e "A Aventureira" (El Choclo), o pioneiro tango de Discpelo/Villoldo/Catan, na tradução de Haroldo Barbosa. Significativo este reaparecimento de Francisco Carlos. Afinal, numa época de crise de bons vocalistas "El Broto" poderia ter mantido sua carreira.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
06/07/1986

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